Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O bizarro dos primeiros jogos dos playoffs


"33 pontos e 14 assistências. Missão completa, chefe!"

Eu sei, a gente ainda não terminou de postar todos os previews, ta faltando Spurs vs Grizzlies, mas eu prometo que sai amanhã cedo no máximo, só não saiu antes porque estava sem internet. Enquanto isso, aproveito pra falar do que aconteceu de surpreendente nos primeiros jogos de cada série. Até agora, cada série teve uma partida apenas: O Derrick Rose levou o Bulls nas costas pra passar pelo Pacers, o Heat ganhou apertado do Sixers, o Dirk Nowitzki contou com seis bolas de três do Jason Kidd pra ganhar do Blazers, o Thunder ganhou no sufoco do Nuggets e o Celtics sem Shaq contou com uma ajudinha da arbitragem e uma bola de três espetacular do Ray Allen pra ganhar do Knicks at the buzzer. Nenhum desses resultados foi realmente surpreendente, talvez o Bulls tenha tido mais dificuldades do que o previsto, mas nenhum desses jogos realmente teve algo muito inesperado (E sim, eu sei que apostei no Blazers, mas não achava que eles fossem ganhar o jogo 1).

Por outro lado, tivemos três resultados que surpreenderam muita gente: O Hornets ganhando do Lakers, o Grizzlies conseguindo sua primeira vitória em playoffs o Hawks realmente ganhando do Magic, três resultados que pouca gente imaginava, embora eu devesse ter postado o preview entre Grizzlies e Spurs antes do jogo pra pagar de entendido de basquete, porque eu realmente estava apostando nessa vitória do Grizzlies quando o Spurs ainda não tinha o Manu Ginobili. Mas enfim, ainda era um resultado que a maior parte de quem acompanha NBA não esperava e, de certa forma, foi uma grande surpresa, até porque o Grizzlies nunca tinha ganho um jogo de playoffs na vida. Mas vamos ver o que aconteceu em cada jogo para que essas surpresas acontecessem:

Lakers vs Hornets
Nesse jogo, realmente, não teve nenhum segredo, a gente pode ilustrar isso com apenas quatro números: 33, 14, 7, 4. Esses foram os números, respectivamentes, de pontos, assistências, rebotes e roubos de bola que o Chris Paul teve no primeiro jogo da série, que acabou com vitória do Hornets por 109 a 100. Quem leu o nosso preview da série lembra que eu disse que o Hornets, sem o David West, dependia do Chris Paul jogar muito, destruir quem visse pela frente e levar o time nas costas, infiltrando feito doido, arremessando quando abrisse espaço e envolvendo seus companheiros como forma de tentar compensar a diferença no garrafão. Mas o Hornets recebeu mais do que o esperado: O Chris Paul jogou num nível histórico, comeu o Lakers com farinha e foi o grande responsável pela vitória do time. Mas além disso, o time conseguiu minimizar a vantagem do Lakers no garrafão, ajudado pelo fato de que o Pau Gasol não teve um grande jogo e o Andre Bynum foi limitado pelo joelho e por problemas de falta durante boa parte do jogo. Além disso, o Hornets usou bastante o Aaron Gray, que é um cone, mas é um cone bem alto que ajudou a diminuir a diferença de altura do Lakers além de fazer 12 pontos (Todos em ótimos passes embaixo da cesta, livres de marcação e com cafézinho,do Chris Paul).

Mas o que realmente resolveu a partida foi o Chris Paul jogar feito um maluco. No começo do jogo, além de trabalhar muito bem no pick and roll, ele partiu pra cima, abriu a defesa do Lakers e leu as movimentações perfeitamente, envolveu todos os seus companheiros de time (em especial o Marco Belinelli e o Carl Landry), o time todo só cometeu dois disperdicios de bola no primeiro tempo porque ele ficou com a bola na mão o tempo todo, assumiu as responsabilidades de controlar o jogo o tempo todo no ataque e terminou o primeiro tempo com 10 assistências e uma boa vantagem para seu time. No final da partida, quando o Lakers apertou e o Hornets se sentiu ameaçado, o Chris Paul começou a pontuar que nem um maluco, arremessou por cima de quem quer que estivesse na frente, seja por cima do Derek Fisher, que em nenhum momento conseguiu acompanhá-lo, seja do Kobe Bryant ou até mesmo do Pau Gasol, que bizarramente acabou marcando ele em uma série de pick and rolls, e assim ele marcou 14 pontos no quarto período sempre que o Lakers ameaçava passar na frente no placar. E como ninguém no Lakers conseguiu marcar o Paul, o Hornets não só ganhou a partida e quebrou o mando de quadra do Lakers como também conseguiu ter esperanças. De ganhar a série? Nem isso, de mostrar para o Chris Paul que ele pode conseguir um título ficando em New Orleans mesmo. Muito mais importante que uma mísera série de playoff. O problema pro Hornets foi a lesão feia que o Gray sofreu no final da partida, e não é garantia de jogar o resto da série.

