Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Para a NBA que eu quero descer! - Parte II

Eu sei, estamos atrasados com esse post. Era pra ele ter saído ontem, mas infelizmente não foi possível. A gente deixou algumas trocas pra comentar depois porque algumas eram trocas mais polêmicas e complexas e portanto não só valiam a pena uma análise separada, como também precisam ser analisadas todas de uma vez. Outras duas são duas mais interessantes que também mereciam uma analise separada. Hoje a gente analisa, mais a fundo, o que significam as trocas de Thunder e Boston. Amanhã, as que faltam, porque esse post ficou gigante, peço desculpas mas é um assunto muito importante e que não da pra deixar de lado. Acho que vale a pena ler todo, se tiverem paciência. Desculpem a demora e obrigado pela paciência, novamente!
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Jeff Green e Delonte West estão muito felizes de voltarem ao time onde começaram

Primeiro de tudo, vamos tratar do assunto da semana, o Boston Celtics. Pra isso, a gente precisa analisar não uma, mas quatro trocas que aconteceram ao mesmo tempo.

Celtics mandam Kendrick Perkins e Nate Robinson para o Thunder em troca de Jeff Green, Nenad Krstic e uma escolha de primeira rodada de Draft do Clippers (Protegida no top 10 a partir de 2012).

Bobcats mandam Nazr Mohammed para o Thunder em troca de DJ White e Morris Peterson.

Celtics mandam Marquis Daniels e dinheiro para o Kings em troca de uma escolha de segunda rodada de Draft do Kings em 2017.

Celtics mandam Semih Erden e Luke Harangody para o Cavaliers em troca de uma escolha da segunda rodada do Draft do Cavaliers em 2013.

Acho que muita gente, quando viu essas trocas, achou que o Danny Ainge, GM de Boston, tinha batido a cabeça. Foi também a minha opinião. O Boston Celtics, um dos melhores times da temporada, com uma das melhores defesas da NBA, acabou de desmontar seu quinteto titular, aquele quinteto que nunca perdeu uma série de playoff, aquele quinteto que fez o time ter a segunda melhor campanha da Liga (Apesar do Kendrick Perkins ter perdido vários jogos por lesão). O Boston tinha em uma de suas principais armas o seu garrafão, muito tamanho, muita defesa e muita força física, vinha sendo seu maior trunfo contra as grandes equipes da Liga, principalmente o rival Miami Heat. Logo no começo do ano, com Perkins machucado, o Boston foi atrás de reforçar seu garrafão por causa dessa lesão do pivô: Trouxe o calouro turco Semih Erden e assinou com os free agents Shaquille e Jermaine O'Neal. E o time rendeu muito bem sem o seu titular, o Shaq destruiu todo mundo que viu pela frente e o time ganhou mais uma arma muito perigosa e idosa. O problema é que as lesões voltaram a devastar o time, Delonte West machucou o pulso, Shaq o joelho, Jermaine também, Marquis Daniels machucou seriamente o pescoço, e tudo mais. E quando o Perkins voltou, ele e o Erden eram as únicas opções de pivô do time. Até agora o Jermaine não conseguiu manter uma seqüência digna de nota por causa das suas lesões e o Shaq tem tido atuações e minutos inconstantes por causa das subseqüentes lesões.

Acontece que a posição de pivô não era a única que tinha sido devastada por lesões. Com a lesão do Marquis Daniels, que provavelmente vai ficar fora o resto da temporada, o time não tinha nenhum reserva na posição três. O time podia jogar com uma formação mais baixa usando o Von Wafer ou até o West, mas o time ficava baixo e o Wafer não conseguiria defender um ala mais alto e pontuador, e nos playoffs o Boston não pode depender só do velhote do Paul Pierce pra marcar todo mundo e ainda pontuar. A prioridade do time, portanto, era conseguir um substituto pro Daniels que fizesse a mesma função, um swingman que defendesse bem e arremessasse de três. E o Boston acabou pegando o Jeff Green, do Thunder, pra esse papel.

