Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Resumo das Semifinais de Conferência: Domingo

Ta atrasado mas chegou. Depois do que rolou no sábado, hora de falar do que aconteceu no domingo. Pra mim a maior decepção da temporada aconteceu no domingo, em pleno Gillete Stadium, mas vamos falar com calma. Amanha vou realizar meus desejos e voltar a falar de NBA, pra aqueles que gostam. Mas a NFL terá prioridade até o fim dos playoffs, ja que a NBA só entra na sua fase decisiva depois disso. E se preparem, que o post de hoje ficou bem longo.

O jogo dessa semana foi tão facil que vale mais a pena
 começar a ficar animado pro da semana que vem

 
Seattle Seahawks 24 at 35 Chicago Bears
O preview desse jogo pode ser visto aqui

Depois do que o Seattle aprontou na rodada de Wild Card pra cima dos atuais campeões Saints, ninguem mais se atrevia a duvidar que o Seattle seria capaz de ganhar do desacreditado Bears. Matt Hasselback e Marshawn Lynch saiam de um jogo sensacional de ambos e pareciam no ritmo pra talvez assustar o Bears. Algumas pessoas apostavam no Seahawks, outras apostavam no Bears mas não se surpreenderiam em caso de derrota. Mas no final, esse foi o jogo mais facil dos playoffs até aqui, incluindo Packers vs Falcons. Se semana passada o jogo que parecia o pior foi excelente, essa rodada o jogo que parecia o pior FOI o pior.

O Seahawks, desde o começo, mostrou que não era o mesmo time que tinha derrotado o Saints. O time entrou naquela partida sem pressão, disposto a surpreender, com o apoio da torcida. Mas nessa rodada, o time pareceu sentir a pressão depois da vitória espetacular de sabado passado, e ainda teve que jogar em frente a uma torcida hostil. O Seahawks não conseguiu lidar com isso, teve medo de arriscar quartas descidas pra uma jarda, por exemplo, que com certeza teria arriscado semana passada, viu seus jogadores secundários desaparecerem dentro de campo (as vezes eu ficava olhando se nenhum juiz ia dar uma falta por 'sete homens em campo' ou algo assim) e ainda foi simplesmente destruido psicologicamente por um infeliz incidente logo no começo da partida, quando após uma boa recepção do John Carlson pra uma primeira descida o Danieal Manning deu um tranco que o mandou pra fora de campo. Mas Carlson caiu de cabeça no chão de muito mau jeito e apagou dentro de campo. Entraram os médicos, e ainda imovel Carlson saiu de campo direto para o hospital, e isso não só tirou o Tight End titular do time como tambem deixou o time muito abalado. Os jogadores pareciam com medo de irem pra trombadas, sem falar que ver um colega de time tombar dessa forma e poder correr até risco de vida (A informação que chega é que tanto ele como Marcus Trufant, que tambem saiu mais tarde do jogo depois de cair imovel em campo e correr risco de uma lesão cervical, não correm mais riscos, ja estão bem e voltarão pra Seattle ainda hoje).

E o Seattle desabou. Atrás no placar, extremamente nervoso com a situação e atrás no placar, o Hasselback parecia incapaz de acertar passes, os recebedores incapazes de se desmarcarem (e as vezes até de receber bons passes!), a linha ofensiva não conseguia ganhar tempo como fez contra o Saints, a defesa foi completamente destruida e a diferença só foi abrindo. O Seattle tambem abandonou de vez o jogo terrestre e passou a jogar só pelo ar, e deu totalmente errado, a defesa botou pressão no QB e cobriu os recebedores sem esforço, e o Seattle não foi a lugar nenhum.

E o Bears aproveitou de um jogo estilo Aaron Rodgers do Jay Cutler pra abrir o placar ainda no começo: Trabalhando pelo chão com Matt Forte e Chester Taylor e abusando do play action, ele acertou um passe lindo pro Greg Olsen de quase 60 jardas pra TD, depois Taylor e o próprio Cutler anotaram mais pontos pelo chão pra fechar o primeiro tempo 21 a 0, e Cutler ainda notou mais um TD terrestre no terceiro quarto. 28 a 3 era o placar no final do terceiro periodo. No final, Hasselback acertou tres TDs quando tudo ja estava perdido ha muito tempo. O problema do Seahawks nem é a eliminação ou o jogo fraquissimo que teve. O problema é que o time tem jogadores novos, jogadores velhos, jogadores medianos, e não parece ter um plano de reconstrução mas tambem não tem um núcleo velho em torno do qual de pra colocar peças chave. Hasselback está velho e destruido por lesões mas ainda é capaz de bons jogos, e o reserva Charlie Whitehurst, apesar de um bom jogo contra o Rams pra chegar aos playoffs, nunca foi nada alem do terceiro reserva em San Diego e não acho que seja o QB do futuro da Franquia. E com o Rams ficando mais forte e com o 49ers finalmente fazendo juz ao seu elenco (torcedor é uma desgraça!), não vejo muito futuro imediato pra essa Franquia. E agora o Bears recebe o Packers na final de conferência num jogo da maior rivalidade histórica da NFL.

