Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Considerações de fim de temporada

Como nossos leitores devem se lembrar, a gente deu uma corrida bem forte por aqui quando eu voltei de viagem, depois de uma longa ausência do blog, pra poder cobrir tudo que estava acontecendo nos playoffs da NFL, que era o assunto mais importante em pauta. A gente deixou de lado várias coisas que aconteceram na NFL entre os times que ficaram de fora da pós temporada e cobriu os jogos que estavam ou iam acontecer. Bom, agora chegou a hora de trazer à tona alguns assuntos que a gente deixou passar mas que eu acho importante trazer de volta, pelo menos de forma mais curtinha. São dois assuntos, ambos de NFL, mas que tem alguma importância em geral pra Liga e por isso valem comentários um pouco mais profundos.


Quando eu disse que adoraria ver o QB do Colts no 49ers, eu não me referia ao de 1997

Dança dos técnicos
Esse foi um assunto que chamou bastante a atenção durante a temporada por causa do grande número de demissões de técnicos de times que não foram bem como todos esperavam, de técnicos que foram demitidos porque não conseguiram levar elencos limitadíssimos longe, e muitos, muitos boatos sobre técnicos que iriam sair e entrar em equipes. O Dallas Cowboys demitiu o Wade Phillips, o Vikings mandou o Brad Childress passear, o Josh McDaniels deu o fora de Denver, e ai começaram a pipocar boatos sobre técnicos de times que também estavam aquém das expectativas, como o 49ers, Miami Dolphins e até o New York Giants. Muitos nomes foram colocados em cima da mesa, e começou uma grande especulação em torno disso.

Isso começou, de certa forma, com um técnico do College, Jim Harbaugh. Harbaugh era técnico de Stanford e o seu contrato com a Universidade acabou no final da temporada colegial americana, com o título do Orange Bowl. Harbaugh é um bom técnico e anunciou sua intenção de se desligar da Universidade de Stanford ao fim do seu contrato, e supostamente seu destino seria a NFL. E imediatamente começaram a pipocar boatos sobre os times que estavam sem um técnico oficialmente: Cowboys, Vikings, Denver, e tambem 49ers, que mandou o Mike Singletary embora, o Carolina Panthers que se livrou do John Fox, o Miami Dolphins que estaria mandando o Tony Sparano embora, o Oakland Raiders que mandou o Tom Cable pra casa da mãe e até o Giants, embora ainda estivesse um técnico que na minha opinião está longe de sair. Mas o Vikings e o Cowboys logo saíram dos boatos porque efetivaram Leslie Frazier e Jason Garrett, respectivamente. Ambos foram os treinadores interinos após as demissões dos técnicos de ambos os times e se saíram bem, melhoraram consideravelmente as atuações das suas equipes e fizeram o suficiente pra convencer a direção de ambos os times que mereciam o cargo.

Bom, o Jim Harbaugh acabou indo pro 49ers, e ai deixou Denver, Panthers e Raiders procurando por um técnico, e o Dolphins decidindo o que fazer com o seu. O Dolphins rodou, rodou, rodou e por fim decidiu que o Tony Sparano não ia a lugar nenhum. E ai pareceu história de marido corno: O Denver foi lá e pegou o ex-técnico do Panthers, o John Fox. O Panthers buscou seu próprio corno e tirou o Ron Rivera de San Diego, onde era coordenador defensivo, mas foi pra Carolina como técnico mesmo. E o Raiders, que ficou sem ninguém, promoveu o coordenador ofensivo, Hue Jackson, pro cargo. Ai outro time sem emprego, o Cleveland, que demitiu de forma absurda o Eric Mangini, que vinha fazendo um ótimo trabalho com o elenco fraco do time, foi lá e tirou o coordenador ofensivo de outro time, o Saint Louis Rams, Pat Shurmur. E o que fez o Saint Louis Rams sem seu coordenador ofensivo? Buscou pra posição o McDaniels, ex-técnico do Denver Broncos. Parece ou não parece roteiro de novela mexicana??

