Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Macaco velho

Um aviso aos leitores: Conforme os jogos de playoff da NBA vão ficando mais escassos (Logo, também os assuntos), vamos gradualmente voltar a falar da NFL. A gente ainda não vai fazer o intensivo do Draft porque exigiria mais tempo e atenção, e com as Finais logo ali a gente preferiu deixar pra depois. Mas ainda temos muitos tópicos de interesse que aos poucos vão sendo retomados no blog, mas até o fim dos playoffs a prioridade realmente será a NBA. Espero que compreendam.
---------------------------------------------------------------------------

Quando essa foto foi tirada, Michael Jordan ainda jogava. Pelo Bulls.


No jogo três das finais da Conferência Oeste, o jogo foi em Oklahoma City, ginásio lotado impulsionando seu time. O Thunder teve 36 lances livres contra 18 do Dallas. Além disso, o melhor jogador do Dallas, Dirk Nowitzki, fez apenas 18 pontos em 7-21 arremessos e com sete turnovers. Sendo assim, claro que o Thunder ganhou, né? Né?? Néeee??? Mesmo com 36 lances livres, com o melhor jogador do adversário num dia ruim, o Thunder não só perdeu como estava levando uma surra durante boa parte do jogo até o terceiro período, chegou a estar perdendo por 23 pontos e quando conseguiu sua recuperação, esbarrou nas próprias pernas e perdeu.

Em um post polêmico (mas só porque o Blogger o apagou e depois ele reapareceu misteriosamente, e eu fiquei puto no meio tempo), eu comentei como os times formados por jogadores jovens estavam dominando esses playoffs enquanto os veteranos tradicionais, no caso San Antonio, Los Angeles e Boston, estavam caindo fora com requintes de crueldade e sendo verdadeiramente dominados. O único time que sobrou entre os tradicionais veteranos foi justamente o Dallas Mavericks, que está batendo de frente contra o time mais pirralho da pós temporada. Comentei também que a experiência, que esses times tanto vinham usando como arma nos últimos anos, nessa temporada parecia não surtir efeito. Até o jogo três da final do Oeste, bem entendido. E se no preview dessa série eu disse que como os times não tinham características ofensivas que batiam de frente com as características defensivas do outro time (Como foi o caso do Mavs contra o Lakers, por exemplo, um time que vive de pontuar no garrafão), quem deveria decidir os duelos seriam os craques das duas equipes, Nowitzki e Kevin Durant, eu também citei o duelo Jason Kidd contra Russell Westbrook como um duelo importante. E esses dois 'matchups' foram no jogo três os fatores decisivos nas horas decisivas, simplesmente porque dois são pirralhoes e dois são veteranos cascudos.

O Mavericks dominou o primeiro tempo do jogo três, abriu 23 pontos de vantagem(35-12!!), comeu o Thunder com farinha e isso tudo com o Nowitzki jogando mal. Mas no terceiro quarto, o James Harden começou e o Westbrook continuou uma sequência pro Thunder na qual eles começaram a marcar pontos e não pararam mais, especialmente da linha do lance livre com o Westbrook adotando sua famosa tática 'fecha os olhos e ataque a cesta em linha reta', o que fez o JJ Barea cometer falta atrás de falta e mandar o armador de Oklahoma pra linha do lance livre. O Thunder conseguiu, assim apertar no placar chegando no final da partida. E é aí que a história começa.

O Thunder tinha o momento na partida. O ataque do Mavs não conseguia produzir, e o Thunder precisava de só mais algumas cestas pra empatar no placar. Westbrook, até alí, tinha sido o herói do time conduzindo a campanha pra aproximar o placar. Mas foi nessa hora que a inexperiência e imaturidade do Westbrook prevaleceram. O Westbrook tem sido muito criticado por pensar primeiro em pontuar e depois em armar, o que gera infiltrações idiotas, arremessos forçados e turnovers. Ele chegou a passar o quarto período inteiro do jogo 2 no banco com o Eric Maynor de titular arrasando a defesa do Mavs. E no jogo quatro, depois de praticamente sozinho levar seu time até encostar no placar, o jogo dele parou de funcionar. O Dallas começou a fechar o garrafão pras infiltrações dele e até deixando o Kevin Durant livre algumas vezes, mas ele não teve a calma de parar, colocar a bola embaixo do braço e armar uma jogada, o que o Kidd faz tão bem. O Westbrook é ótimo, atlético, infiltra muito bem, mas quando tem que usar o cérebro e acalmar o jogo, ele não sabe. O que ele fez foi exatamente o contrário: Colocou a bola embaixo do braço, mas pra correr que nem um maluco forçando infiltrações, arremessos, chegou até a arremessar uma bola de três marcado sem sequer procurar algum companheiro livre com mais de 20 segundos ainda no relógio!