Os melhores momentos da partida estão aqui


'"Meu nome é Rex Ryan e eu estava ha 17 semanas sem ganhar do Patriots"

New York Jets 28 vs 21 New England Patriots
O preview desse jogo pode ser visto aqui

Esse jogo foi falado, falado e falado antes de acontecer de verdade. O Patriots foi o time que escancarou todas as fraquezas do Jets que muita gente (tipo eu) insistia ja fazia muito tempo que existiam, e que ficaram muito óbvias quando tomaram uma surra histórica em Foxborough na temporada regular. Mas como todo mundo que acompanha esportes americanos sabe, o que conta não é a temporada regular e sim a pós temporada. E nos playoffs, o vencedor foi outro.

Eu falei bastante no preview sobre o que o Pats deveria fazer pra ter a vantagem na partida, na pratica fazer tudo que fez quando massacrou o Jets, que explorou tão bem as falhas do Jets e camuflou tao bem as deficiencias do próprio time. Isso envolvia correr bem com a bola, controlar o relógio, deixar o ataque do Jets atrás no placar e abusar da genialidade e da fase do Tom Brady, que conseguiu explorar muito bem a defesa do Jets. Ou seja, o time sabia o que fazer, e o Jets sabia que eles iam fazer isso. A questão era simplesmente quem ia fazer melhor. Eu achava, pelo maior talento e pela fase memoravel, que o Patriots, e em especial o Brady, iam conseguir ir encurralando o Jets, um time que é pessimo jogando atrás no placar. Mas o fato é que o Patriots absolutamente não conseguiu colocar seu plano de jogo pra funcionar. E isso acabou jogando contra eles.

No começo do jogo, o Patriots até conseguiu fazer parte do que tinha se proposto a fazer: correr bem com a bola, viver dos passes curtos e explorar os tight ends calouros. A defesa fez bem seu papel no começo e Brady gastou o relógio liderando boa campanha campo acima, mas foi interceptado num dos passes mais ridiculos que eu vi nesses playoffs, foi um screen pass que voou uns dois metros mais pra frente de onde tava o Benjarvus Green-Ellis e direitinho nas mãos do Devin Harris que só não levou pra touchdown porque a beluga do Augie Crumpler veio correndo la do campo de ataque pra dar o tackle. Novamente a incompetencia do ataque do Jets - inclusive do kicker que errou um FG - deixou o jogo empatado finda essa campanha, mas o Patriots pegou a bola e levou campo acima pra chegar na linha de 7 jardas. Brady até acertou um passe perfeito pra Crumpler dentro da end zone, mas o gordinho deixou a bola cair e o Pats se contentou com um FG.

