Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Preview: New York Jets at Pittsburgh Steelers

James Harrison quer descobrir se o sangue do Mark Sanchez é verde

Quando duas das melhores defesas da NFL (talvez até mesmo as duas melhores) se enfrentam, geralmente a gente pensa em jogos de placares baixo. Não é a toa, claro, se você tem duas unidades fortíssimas evitando os pontos e duas unidades não tão boas tentando marcar os pontos. Mas as vezes a gente se surpreende, como no jogo entre Steelers e Ravens. Porque as defesas são tão boas e forçam tantos turnovers que pro ataque pontuar é fácil. O Ravens marcou 24 pontos tendo só 160 jardas totais no jogo todo, fruto de vários turnovers de sua defesa. Mas a gente não pode esperar tanto isso nessa partida simplesmente porque a defesa do Jets  não é tão boa forçando turnovers quanto a defesa do Ravens. Portanto, é mais fácil imaginar um jogo de placar baixo, apertado, com os dois QBs tomando pressão o jogo todo e os jogos terrestres tendo dificuldade pra se estabelecerem. E num jogo tomado por tanta defesa, pra ganhar a chave é produzir melhor no ataque, aproveitar as chances que sua defesa criar e não desperdiçar a bola, evitar turnovers e faltas e tentar ganhar jardas aos poucos, sem desperdiçar chances.

As chaves da partida para o Steelers:
O Steelers tem uma enorme vantagem sobre os outros dois adversários do Jets essa temporada, a sua defesa. Tanto Patriots como Colts tinham uma defesa muito fraca, uma unidade inconsistente, e que o Jets conseguiu lidar com relativo sucesso com base no seu jogo terrestre e deixando o Mark Sanchez lançar só bolas curtas ou bolas pegando a defesa despreparada pra um passe longo, principalmente play actions. Nenhum dos dois conseguiu pressionar o Sanchez direito, deu tempo pra ele pensar e sobreviveram bem mais na incompetência do garoto que no talento de suas defesas e na capacidade delas de pararem o ataque do Jets, alem de terem sido bem exploradas pelo forte jogo terrestre do Jets. Eram times que viviam pelos seus fortes ataques, ataques que combinaram atuações fracas (A do Patriots muito mais abaixo da media do que a do Colts) e atuações fantásticas da defesa do Jets, e ai não conseguiram pontuar tanto, a defesa não conseguiu segurar muito, e o Jets saiu vencedor porque nesse esporte conhecido como futebol americano ganha quem tem mais pontos, simples assim. Mas o Steelers não só tem uma defesa mais forte que a dos outros dois - até porque não é algo difícil - como tem uma defesa fortíssima, pra mim a melhor da NFL, e não vai dar um segundo de sossego pro ataque do Sanchez. E é exatamente isso que eles tem que explorar, a vantagem que eles tem quando o ataque do Jets está em campo: Eles tem que ser agressivos, contar com sua fortíssima linha de frente pra segurar o jogo terrestre do Jets e colocar pressão demais no Mark Sanchez, o que nem o Pats nem o Colts conseguiu fazer direito. O Sanchez tem que ficar em situações de passe e, nessas situações, ter que se preocupar mais com o James Harrison fungando no seu pescoço do que no lançamento. O Sanchez é ruim, mas com tempo ele vai completar seus passes, até porque conta com bons alvos. O Steelers tem que pressionar ao máximo o Sanchez e o jogo terrestre pra tornar o ataque não só unidimensional e previsível mas também porque é a melhor forma de forçar turnovers, através de sacks (o Sanchez não protege bem a bola, e não adianta muito proteger a bola se é o Harrison que vai te acertar) e fazendo o Sanchez forçar os passes. E como eu já disse, produzir turnovers é a melhor forma de colocar seu ataque numa situação de pontuar. E acho que uma trombada dessas ajuda a produzir uns fumbles:


O Steelers também tem que fazer exatamente o oposto no ataque: Proteger o QB, estabelecer o jogo terrestre, e proteger a bola. De certa forma, o time tem que fazer exatamente o que fez contra o Ravens, colocar pressão, parar o jogo corrido, jogar curto no ataque, ter paciência, gastar o relógio e aproveitar os turnovers. A diferença é que o Steelers deve ter mais facilidade pra parar o ataque do Jets, simplesmente porque o jogo terrestre é uma preocupação com o Troy Polamalu voando na secundária pro Jets e era uma arma possível pro Ravens antes do Joe Flacco amarelar feio e errar toda vez que tocava na bola. Mas no ataque são dois times parecidos e o Steelers tem que enfrentar como fez de forma eficiente no segundo tempo contra o Ravens: passes curtos, estabelecer o jogo terrestre nem que seja pra conversões curtas, e soltar o braço quando o Ben Roethlisberger, que é um QB muito inteligente, perceber que tem espaço. O  Mike Wallace, que pra mim é um dos WRs mais underrateds e com o cabelo mais feio da NFL, vai ter que aparecer bastante com sua velocidade pelo meio, principalmente se o Darrelle Revis tiver sucesso em parar o Hines Ward. E o Big Ben também vai ter que usar e abusar da sua melhor característica, que é a capacidade de render em altíssimo nível saindo do pocket e sob pressão. Com essa mobilidade e esse talento bizarro de jogar melhor com gente pendurada no pescoço dele, ele é capaz de evitar as blitzes do Jets por algum tempo correndo e saindo do pocket, comprando um tempo importantíssimo pra um time com uma linha ofensiva esburacada, e é um QB absolutamente fantástico quando tem gente pendurada no pescoço dele, é como se ele jogasse melhor assim (E ele joga!) e portanto essa habilidade de comprar tempo é muito perigosa pro Jets e uma arma que o Steelers pode usar com sucesso pra abrir a defesa do Jets e, claro, evitar sacks.

As chaves da partida para o Jets:
Eu pessoalmente não gosto do Jets, acho o Jets um time fraco no geral, um time que engana com uma boa defesa as muitas falhas que tem. Também não gosto do Jets pessoalmente, talvez porque acho o Rex Ryan um tremendo pentelho. Mas não da pra negar que seja um time muito interessante.

O Jets desse ano é um time de restolhos, um time que juntou varios jogadores que ninguém mais queria ao redor da Liga, jogadores que por alguma razão eram desacreditados ou cotados como causadores de problemas. Foi assim que o time conseguiu, a preço de banana, jogadores como Braylon Edwards, que deixou a galera em Cleveland louca da vida de dando deixar cair bolas e com seus problemas fora de campo, Antonio Cromartie e Santonio Holmes, outros dois jogadores que apesar de muito bons tinham problemas extra-campo demais pro gosto dos seus times, foram trocados também antes que pudessem soletrar ‘Roethlisberger’. E o Ladainian Tomlinson, que foi um dos maiores RBs de todos os tempos mas que estava muito mal em San Diego, foi o principal desses, foi o melhor corredor do seu forte ataque terrestre e tem jogado muito bem nessa temporada. O LT não funcionava mais em San Diego, e a saída dele foi boa pros dois, ele teve a chance de recomeçar em outro lugar e o Chargers pode recomeçar com outro RB, sem a pressão que ter o LT no time trazia. E o Jets trouxe todos esses jogadores, velhos, desacreditados ou encrenqueiros, e o Rex Ryan transformou todos eles em um time, um time unido e com vontade de vencer. Eu sempre critico o joguinho psicológico, a provocação explicita que o Rex Ryan adora fazer antes de cada jogo, todo aquele trash talk que tanto irrita a gente, mas com o tempo isso virou uma identidade pro time, a identidade de um time que quer superar todo mundo, que quer mostrar pra todo mundo que eles são os melhores, e que combina perfeitamente com o grupo que o Ryan montou. Eu acho o Ryan um pentelho, mas eu tiro o chapéu pro que ele anda fazendo como técnico em New York. E essa união, essa gana dos jogadores tem sido a maior arma do time. O time joga do começo ao fim como se fosse o ultimo jogo da vida, cada jogador se supera dentro de campo pra fazer o possível pro time como um todo funcionar. O que venceu um Patriots que, apesar de muito melhor, entrou sonolento, desconcentrado, e muitas vezes ficou perdido em campo. O Jets é um time chato, mas muito interessante.

