Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Duas séries chegam ao fim

Reggie Miller não aguentou ver seu time eliminado dos playoffs


Se tivessem me falado, antes dos playoffs, que das séries Celtics vs Knicks e Bulls vs Pacers, uma seria uma varrida com alguns massacres e que fosse dar uma falsa sensação de confiança ao vencedor, e a outra seria uma vitória confortável mas com alguns sustos e mostrando as fraquezas do time que levasse a série, eu com certeza teria imaginado exatamente o contrário: O Bulls varreria o Pacers sem dificuldade, e eles poderiam ser levados a achar que tudo estava ótimo pela facilidade, e que o Celtics seria o time que sofreria mais pra fechar sua série. Mas quem teve o 4 a 0 contra um time frágil e cheio de desfalques foi o Boston e o 4 a 1 com alguns sustos contra um adversário bem mais fraco foi do Chicago.

Eu falei no preview da série entre Celtics e Knicks que o Celtics teria problemas, porque mesmo que fosse o melhor time disparado, tinha dois problemas: Sem o Shaq saudável o time não teria um garrafão apelativo e que pudesse esmagar os adversários como fez ao longo de boa parte da temporada para tirar vantagem da falta de garrafão do Knicks, e que o melhor jogador estava do outro lado, porque o Carmelo Anthony estava em ótima fase e o melhor jogador do Boston, o Rajon Rondo, não. E se o resultado final foi uma varrida, o começo foi bem difícil para o Celtics justamente por causa dessas duas coisas.

Os jogos 1 e 2 dessa série foram muito mais difíceis do que o Boston gostaria. No primeiro jogo, o Amare Stoudamire fez o que quis no garrafão, pontuou, pegou rebotes, e o time sentiu falta de um pivozão pra trombar com ele. Quem fez melhor esse papel no jogo foi, acreditem, o Jermaine O'Neal, que defendeu bem demais e ainda foi muito útil no ataque, mas o O'Neal estava sem ritmo e sem fôlego e não conseguiu ficar tempo demais em quadra, e quando ele saia o garrafão do Boston virava uma mistura de Jeff Green, Nenad Krstic e Glen Davis, o que me dava vontade de chorar e o Knicks aproveitou pra pontar la dentro o tempo todo, e como vocês lembram o jogo só foi decidido por uma falta de ataque duvidosa do Carmelo e uma bola de três sensacional do Ray Allen nos últimos segundos. E no segundo jogo, o Carmelo igualou a sua melhor marca da carreira em playoffs, acertou tudo, levou o time nas costas e o Boston também só conseguiu a vitória com uma cesta e um roubo de bola do Kevin Garnett no último minuto. Os jogos três e quatro, por outro lado, foram massacres. O Knicks apertou, chegou a dar um calor no Celtics, mas o Boston sempre soube reagir na hora certa, colocar as mãos na bola do Rondo e abrir a vantagem na hora certa.

Mas essa vitória não pode amolecer o Celtics, porque esse resultado final é enganador. O Chauncey Billups (que vai voltar para a próxima temporada no Knicks por 14 milhões de patacas) não jogou os três últimos jogos por estar machucado, Stoudamire foi bastante limitado por uma lesão nas costas e tirando esses dois mais o Melo, o Knicks não é realmente um time de verdade, o Ronny Turiaf e o Toney Douglas (e no jogo quatro ainda teve atuação surpresa do Anthony Carter) tiveram seus bons momentos, mas nem de longe são confiáveis para uma série dessas no lugar dos astros do time. O Celtics sofreu sem conseguir tirar vantagem de um garrafão alto, tomou porrada do Amare quando ele estava saudável no jogo 1, depois teve que contar com 30 pontos do Rondo pra ganhar o jogo dois. O Celtics melhorou muito nos jogos 3 e 4, mas isso também foi quando o Knicks caiu de produção pela falta do Billups e a lesão do Amare, então os resultados podem ser enganosos.

O que não foi enganoso, e que é ótimo para o Celtics, foi o jogo do Rajon Rondo. O Rondo estava numa péssima fase no final da temporada e, por mais que esteja cercado por quatro futuros Hall of Famers, ele é fácil o melhor jogador do Celtics hoje. Ele é o cérebro do ataque, ele quem coloca ordem e o time é infinitamente mais eficiente quando ele está ligado e comandando o ataque do que quando o Paul Pierce coloca a bola embaixo do braço pra imitar o Kobe Bryant. Tá bom, ele não acerta nem bola de papel no lixo quando tenta arremessar, mas ele é ingeligente com a bola, bate pra dentro muito bem, finaliza próximo ao aro e é muito difícil saber o que ele vai fazer, não só porque ele consegue fazer todos os tipos de passe mas também porque ele está cercado por vários ótimos finalizadores. E o Rondo foi o responsável pelo Boston ter vencido essa série dessa forma: 30 pontos no jogo 2, triple double de 15 pontos, 20 assistências e 11 rebotes (existe um triple double mais Rondo do que esse?) no jogo 3 e fechou com 20 pontos e 12 assistências no jogo 4. Ele foi o responsável por achar Ray Allen, por acionar o Jermaine O'Neal e o Kevin Garnett na melhor hora de finalizar e por fazer o ataque funcionar. E quando o Rondo está jogando assim, atacando o aro e distribuindo o jogo, o Boston é um time mil vezes melhor.