Depois de mostras de incompetencia de ambos os lados, o Jets acalmou: colocou a bola no chão e contou com um belo passe de Mark Sanchez e uma recepção ainda melhor do Braylon Edwards pra chegar bem perto da end zone adversária, e converteu o TD com Sanchez passando pra Ladainian Tomlinson. Mas o Patriots não conseguiu mais reagir, nem mesmo recuperar aqueles bons momentos do primeiro quarto: Não conseguiu correr a bola, a linha ofensiva do Patriots foi completamente massacrada pelo pass rush do Jets e o Brady teve dificuldade pra se livrar da bola, e o Jets assumiu o controle do jogo. E aproveitou pra fazer o que o Patriots não conseguia: Controlar a bola. Cuidou bem da bola, gastou o relógio e deixou o ataque adversário quieto no banco enquanto explorava a defesa fraca do Patriots com corridas e passes curtos. Mesmo não convertendo o TD, o Jets foi capaz de evitar que o Patriots controlasse o jogo e a bola, que era fundamental pra não deixar o ataque de New England ganhar ritmo e confiança. O time continuou incapaz de converter e de sequer incomodar a defesa do Jets, os recebedores estavam bem cobertos, Brady estava tendo dificuldades lendo a marcação e a proteção não era confiavel. O Patriots tentou então surpreender o Jets, com um snap direto pro safety Patrick Chung, posicionado perto do punter numa 4th pra 4 jardas. Ele tinha espaço livre e provavelmente teria conseguido o first down, mas os problemas do Patriots eram maiores do que parecia. Chung não conseguiu dominar a bola, sofreu o fumble e o Jets recuperou a bola ja no campo do Patriots. LT e Edwards fizeram o serviço sujo pra anotar mais um TD. Ou seja, o Jets fez o serviço que o Patriots deveria ter entrado pra fazer: Controlar a bola, manter o ataque adversário no banco e avançar usando corridas e passes curtos, ocasionalmente explorando passes longos quando o QB achasse que a cobertura permitia e protegeu bem o QB pra que ele tivesse tempo pra pensar. Na defesa, o Jets misturou uma boa defesa, boa cobertura e bons talentos com a incompetencia do ataque do Pats como um todo. E saiu pro intervalo com 14 a 3 no placar.

Mas o segundo tempo trouxe mais do mesmo pro time de Foxborough, pelo menos no ataque: Brady incapaz de completar passes mais dificeis, a linha ofensiva tendo muito trabalho pra conseguir ganhar tempo e cedendo sacks, e tambem não sendo ajudada por um Tom Brady que estava segurando demais a bola. O ataque do Pats vivia de migalhas, corridas e passes curtos, o que eu e muita gente esperava do ataque do Jets, um ataque que conta com um QB que tem dificuldade em conversões longas, não do ataque liderado pelo provavel MVP da Liga. E tambem um ataque que consome o relógio, o que nao é bom quando voce perde por mais de uma posse de bola. No entanto, a defesa do Patriots começou a endurecer a partida: Começou a parar melhor o jogo terrestre e colocou o Sanchez em mais situações de terceiras descidas pra seis ou mais jardas. Tambem era um ataque que não conseguia gerar pontos, mas pelo menos gastava o relógio, que era o que eles queriam, ao contrário do Patriots.

Mas o ataque do Patriots, de repente, acordou, e Brady fez o que tinha que ter começado a fazer desde o primeiro quarto: contou com boas corridas, acertou passes curtos nas horas certas, mas soltou o braço mesmo com cobertura, conseguiu passes longos e de média distancia, e anotou um TD com Crumpler dessa vez sem consumir o relógio mais que o necessário. Era a hora do Patriots viver do braço do Brady, de jogadas explosivas, que não ficassem gastando o relógio pra ganhar quatro jardas, e sim jogadas longas que pudessem virar pontos rápidos, deixar tempo no relógio pra forçar o Jets a chutar a bola e ai poder anotar mais pontos. O Patriots acertou a estratégia e acertou a execução, pelo menos por essa campanha. O problema foi que o Jets respondeu com um TD depois que um passe curto e despretensioso pro Jericho Cotchery pelo meio do campo se transformou numa jogada de 58 jardas depois que Cotchery correu, correu e ninguem sequer deu uma fungada no cangote dele, e depois Santonio Holmes só teve o trabalho de colocar a bola na end zone.

Nesse momento, o Jets liderava o jogo 21 a 10. O quarto quarto tinha 13 minutos no relógio, e o Patriots tinha tres tempos pra pedir. A situação era clara e simples, voce tem um dos melhores QBs de todos os tempos, tem um bom corpo de recebedores, é hora de colocar isso pra funcionar, conseguir jardas rapidamente pelo jogo aéreo, anotar um touchdown o mais rapido possivel e devolver a bola pro Jets, sem pedir nenhum tempo. O Jets logicamente ia querer gastar o relogio, voce queimava seus tres tempos e tinha uma ultima chance de empatar ou virar a partida. Simples. E o que o Patriots fez? Exatamente o contrário. Correu muito com a bola, usou bastante os passes curtos, converteu terceiras descidas curtas em consequencia disso. O Patriots, nessa campanha, correu mais com a bola (7 vezes) do que passou (seis). Só que, chegando na linha de 31 do Jets, um sack voltou o Pats pra linha de 34, onde não conseguiu converter uma terceira descida. Era um FG de 51 jardas, mas o Patriots tentou converter a jogada e Deion Branch deixou a bola cair. O tempo no relógio? 5 minutos.