Mas claro que isso não vai fazer o time ganhar sozinho. E o time tem ganho porque conta com uma defesa excepcional e tem como técnico um dos melhores coordenadores defensivos que já pisou nesse Planeta. A defesa do Jets (Apesar de ter contado com uma partida do ataque do Patriots bem abaixo do que ele pode render) tem sido quase perfeita nesses playoffs, tem colocado pressão no QB com varias blitzes elaboradas, a especialidade do Ryan, viu o Darrelle Revis jogar como um monstro de novo, viu a linha defensiva formar uma parede, e viu o time colher os frutos com boas vitórias fora de casa. E se o time conseguiu parar Peyton Manning e Tom Brady, não vejo porque não pode parar o Ben Roethlisberger. O Big Ben tem um elenco de apoio melhor que o do Manning, que só tinha de confiavel o Reggie Wayne, que foi anulado de forma perfeita pelo Revis, e precisa entrar em campo mais ligado do que o Brady, alem de ter uma característica muito perigosa pra essa defesa que os outros não tinham: ele é excelente saindo do pocket. Eu falei ali em cima de como ele é ótimo usando as pernas pra ganhar tempo e ainda melhor fazendo passes com gente fungando no seu cangote. E portanto o Jets não só tem que ir pra blitz, mas tem que ser muito eficiente nela: O Big Ben é um QB muito forte e que quebra muitos tackles, o Jets tem que dar a pancada nele direito, de forma que ele não tenha como fugir. E melhor ainda se conseguir trazer a pressão pra dentro do pocket, cercar o Big Ben de forma que ele tenha que ficar dentro do pocket, sem tempo como é a função de qualquer blitz, claro, mas sem poder sair do pocket, ganhar tempo e passar em movimento. Conter essa movimentação lateral do Big Ben é tão importante quanto colocar uma boa pressão nele. O Jets também deve explorar a pouca opção de recebedores, caso o Hines Ward - a jogada de segurança do Big Ben - esteja sendo anulada pelo Darrelle Revis. O Wallace é ótimo, mas sozinho não vai resolver nada contra uma secundária forte e o Antonio Cromartie se tiver inspirado, então usar a secundária nas bltizes pode ser bom não só como blitz mas também pra confundir o Big Ben. E tem que tomar cuidado com os passes longos, embora o Ben tenha provado que é capaz de viver de passes curtos contra o Ravens, ele ainda tem uma das melhores - pra mim A melhor agora que o Brett Favre ja era- bomba da NFL, então um descuido da defesa do Jets pode resultar num ganho de 50 jardas.

O problema do Jets realmente vive no ataque. E é essencial, mais do que nunca, que o Jets consiga correr eficientemente. Pelo meio, pelas pontas, de trenzinho, não importa, o Jets tem que conseguir usar seu jogo terrestre. A secundária do Steelers é extremamente forte e vai comer vivo o Mark Sanchez se o Jets não conseguir impor sua força pelo chão e conseguir conversões mais curtas pro Sanchez tentar. O Sanchez pode conseguir descolar um passe mais longo caso a defesa do Steelers esteja focada na corrida, mas pra isso a defesa vai ter que se preocupar com ela a ponto de colocar o Polamalu mais próximo da zona de scrimmage freqüentemente. E o Sanchez tem que tomar decisões inteligentes com a bola na mão. Jogar a bola fora ao invés de forçar um passe quando estiver sob pressão, saber quando soltar a bola e tentar fugir ou quando é pra engolir o sack, e principalmente cuidar bem da bola. Turnovers sempre são destrutivos pra um time, mas eles tem um peso ainda maior quando o jogo é uma batalha entre dois times com defesas fortes, como eu não canso de afirmar jogo após jogo nesses playoffs. Um turnovers geralmente impede que você marque pontos ou coloca o adversário numa boa posição de campo pra anotar os dele, e desperdiçar oportunidades e ceder pontos fáceis pro adversário é o que ferra um time num jogo entre boas defesas.

Palpite: O Steelers vai para o Super Bowl pela milésima vez, porque o ataque do Jets vai ter problemas contra a defesa do Steelers e o Sanchez raramente é capaz de ganhar jogos por conta própria.

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