Magic vs Hawks
Acho que, entre todos os jogos, esse foi o que mais impressionou muita gente, inclusive a mim. E foi ainda pior porque ainda vimos o Dwight Howard meter a melhor marca da carreira, 46 pontos, sendo 31 só no primeiro tempo. E ainda assim o Hawks teve controle do jogo e ganhou por uma margem confortável. O Hawks não é aquele time que sempre apanha de times com bons pivôs, e de repente o time ganhou sendo esmagado pelo melhor pivô da atualidade (ainda que com uma concorrência de dar pena)??

Engraçado é que o Hawks ganhou exatamente porque o Dwight fez 46 pontos, não apesar disso. O Hawks entrou com um plano bem definido: Deixar o Howard sempre no mano a mano, nunca dobrar em cima dele e impedir que qualquer jogador além dele pontuasse. E o Magic respondeu acionando o Dwight Howard em cada posse de bola de costas para seu marcador, que as vezes era o Jason Collins, as vezes o Etan Thomas, as vezes o Zaza Pachulia e sou capaz de jurar que vi até o Larry Drew de uniforme fazendo algumas faltas nele. E o Dwight passou por cima da marcação, pontuou feito maluco, acertou até uns lances livres, mas mais ninguém no time do Magic pontuou e aconteceu que no intervalo o Hawks estava na frente. No segundo tempo, tirando o fato do Jameer Nelson ter acordado para a vida e começado a pontuar também, o panorama continuou: Sem dobras no Dwight, e oHawks dominando. É verdade que o Dwight fez 46 pontos, mas também errou mais que 34% dos seus lances livres e cometeu oito turnovers de tanto ser acionado, ninguém mais no Magic foi capaz de pontuar depois de passar todo o jogo sendo ignorado e ninguém conseguiu passar dos seis pontos além do Nelson e do Dwight.

No ataque, o Hawks fez exatamente o contrário, fugiu do Dwight Howard e atacou praticamente o tempo todo de fora do garrafão, acabou com apenas 36 pontos no garrafão, mas acertou 42,9% dos seus arremessos de três pontos e viveu confortavelmente acertando arremessos de meia distância ou cobrando lances livres (21-29). Foi essa combinação - deixar o Dwight pontuar livremente no garrafão sem dobrar, e atacar de fora do garrafão pra não ficar levando toco o dia todo - que levou o Hawks a ganhar essa partida. E é também o motivo de porque o Magic ainda não deve começar a desesperar. Tudo bem, o Stan Van Gundy vai ter que descobrir um jeito de envolver o resto do time no ataque ao invés de isolar o Dwight Howard a cada posse de  bola, o Kobe Bryant cansou de provar pra gente que fazer isso não dá certo no final, mas por outro lado as bolas de longe do Hawks não vão cair pra sempre, e quando essas bolas longas ou de meia distância pararem de cair eles vão ter que levar a bola pra perto do garrafão pra tentar arremessos mais próximos do aro, o que vai render alguns tocos e alguns contra ataques. Não da pra ganhar sempre só com bolas de longe, o próprio Magic provou que isso não vai funcionar sempre, então essa vitória do Hawks parece mais algo excepcional do que algo realmente para preocupar o Magic. A não ser, é claro, que o Van Gundy não consiga mudar o padrão de ataque do time, aí ele vai estar fazendo exatamente o que o Drew quer...

Spurs vs Grizzlies
Essa eu vou deixar pra quando eu finalmente postar o preview, porque tudo que fez o Grizzlies ganhar o jogo de ontem era algo que o Grizzlies tinha como vantagem e que teria que explorar no confronto contra o Spurs. Fica pra amanhã de manhã (ou, se a internet colaborar, hoje mais tarde).

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