O Green, que aliás foi draftado pelo Boston e mandado pro então Seattle Supersonics em troca do Ray Allen, é um jogador que sempre foi mal utilizado em Oklahoma. Ele é basicamente um ala, sabe infiltrar, defende bem e tem bom arremesso, mas por jogar na mesma posição do Kevin Durant e pela carência do time em alas de força, o Green acabou tendo que jogar muito na posição quatro, que não é a melhor dele, mas o Green é bom demais pra simplesmente se ter e deixar no banco, então ele era improvisado de power foward, onde rendia menos, não tinha um grande arsenal de costas pra cesta e nem era um reboteiro diferenciado. Eu sempre achei que o Thunder devia trocar ele por um jogador de garrafão, e eu citava o Nuggets numa troca pelo Nenê, caso a troca do Carmelo Anthony rolasse com o Nets e deixasse o time do Colorado sem um bom ala. Mas como o Carmelo foi pro Knicks e agora o Nuggets tem dois alas muito bons, essa troca não teria mais como rolar. E aí o Thunder aceitou a troca pelo Perkins com o Boston.

Antes de mais nada, o Boston não perde muito mandando o Nate Robinson. Eu sou fã do Nate, acho que ele consegue colocar energia quando o time do Boston está morto, mas ele não é mais um jogador essencial pro Boston. O Celtics tem o West, que é um jogador mais completo e que faz o papel de controlar a bola quando o Rajon Rondo está no banco muito melhor que o Nate, que as vezes é afobado demais. E o time também tem o Wafer, que da mais altura e defesa para o time, além de que ambos acertam bolas de três pontos. O Nate, portanto, era dispensável nesse time.

Mas não o Perkins. Eu não acho que o Perkins seja, como alguns (e até ele mesmo) acreditam, um grande pivô. Acho um jogador mediano, que se acha muito melhor do que é, que as vezes acha que pode fazer o que não sabe e por isso acaba cometendo erros bestas e muitos turnovers, além de não ter nada que lembre um jogo ofensivo. No entanto, tem uma coisa que ele sabe fazer e muito bem: defender. O Perkins, no mano a mano, é um dos melhores (se não o melhor) pivô defensivo na NBA, e o pivô que melhor marca o Dwight Howard em toda a Liga. Ele é forte pra burro, não deixa o adversário se aproximar da cesta e força o jogo de meia distância. Ele é um jogador importantíssimo no garrafão pra um time de defesa forte e também era um jogador muito querido pelos companheiros de time, o entrosamento era grande e os jogadores conviviam juntos mesmo fora de quadra. A troca, além de tirar o defensor que o Perkins é, tira uma peça de um grupo muito fechado, muito unido, e talvez nisso que tenha residido o maior problema da troca. O Green é um ótimo jogador de equipe, nunca reclamou de não ter a bola nas mãos ou de jogar fora da posição, é um cara que todo mundo fala que é ótimo pra se ter no time, e duvido que ele tenha problemas pra ser aceito em Boston, mas os jogadores já manifestaram que estão bem descontentes em ver o Perkins indo embora.