Do outro lado, o contraste entre os armadores: Numa rotação de bola, Kidd recebeu a bola livre, com espaço e tempo pra chutar. Mas preferiu fazer o pump fake, o Durant pulou e aí o Kidd se jogou nele pra cavar a falta e ganhar três lances livres que ele tinha mais chance de acertar do que aquela bola de três. Essa frieza e esse QI pro basquete do Kidd tem sido fundamental para a rotação do Mavs durante toda a temporada mesmo quando ele não faz a assistência. Ele tem sabido acionar seus companheiros e achar seu lugar no perímetro pra suas novas companheiras de três pontos. Ele não é atlético, não infiltra e não marca tão bem quando o Westbrook, ele não faz 30 pontos por jogo, mas ele vai errar pouco, vai fazer o time funcionar, e quando o jogo apertar, vai acalmar os ânimos, ditar o ritmo e fazer o time jogar o jogo que ele quer. Ao contrário do armardor do Thunder, que no final do jogo nenhuma vez procurou o cestinha da NBA e preferiu abaixar a cabeça e correr até a cesta ou então ficar driblando até forçar um arremesso ou tocar para um companheiro num aperto pra um arremesso precipitado. Quando precisou pontuar, o Westbrook dominou. Quando o jogo apertou e precisou de alguém que ditasse o ritmo, controlasse os ânimos e armasse o jogo para cestas fáceis, quem dominou foi o Kidd.

E a verdade é que a culpa disso não é SÓ do Russell. Claro que ele tem sua parcela de culpa, as vezes até por inexperiência, mas essa culpa também se extende aos companheiros de time, ao técnico, e claro, ao Kevin Durant. Muitas vezes o Russell não arma porque não tem uma jogada pra armar, ou porque os seus companheiros de time não executam direito, e aí ele perde a cabeça e faz besteira. Vejam esse post do NBA Playbook, sobre a jogada que fez o Westbrook sentar no jogo dois, e podemos notar que existe uma jogada chamada que o Thabo Sefolosha erra na hora de executar. Ai falta a paciência pro Westbrook chamar outra jogada, claro, mas também não é só culpa dele.

E também tem o fator Kevin Durant. Muita gente gosta do Durant porque ele é humilde, modesto, não gosta de fazer alarde nem chamar a atenção. Eu acho isso bem legal nele também, em contraste por exemplo ao Lebron James, que tanto gosta de chamar a atenção. Mas o Durant as vezes transfere demais isso pra dentro de quadra, as vezes falta a ele a arrogância (no bom sentido) e até a maturidade pra chamar a bola no final dos jogos, exigir a bola nos momentos decisivos, ficar bravo quando é ignorado. Claro que em execsso isso é péssimo, um jogador responsável por decidir jogos também tem que saber quando passar (e ser malhado por isso) e quando decidir, mas pro cestinha da Liga e melhor jogador do time, deveria ser um absurdo não receber a bola - e o que é pior, nem pedir, não cobrar a bola dos companheiros, assistir enquanto eles faziam besteira atrás de besteira. Ele não deve arremessar todas as bolas, mas nos momentos decisivos do jogo o Durant não pedir a bola é um defeito importante! Em contrapartida, o macaco velho do Jason Kidd soube exatamente nas mãos de quem colocar a bola quando o time precisou de dois pontos: Do cara que até alí não tinha acertado menos de 30% dos arremessos, que tinha sete turnovers e que não vinha jogando bem. E o Nowitzki recebeu a bola, acertou dois arremessos e dois lances livres, e pronto, o jogo estava decidido porque na posse de bola seguinte o Russell Westbrook ia correr e chutar uma bola tosca de três pontos. A calma do Jason Kidd e a confiança do time e do alemão que ele era capaz de ser o closer do time foram o diferencial contra a afobação do Westbrook e a falta de poder de decisão do Durant. E o Mavericks venceu fora de casa sua quarta partida seguida.

Quando o Kendrick Perkins foi trocado pra Oklahoma City, todo mundo se admirou que o Thunder era um time jovem, com muito espaço para evoluir (Os quatro principais jogadores - Harden, Serge Ibaka, Durant e Westbrook não tem nem 22 anos de média) mas que mesmo com todo esse potencial o time já estava pronto pra ganhar agora, tinha um time sólido, com boa defesa e duas estrelas. Mas talvez - apenas talvez - o Thunder não esteja tão pronto assim. Não por falta de talento, mas por falta de maturidade e experiencia. Como o Mavericks fez questão de ensinar a duras penas nesse jogo três.

Nenhum comentário:

Postar um comentário