O problema, no entanto, ainda continua. Se a gente viu que o Boston está totalmente diferente na pós temporada, mais focado, mais brigador e com o Rondo jogando demais, o garrafão do Boston ainda mostrou que depende demais de um pivô. O Celtics marcou 118,1 pontos a cada 100 posses de bola quando o Jermaine estava em quadra e quase 30 pontos a menos com ele no banco, 91,6, além do impacto na defesa principalmente marcando o Amare Stoudamire. O banco do Boston sofreu demais no garrafão, não tinha presença perto da cesta e o Boston realmente precisa da volta do Shaq para encarar o Heat. A vantagem é que o time foi capaz de fechar a série logo e ganhou uma semana de descanso antes da série contra Miami, que deve ser usada pra recuperar o Shaq e descansar seus vovôs.

Já o Bulls teve mais dificuldade do que o esperado. Perdeu apenas um jogo, é verdade, mas esteve atrás no quarto período dos três primeiros jogos que venceu e só virou porque o Derrick Rose é um apelão de último nível que botou o time nas costas nos quartos períodos e pontuou feito maluco, mas o fato é que o time suou muito mais que o esperado. O Pacers explorou o máximo que pode todos os defeitos do time do Bulls e conseguiu apertar muito a série: Usou o Tyler Hansbrough o máximo que pode em cima do fraco defensor Carlos Boozer, que ficou muito no banco por faltas, forçou ao máximo a bola nas mãos do Derrick Rose pela falta de um outro jogador pra controlar a bola e congestionou o garrafão pra forçar o armador a chutar de três pontos, e o técnico interino Frank Vogel usou muitos esquemas pra dificultar os passes do Rose, usando o calouro Paul George e uma série de coberturas a essa marcação pra impedir que o Bulls entrasse num ritmo. O fato do Rose ter tido mais de 35 pontos nos dois primeiros jogos não é coincidência, o Rose foi o único do time que conseguia ir pra cima e criar um arremesso. O Pacers jogou muito bem, teve suas dificuldades naturais, mas eu pelo menos vejo futuro na base jovem que o time tem e eu acho que o Vogel devia ser efetivado para a próxima temporada, tem feito um bom trabalho.

Já o Bulls tem que aprender as lições que o Pacers ensinou com tanto carinho. O Bulls sempre soube que a falta de um jogador pra segurar a bola além do Rose era o maior ponto fraco da equipe, mas o time ainda não conseguiu achar uma forma de contornar isso e o Pacers conseguiu explorar muito essa falha da equipe. O outro lado da moeda é que manter a bola o tempo todo nas mãos do Rose vai fazer com que ele faça 36 pontos por jogo várias vezes, as vezes funciona e as vezes não, mas é bom que o Bulls tenha um plano B pra quando funciona.

O Bulls também precisa resolver dois problemas que, aliás, podem ser resolvidos da mesma forma: Arrumar mais opções ofensivas e fazer o Carlos Boozer render mais. O Boozer é fraco na defesa, mas ele sempre compensou isso sendo bom reboteiro e ótima opção ofensiva, mas ele tem sido muito pouco acionado no ataque e aí ele é só um peso na defesa pro seu time, sua habilidade ofensiva é pouco aproveitada. O Bulls tem que usar mais o pick and roll e o pick and pop com o Boozer pra conseguir mais pontos perto do garrafão, o Rose pontua lá dentro mas as vezes os adversários vão cercar o Rose pra obrigar o armador a ficar no perímetro, e aí ele tem que acionar o ex-jogador do Jazz pra pontuar perto do garrafão, seja ele ou seja o Joakim Noah fazendo esse papel. Se o Tom Thibodeau conseguir fazer o Boozer se envolver ofensivamente, isso vai ser uma ótima adição não só pra próxima série mas também pro resto dos playoffs.



Lembrando que ontem saiu uma ordem judicial levantando o lockout da NFL. Pra quem quiser conferir, só ler o post imediatamente abaixo deste.

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