De certa forma, o Boston fez uma grande aposta: ele apostou que não vai precisar do Perkins pra vencer, ou seja, não vai precisar dessa presença física e defensiva no garrafão mais do que vai precisar do Green substituindo o Pierce e as vezes até jogando de ala de força e o Kevin Garnett de pivô, em escalações mais baixas. O Green é um ótimo jogador, versátil, dedicado e que pode ajudar muito o Boston, principalmente se o Boston quiser jogar com escalações mais baixas como fazia quando foi campeão em 2008, com o James Posey no lugar do Perkins de ala de força e o Garnett de pivô. O Green claramente via dar um upgrade que o Boston estava precisando, o problema é pensar no que você vai perder. É verdade que o único time no Leste que tem um pivô que é preocupante ofensivamente é o Magic, o resto tem como principais pontuadores no garrafão alas de força, mas o problema é outro: você está desmontando um time que está no topo e tem como principal arma seu tamanho no garrafão, e o Perkins é o líder disso. Mandar o Perkins e o Erden embora é dizer que você confia no Shaq e no Jermaine pra ficarem no seu garrafão, e principalmente confiar na saúde dos dois, o que é quase suicídio. O Nenad Krstic, que veio na troca junto, é um pivô que vai entrar apenas pra pontuar, porque defensivamente ele é muito ruim e por isso deve ter realmente um papel bem limitado e específico no time. Se o Shaq ficar saudável - e essa é a grande aposta que o Boston está fazendo - ele ainda é capaz de contribuir com seu tamanho e defesa de um lado da quadra e ainda ataca muito melhor que o Perkins, é um jogador que contribui em muito no ataque do Boston, além de ser um reboteiro melhor do que o Perkins. O Boston mostrou que com o Shaq saudável, ele é capaz de ganhar de qualquer um. Apostar na saúde do Shaq é o problema, já que faz algum tempo que ele não consegue ficar saudável, e os joelhos do Jermaine não existem, portanto ele já pode ser praticamente descartado.

Outro lado da troca que pode ser levado em conta é o fato do Jeff Green ser um jogador talentoso e jovem, com apenas 24 anos. Com o Big Three nas vésperas de se aposentar, eles tem no Rondo um armador bom o bastante pra se construir um time em volta e no Green um bom primeiro coadjuvante pra se começar a montar esse time. Mas a proposta do Boston Celtics a juntar todo o time do All Star Game de 2001 não era justamente tentar uma última investida no trio Garnett-Allen-Pierce para levantar o caneco? Não era pra pensar em ganhar um título agora, nos últimos anos desses grandes jogadores, pra depois pensar no depois? Não que pensar no futuro seja ruim, é bom, mas fazendo isso o time pode estar perdendo a chance de ganhar um título agora por uma incerteza maior ainda no futuro. Além disso, se o time está tão preocupado com o futuro, porque trocar os calouros Luke Harangody e Erden agora por uma pick na segunda rodada muitos anos pra frente ainda? Nenhum deles ia ser um craque, mas o Erden tinha potencial para ser um bom jogador no futuro, se o Boston queria tanto pensar no futuro porque mandar os moleques embora apenas para liberar espaço no plantel, espaço esses que o Boston deve usar pra assinar veteranos cujos contratos serão finalizados agora, como Leon Powe ou Troy Murphy. No final das contas, pro Boston, a questão vai ser o quanto o garrafão que ele perdeu vai fazer falta. Se o Shaq ficar saudável e em forma, ele é um excelente pivô e que pode bater de frente com qualquer um da Liga, e ai o Krstic ou os alas de força(incluindo o Green) podem servir pra cobrir o buraco em alguns momentos do jogo. Mas eu pessoalmente acho extremamente arriscado você desmontar um time que é possivelmente o melhor da Liga, tirar dele sua maior força que era o garrafão para tentar cobrir uma falha no banco de reservas.



O outro lado da moeda é o Thunder. O Thunder tem um elenco jovem extremamente promissor: Kevin Durant tem 22 anos, assim como Russell Westbrook, e Serge Ibaka e James Harden tem 21. É um time muito novo, que cheira a fralda e tem muito pra evoluir ainda, mesmo que Durant e Westbrook ja estejam entre os melhores jogadores da NBA nas suas posições. É um time que, embora muito empolgante, talentoso e que tenha feito um 2010 espetacular dando canseira até no Lakers, ainda era tratado como um time para o futuro, um time que precisava esperar os velhos Celtics, Lakers e Spurs encerrarem os ciclos atuais pra então tentar tomar para si o posto de melhor time, quando o elenco estaria mais velho, desenvolvido e maduro. Era um time que tinha um ataque muito bom, um dos melhores pontuadores da NBA e que sabia jogar muito bem na correria, mas que tinha uma defesa deficiente demais pra poder competir em alto nível quando chegasse nos playoffs, e que também sentia falta de um pontuador no garrafão. O perímetro do time é excelente com Westbrook, Durant e o ótimo defensor Thabo Sefolosha, revezando com o Harden e suas bolas de três pontos. O problema era no garrafão, onde o único ser humano capaz de pontuar era o Krstic, que defende pior que eu e meu 1m70 e por isso a defesa do Thunder era uma peneira. O Serge Ibaka até dava uns tocos bem legais porque era atlético pra cacete, mas ele joga melhor de ala de força, defendendo jogadores do seu tamanho e usando seu agora confiável arremesso de meia distância além dos cortes em direção à cesta, só que era forçado a jogar de pivô porque nenhum pivô de verdade do elenco sabia soletrar 'defesa' enquanto levantava os braços, e ai o Green ficava de ala de força. Ta vendo a confusão que isso causava num time que supostamente era pra ser uma grande potência em uns dois anos mas que jogava com um garrafão totalmente improvisado por falta de um cara capaz de defender??

