Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sábado, 19 de março de 2011

Sobre o Draft - Avaliação de jogadores


Mais uma prova de que o Combine pode enganar. E muito.

Infelizmente esse fim de semana vai ser corrido e eu não vou poder postar direito, então vim trazer um resumo mais rápido de como os times fazem pra avaliar os prospects do Draft.

Eu falei no post de anteontem (está logo aí embaixo) sobre como funciona a forma de avaliação dos jogadores que entram no Draft para se montar uma lista dos melhores e para montar sua ordem de Draft, ou seja, como separar os melhores, que tipo de jogador ganha e perde valor, como os times montam sua estratégia com base nisso, etc. E eu também falei que os olheiros dos times da NFL não estão preocupados em olhar só a produção de um jogador no nível universitário, mas também o quanto eles vão conseguir adaptar seu jogo e contribuir num estilo de jogo muito diferente que o da NCAA, que é o da NFL, mais rápido, físico e com defesas muito mais fortes. E como eu também disse, a produção de um jogador é algo muito fácil de se medir em números e de se observar, enquanto que puramente as habilidades e capacidade de adaptação de um jogador para o jogo da NFL não é fácil de observar e muito menos de medir. Então, como os olheiros fazem esse tipo de separação?

Bom, primeiro, tem que olhar o quão bem o jogador joga no nível universitário. Sim, eu disse que são jogos totalmente diferentes e que sucesso em um não garante sucesso em outro e vice versa, não estou mudando o que disse. Só tou falando que em 90% dos jogadores de sucesso na NFL tiveram pelo menos algum destaque na NCAA, é um jogo mais fácil de dominar e por isso jogadores que não conseguiam se impor na NCAA dificilmente vão conseguir se impor na NFL (Tom Brady em algum lugar acabou de me mandar calar a boca). Claro que isso não é uma regra absoluta, mas é um parâmetro que tem que ser usado, ainda que com muita cautela. E olhando o jogador jogando jogos normalmente, você começa a ter uma noção do tipo de habilidade que ele tem, os fundamentos, capacidade física e tudo mais. É apenas o começo, mas tudo começa olhando um jogador jogando diariamente. Como vocês devem imaginar, aqui você geralmente tem uma boa noção nos jogadores bons. A questão que pega daqui pra frente é: como separar os bons da NCAA dos bons na NFL?

Tudo começa com o chamado Senior Bowl. O Senior Bowl é um jogo amistoso entre dois times, do Norte e do Sul, e ambos os times são formados por jogadores da NCAA que já completaram sua elegibilidade para o Draft, ou seja, que entrarão no próximo Draft de qualquer forma. Os técnicos do Norte e do Sul são escolhidos entre os técnicos da NFL e eles escolhem os jogadores que vão jogar para seus times. Como são técnicos da NFL em busca de jogadores para draftarem, eles vão escolher os mais interessantes entre todos os prospects elegíveis que vão entrar no Draft. Por isso, em geral, o jogo é jogado pelos melhores prospects do Draft e é mais uma chance de técnicos, GMs e olheiros da NFL olharem de perto os jogadores. Mas bom, mais um jogo, grande coisa, a gente já não viu o suficiente de jogos desses caras? Sim, mas o atrativo do Senior Bowl não é o jogo, e sim a semana que vem antes. Uma vez escolhidos os jogadores dos dois times, eles vão passar por uma semana de treinamentos e de exercícios gerais antes de poderem jogar. E nesses treinamentos e exercícios têm técnicos, GMs e olheiros de todos os times da Liga olhando atentamente como os jogadores se portam, como reagem às situações e tudo mais. Em outras palavras, eles não estão lá para ver como os jogadores se portam jogando, e sim como eles realizam as atividades dos treinamentos, que dão uma idéia muito melhor de fundamentos e habilidades puras.

Passado o Senior Bowl, chegamos ao mais importante: O Scout Combine. Eu já falei sobre o Combine quando falei sobre o Draft, mas não custa repetir. O Scouting Combine é um evento que dura seis dias e os jogadores são convidados para participar(jogadores não convidados não podem participar. Em média 80% dos jogadores draftados passou pelo Combine). Nesse Combine, os jogadores realizam uma série de testes físicos, técnicos e mentais na frente de técnicos, GMs e olheiros (sim, sempre a mesma combinação, eles não tem nada de melhor pra fazer nas férias mesmo), incluindo aí testes como a corrida das 40 jardas, o bench press, o salto vertical, salto em distância, o "three cone drill" e muito mais. Claro que os jogadores não atendem a todos e eles podem até escolher a quais vão atender. De forma geral, os jogadores que estão buscando aumentar seu valor no Draft costumam fazer todos os que dizem respeito à sua posição (Você imagina um NT tentando fazer o salto vertical?), enquanto que os jogadores que já tem um valor alto consolidado costumam fazer apenas a que lhes interessam e que possam aumentar seu valor, enquanto não realizam outras que possam afetá-lo negativamente. Para um exemplo, os Quartebacks mais bem cotados no Draft raramente fazem lançamentos no Combine.  O Combine é uma melhor forma de se avaliar muitas coisas sobre um jogador, e em especial sua capacidade atlética combinada com sua coordenação motora. O Combine raramente é o que vai dizer se um jogador é bom ou não, mas é uma ótima forma de melhorar ou piorar o valor de um jogador baseado no que ele consegue realizar nesses testes.

Passando por isso chegamos ao chato Pro Day, que é quanto as Universidades realizam um evento com seus jogadores elegíveis. É basicamente um lugar onde cada Universidade recebe aquela famosa combinação de desocupados (técnicos, GMs e olheiros) para que eles possam avaliar de perto os jogadores que ela vai mandar para a NFL. Lá eles também fazem os eventos que eles quiserem e tudo mais, é como um Combine mais informal e separado por Universidades.

Uma vez que tudo isso passou, sobra a última opção dos times, os workouts individuais, que nada mais é do que chamar um jogador para uma sessão de testes fechada para o próprio time. Claro que o jogador não é obrigado a ir e os times não vão chamar todos os bons prospects para uma sessão dessas, mas é uma última forma de tirar suas dúvidas sobre os jogadores. Geralmente quando um jogador é chamado para um workout desses é porque ele realmente está nos planos de um time e portanto ele costuma fazer todos os testes que são pedidos, inclusive lançar a bola no caso de QBs. Para chegar nesses treinos individuais, você já passou por todas as etapas acima e portanto já tem muito claro os jogadores que quer e tudo mais. Esse último momento de avaliação é apenas para tirar suas dúvidas sobre jogadores individualmente e também para escolher quando se está em dúvida entre dois jogadores. Como os jogadores da NCAA não são atletas da NFL até o Draft, eles podem fazer os treinos individuais nos campos das equipes normalmente.

Passado tudo isso, só resta realmente o Draft. Cada time já tem pelo menos umas dez opções para cada escolha dependendo da posição de escolha e da rodada, porque sua estratégia pode ser diretamente afetada pela escolha dos times na sua frente e portanto você tem que ter a situação muito clara na sua frente sobre quais jogadores podem ser pegos caso os que você estava de olho já tenham saído. Para usar um exemplo, o Cardinals pode ir atrás de um QB com a quinta escolha, mas se Cam Newton e Blaine Gabbert já tiverem saído, eles não vão queimar sua quinta escolha com algum outro, e aí é necessário saber escolher outro (Von Miller!) jogador de outra posição. Mas fiquem de olho, que em breve sairá nosso primeiro Mock Draft!

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