Na prática, os times que jogaram mais seguro foram justamente Dallas e Minnesota. Os dois já tiveram um período de experiência sem compromisso dos novos técnicos, e ambos fizeram o time melhorar muito seu jogo em relação ao que vinha acontecendo antes. Os dois parecem ter o controle do elenco, e agora precisam ter pulso firme pra agüentar o que vem pela frente: A busca pelo título do forte time de Dallas e o período de turbulência sem um QB do Vikings. O Miami, pra mim, não jogou seguro porque o técnico simplesmente não deu certo lá. O Miami tinha um time muito melhor do que sua campanha e a forma como jogou indicava e, embora a falta de um QB confiável atrapalhe bastante, eu não vi o Sparano fazer nada par melhorar essa situação, e o time parecia disperso, sem comando. A situação lembrava, dadas as devidas proporções, a do Dallas, e eu acho que, assim como no Dallas deu certo a troca de comando, eu acho que no Miami também daria. Já os outros times são incógnitas porque nenhum desses técnicos já atuou como Head Coach da NFL antes, e cada um deles vai enfrentar uma situação diferente. Não vou palpitar agora, e sim esperar pra ver como eles ficam nos cargos depois de algum tempo.


"Ai, olha ele pagando de machão de novo!!"

Vince Young e Jeff Fisher
Embora não tenha participado da novelinha acima, o Titans tem um problema maior do que todos esses times acima no que diz respeito ao técnico em relação ao elenco. O Titans teve um ressurgimento incrível em 2009 depois de começar perdendo seis jogos seguidos, quando o QB Vince Young assumiu o time. Ele jogou bem, fez uma dupla excelente com o Chris Johnson e o time quase foi para os playoffs. Esse ano as expectativas eram altas, e embora o foco fosse o Chris Johnson e suas 2000 jardas terrestres, o Young sempre foi uma peça fundamental no time e era ele quem decidia os jogos quando a coisa apertava.

Mas o Young sempre teve seus problemas de personalidade, eu até falei um pouco deles nesse post aqui na parte sobre o Titans, e sempre ficou claro que, apesar de possuir muito talento, ele era um jogador com a cabeça meio problemática. Pode parecer uma frescura isso de jogadores problemáticos, e tem até gente que exagera e se ferra por isso (Boa noite, Pacers!), mas se tem uma coisa que estraga jogador talentoso são problemas com a cabeça, e não me refiro às concussões. Jogadores que não treinam, não se dedicam, se preocupam mais com suas estatísticas que com o time, que não tem personalidade pra agüentar essa maratona, a gente cansa de ver jogadores assim, e muitas vezes isso afunda jogadores que tem muito potencial, eles acabam se queimando com a cartolagem e os técnicos, confiam demais no seu talento e não se desenvolvem porque acham que não precisam, não se dedicam e passam uma impressão ruim pros colegas. E como a posição de QB é a posição de liderança dentro do time, um QB com essas características geralmente é um QB sem controle e respeito dentro do elenco, e um QB assim nunca vai conseguir extrair o melhor do seu time. E o Young nunca foi um QB de grande personalidade dentro do time e não era o jogador que mais impunha respeito no mundo. Mas ele jogava bem, seus companheiros e ele possuíam uma boa química dentro de campo e o time ia pra frente como podia. Mas a partir do momento que ele começou a vacilar, deixou de treinar como treinava no começo da temporada, não fez o esforço que todo mundo espera de um jogador com uma posição tão importante do elenco, o time se desmontou, perdeu seu foco e jogou o resto da temporada apenas pra cumprir tabela, porque o time estava totalmente perdido. E o Jeff Fisher sempre foi um técnico linha dura e de personalidade forte e ficou extremamente bravo com essa situação e colocou o Young no banco. O que fez ele se dedicar menos ainda porque achou que não ia voltar a ser titular, e por ai vai.