O Thunder tem uma das piores defesas da Liga e é a defesa que mais involuiu da temporada passada pra cá, junto com o Cavaliers, por motivos lógicos. O que é uma causa direta desse rolo no garrafão, porque o Westbrook e o Sefolosha são ótimos defensores e o Kevin Durant até quebra um galho com seus braços de Dalshim. Mas com Green e Ibaka improvisados, o Thunder era um time muito mais vulnerável. Sabendo disso, o time foi atrás de um pivô, e trouxe não só um, mas dois. Em troca, perdeu o Krstic, que não vai fazer muita falta porque pontuar o resto do time sabe fazer e muito bem, o Green, que eu disse ali em cima que era um talento desperdiçado porque nunca iria ser titular no lugar do Durant e que não rendia tanto de ala de força, o DJ White, um calouro que era perfeitamente dispensável no time e o Morris Peterson, que não merece nem um comentário. Ou seja, sentir falta mesmo só do Jeff Green, que era um ótimo jogador pra ser reserva do Durant e ainda quebrava um galho na posição quatro quando precisava, mas como eu já disse, não gosto dele na posição quatro e ele é bom demais pra ser reserva do Durant jogando menos de 15 minutos por jogo.

Em troca, o Thunder adiciona exatamente o que não tinha: garrafão. O Perkins não é um jogador confiável ofensivamente, na verdade ele é bem ruinzinho, mas ele tem uma ótima defesa e pega rebotes, exatamente o que o Thunder precisa se quiser bater de frente com times como o Lakers, que vence seus adversários na altura. Além disso, o Perkins é um jogador muito intenso e emocional, e jogadores assim sempre são úteis em times, eles motivam os companheiros, uma das razões pela qual o Rasheed Wallace era tão importante nos times por onde passava. O Thunder tem jogadores calmos, de personalidade mais introvertida, e as vezes falta um pouco de pegada. A intensidade que o Perkins vai trazer pode ser um tipo de energia que o Thunder as vezes precisa. Também recebe o Narz Mohammed que eu sempre achei um ótimo pivô totalmente subestimado. Ótimo reboteiro, tem um bom arsenal ofensivo, sabe pontuar bem, defende bem e sabe dar uns tocos. Não é um dos melhores pivôs da Liga, mas é um jogador que pode ter seus 15-10 de média se tiver os minutos necessários, além de contribuir com defesa e rebotes bem melhores que do Krstic e permitir que o Ibaka volte a sua posição de origem, a de ala de força. O projeto pro futuro do Thunder ainda está lá, o núcleo é jovem e ainda tem muito a se desenvolver. A diferença é que agora o Thunder tem as peças para fazer tentativas sérias ao título mesmo antes que os jogadores se desenvolvam totalmente e os rivais sintam a idade. O ataque fortíssimo e a juventude ainda estão no time, a diferença é que agora eles tem o garrafão que eles precisavam: talvez não tanto no ataque, mas muito na defesa. Se o ótimo técnico Scott Brooks conseguir achar a fórmula certa para esse time com as novas peças no garrafão, eu acho que o time pode e deve ser incluído entre os times com reais chances de ganhar o Oeste, junto com Lakers, Spurs e Mavericks.

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