Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Manual de como perder do Miami Heat


Lebron está todo pimpão por ganhar menção
 num blog brasileiro desconhecido de basquete

Ontem tivemos uma noite sensacional de playoffs: Primeiro um jogão de Heat e Celtics com direito a prorrogação (E um post do TM Warning) e depois outro jogo de primeira com Thunder e Grizzlies com direito não a uma, nem a duas, mas TRÊS prorrogações. Infelizmente eu ainda não assisti ao jogo entre Thunder e Grizz, isso será trabalho pro meu League Pass daqui a algumas horinhas, mas acompanhei Celtics e Heat até o final e posso falar que foi um jogo excelente, emocionante, disputado e com grandes jogadas e jogadores de ambos os lados. E ganhando o jogo quatro em Boston, contra um Celtics empolgado pela vitória do jogo três, provavelmente foi o determinante dessa série. Agora o Boston precisa ganhar os próximos três jogos - dois em Miami - pra avançar para a final, tarefa muito difícil para o que o Boston apresentou em três dos quatro jogos da série até aqui.

Mas como dizem que você aprende melhor na derrota do que na vitória, vamos entender o que aconteceu para o Boston perder o jogo de ontem. Fiz uma listagem dos vários fatores que foram os principais responsáveis pela derrota do Celtics ontem e vamos ver se o Boston tem condições de dar a volta por cima de alguma forma milagrosa e digna dos campeões que eles são. E antes de começar, quero deixar uma coisa clara: Não estou, por essa lista relacionada ao Boston, tirando o mérito do Heat. O Boston não jogou mal, pelo contrário, até jogou bem, mas não venceu porque não foi capaz de controlar uma série de fatores relativos ao seu time ou ao jogo. Eu não achei que o Heat, tirando um carinha fraco lá com as iniciais LBJ, tenha jogado um grande jogo, ou pelo menos não acima da média do grande time que ele é. Foi acima da média da NBA, lógico, e o jogo do Heat contribuiu para os resultados abaixo, mas depois de ver o jogo e um compacto, o Boston que precisa corrigir os defeitos do seu jogo, não o Heat.

Entre essas causas da derrota do Boston abaixo, tem de tudo: Alguns méritos do Heat, problemas do Celtics e também azar ou sorte de algum dos lados. Cabe a cada um separar o que acha que é mérito de um, demérito do outro ou simplesmente azar. Mas bom, vamos a isso.


Armação das jogadas
18 turnovers não é um número absurdo de turnovers pra um jogo de playoff entre dois times com defesas tão fortes e uma prorrogação. O número que assusta daí são os quatro turnovers SÓ na prorrogação, quando o Heat fechou o jogo na marra. Esse número reflete bem um problema sério para o Boston, que foi na hora de armar as jogadas.

O Celtics tem, normalmente, dois modos de conduzir seu ataque. Um deles, o mais eficiente, é deixar o Rajon Rondo com a bola na mão o tempo todo, tomando decisões, chamando as jogadas e acionando os ótimos pontuadores que o time tem. Esse é o mais eficiente porque o Rondo é o melhor ball handler do time, melhor passador, tem a melhor visão de jogo e bate pra dentro do garrafão muito bem pra abrir espaços, é quando o time funciona melhor, o Rondo trabalhando com a bola e o resto se movimentando só esperando um passe pra finalizar. O outro é quando o Paul Pierce é o encarregado de levar a bola pro ataque e tomar as decisões. Nesse caso a eficiencia do ataque cai absurdamente, o Pierce não é tão ágil como antigamente e muitas vezes acaba gerando turnovers com passes ou infiltrações apressadas ou então a posse de bola acaba num arremesso forçado na cabeça do garrafão (que as vezes cai porque ele é bom). Embora o primeiro seja mais eficiente, as vezes o Pierce tem uns acessos de querer ser o herói e fazer tudo sozinho e começa a querer armar todas as posses de bola, que geralmente tem resultados desastrosos a médio prazo e tiram o time de ritmo, já que quando começa assim geralmente só ele arremessa.