Voces conseguem perceber a imbecilidade que foi essa campanha do Patriots? Perdendo por duas posses de bola, com bastante tempo no relógio e com um dos melhores QBs da Liga, voce joga curto, usa os RBs, consegue conversões curtas e gasta bastante o relógio pra sair sem sequer pontuar?? Voce fez exatamente tudo que o Jets queria estar fazendo, gastando oito relógios pra nao ir a lugar nenhum, nem nos sonhos mais bizarros do Rex Ryan ele imaginava que o Patriots ia dar um presentão desses pra ele, e olha que os sonhos bizarros do Rex Ryan devem envolver o Bill Belichick de minisaia. Até entendo que o Belichick queria gastar o relógio pra forçar o Jets, se recebesse a bola com 4 minutos por exemplo, a correr tres vezes com a bola, o Pats queimaria seus tres tempos e receberia a bola pra uma campanha final, mas é arriscado demais e deu errado demais!! Voce entrar no alcance do FG e começar a gastar o relógio, jogar curto e tudo mais é uma coisa, mas voce fazer isso desde o campo de defesa, desde onde recebeu a bola é loucura! Podia dar absurdamente errado, e deu, o time gastou mais de metade do quarto pra não sair nem com um field goal! Resultado que a bola voltou pro Jets, o Patriots perdeu um tempo e dois minutos nessa brincadeira. Ainda tinha tres minutos e meio no relógio e dois tempos pra pedir, portanto o time tinha que anotar pelo menos um FG e devolver a bola pro Jets ANTES do two-minute warning, porque ai o Pats poderia parar o jogo com os dois tempos e uma pararia automaticamente com o two-minute. Mas o time continuou com alguns passes curtos desnecessários, gastou o relógio o menos que pode apesar disso e, numa 3ª pra 10 na red zone faltando 2:21 (Logo, 21 segundos pro two-minute warning), a pressão chegou no Brady e ele, pra se livrar da bola, faz um passe curto, inutil pra primeira descida, e longe da lateral, ou seja, voce não ganhou nada com o passe, manteve o relógio correndo e o two-minute warning soou antes que o Pats pudesse chutar o field goal.

O jogo realmente morreu ai. O Patriots foi péssimo pra manejar o cronometro, absolutamente ridiculo, e pagou o preço. Não soube gastar na hora certa, e quando esteve atrás no placar no final da partida quis gastar demais o relógio pra ganhar de menos, e ainda teve aquela pessima decisão do Brady no final. O Patriots tentou um onside kick, sua unica saida, mas não só o Jets recuperou como o Antonio Cromartie, de novo ele, levou até quase a end zone - onde a bola foi parar duas jogadas depois. O Patriots até anotou um TD depois, mas ja era tarde demais e o Jets ganhou, ajudado pelo tempo que o Pats disperdiçou.

No final, o Jets aproveitou pra fazer a festa. Falaram, provocaram, e ganharam dentro de quadra. A atitude de superioridade do Patriots fora de quadra, de não se arrastar pro joguinho psicologico do Jets, acabou não se traduzindo dentro de campo, onde o time foi nervoso e muito abaixo do seu potencial. O ataque não conseguiu de forma alguma se impor como fez em todos os jogos da temporada regular, não teve em Brady o jogador que teve o ano todo, e o elenco de apoio do ataque - ou seja, todo o resto do ataque tirando Mr Bunchen - tambem não conseguiu corresponder à altura. A defesa do Patriots sempre foi fragil e o time estava cobrindo isso com um ataque que pontuava muito e controlava a bola, mas a partir do momento que o ataque não fez a parte dele, a defesa mostrou suas limitações e não conseguiu forçar os turnovers de costume, e acabou vencida por um ataque terrestre forte e um QB que, quando a defesa abriu, aproveitou pra encaixar os passes certos. O Jets foi eficiente, contou com uma defesa e um técnico que souberam se aproveitar do futebol americano abaixo da media apresentado pelo rival e, apesar do time pior, saiu com uma vitória merecida. O Jets foi melhor dentro e fora de quadra, e embora Rex Ryan provavelmente nunca chegará ao nivel do Belichick dentro da NFL, nesse jogo ele foi muito superior ao Mestre.

Os melhores momentos desse jogo estão aqui

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