O Young chegou a voltar a ser titular numa tentativa de salvar a temporada, mas ele sofreu uma nova lesão e teve que sair de campo. Ficou bravo, jogou o equipamento pra torcida e não pediu desculpas pro Fisher. Resultado que ninguém gostou e a situação dele com o técnico ficou insustentável. Muitas pessoas disseram que os dois não tinham condições de jogar juntos novamente, e que portanto um deles teria que sair. Pessoas ligadas à direção do Titans aconselharam o GM do time a manter Fisher e mandar Young embora, até porque não era só com o técnico que ele tinha problemas, e parecia que o time tinha feito sua decisão quando anunciou que o Young não jogaria mais pelo time. Mas qual foi a surpresa quando, semana passada,o time anunciou a saída do Fisher do posto de técnico.

O Young não vai voltar a ser o QB do time, não é essa a história, pelo menos por enquanto. O time está desesperadamente atrás de uma troca pra não sair de mãos abanando e não descarta a hipótese de dispensar o QB sem mais nem menos. Ao que tudo indica o Vince Young vai mesmo sair de lá, e o problema é que eu acho que o valor dele despencou com o final desse ano, e duvido que time consiga muito por ele. Mas o problema que o time enfrenta agora é a saída do Fisher, porque embora muita gente já previsse a saída dele do Titans no final da temporada 2011, com o término do seu contrato, a saída dele agora deixa o time numa posição ainda mais complicada. Eu acho o Fisher um ótimo técnico, não tem medo de peitar jogadores problemáticos e sempre foi bom em controlar jogadores indisciplinados (só lembrar da barbaridade que o Albert Haynesworth jogava com ele) e é muito bom escolhendo as pessoas certas pros cargos certos, se cercou em Nashville de uma equipe de técnicos confiáveis e competentes, e é excelente montando times que joguem bem como uma equipe, em conjunto, ainda que com elencos limitados. É daqueles técnicos que sabem extrair o máximo do grupo que tem nas mãos. Então porque ele foi embora?

Ele foi embora porque o Vince Young foi embora, a verdade é essa. Não porque ele era O Vince Young, se fosse o Kevin Kolb teria sido a mesma coisa, se o que sobrou pra ele era o Kerry Collins. Acontece que agora o time não tem mais um QB pra liderar a franquia, e portanto vai ter que começar esse projeto do começo novamente. O time tem um bom núcleo jovem e o Titans deve ir atrás de um QB novo também, seja por troca ou, mais provavelmente, via draft. Mas quando você drafta um QB ou muda um QB jovem de time, ele tem que se adaptar a muitas coisas. O processo de desenvolver um Quarterback jovem é demorado e paciente, o jogador tem que ir aprendendo com calma o esquema do novo técnico e geralmente isso demora. Pro Titans, portanto, não fazia sentido draftar um QB agora, deixar ele um ano aprendendo o esquema do Fisher enquanto se desenvolvia com ele, pra dai o Fisher sair no final da temporada que vem e ter que ensinar um esquema novo e ter que adaptar o garoto a um técnico novo. Como o Titans vai querer começar esse processo agora, eles querem desenvolver um projeto em torno disso, e eles precisam de um técnico que acompanhe o desenvolvimento do centro do time, o Quarterback. E ai o melhor que o time fez, em nome desse projeto, foi mandar o técnico embora pra contratar um técnico novo, com um esquema novo, que vai começar junto da nova cara da franquia.

Agora o Fisher está no mercado, e ele tem um pouco mais de valor que o Young. O Titans ainda está sem técnico e parece que a idéia é buscar alguém no College ou promover um dos muitos bons assistentes do Jeff Fisher pro cargo. Mas o time perdeu o maior agito da dança dos técnicos e muitos técnicos bons disponíveis já saíram do mercado, e agora o time vai ter que ir atrás de quem sobrou. E por outro lado, o Fisher entra no mercado agora que ele parece ter se saturado. Mas o Fisher é um técnico competente e que já fez seu nome na Liga, não deve ficar desempregado muito tempo.

Extra: Pro Bowl
O Pro Bowl desse ano foi bem chatinho, mas vale conferir o Touchdown que o Center do Browns, Alex Mack, anotou no final da partida.

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