Ontem, o Pierce armou o jogo muito mais do que eu gostaria ou do que seria aceitável. Mas o Pierce não tem culpa, porque ele não armou querendo dar de herói, e sim porque o Rondo não estava em condições de armar o jogo o tempo todo. Ele jogou muito menos tempo do que qualquer um do Big Three, e muitas vezes sem a bola. Seu braço ainda não melhorou a ponto de permitir que o Rondo faça o papel de armador em tempo integral, e aí a bola sobrou pro Pierce, pro Delonte West ou até pro Ray Allen, que nem de longe são planos tão eficientes e não só geraram turnovers como também arremessos forçados, com pouco tempo ou simplesmente idiotas. O time não conseguiu achar bons arremessos e pagou o preço.

Garrafão
Sim, eu vou bater nessa tecla de novo, de novo e de novo até o Danny Ainge cometer harakiri no garrafão do TD Garden usando a camisa 43 em penitência. Não preciso repetir o conteúdo, vocês já devem ter lido o suficiente, mas o resultado foi simples: O Heat pegou 13 rebotes a mais que o Boston, sendo 10 ofensivos contra apenas três dos Celtas. Ano passado, o Boston perdeu o jogo 7 das Finais justamente porque foi dominado perto do aro e não conseguiu pegar rebotes. Agora aconteceu o mesmo, mas para um time com um garrafão mil vezes mais baixo e mais fraco. Um pouco mais de altura, um pouco mais de força, um pouco mais de rebotes teriam sido suficientes pra ganhar essa partida. Mas ao invés disso, o Miami fez o que quis: Pegou rebotes e converteu cestas fáceis de segunda chance perto do aro.

Também atrapalhou o fato do Shaq não estar em condições de jogo, mas eu ainda acho que ele poderia ter jogado mais. O Shaq entrou, jogou 3 minutos, fez duas faltas (Uma delas não foi nada) e foi afundado no banco para o resto do jogo, enquanto o Boston era dominado no garrafão insistindo num small ball. O Shaq não vai ser o Shaq da temporada regular que eu esperava que fosse pra aumentar o garrafão do Boston, mas mesmo esse Shaq já é um bife muito melhor do que o Big Baby!

Kevin Garnett
Como você não tem um pivô que possa aumentar a altura e dar a vantagem para o seu time contra um adversário de garrafão fraco, pelo menos o seu ala de força tem que dominar seu matchup, como o Garnett dominou no jogo três. Mas o Garnett foi muito mal, errou nove dos dez arremessos que tentou, não conseguiu pegar muitos rebotes e só não foi dominado o jogo todo porque o Chris Bosh jogou ainda pior no primeiro tempo e o Garnett conseguiu dominar os rebotes e a defesa em cima dele. No segundo tempo, Bosh acordou e o resultado foi um massacre vergonhoso pra cima do Garnett, que foi totalmente destruido no garrafão. Pra ganhar, o Boston precisava que o Garnett elevasse seu jogo novamente e ganhasse do Bosh, mas isso não aconteceu. Pela terceira vez. Em três derrotas.

Lebron James e Dwyane Wade
Eu falei, quando comentei da série entre Boston e Knicks, que é péssimo para um time uma série onde ele não tem o melhor jogador, ainda que tenha o melhor time. O Boston sentiu o peso disso com os 42 pontos do Carmelo Anthony na primeira rodada, antes do Rondo acordar e assumir o papel de melhor jogador da série. Nesse jogo, isso fez mais uma vez a diferença: Quando o jogo apertou, eram esses dois que conseguiam um roubo de bola pra colocar o Miami de volta na partida. Quando o time precisou de uma cesta, esses dois fizeram. Quando o Ray Allen colocou uma bola espetacular de três pontos no finalzinho da partida, foi o Lebron James que foi lá e devolveu mesmo bem marcado pelo Pierce. Logo depois, foi ele mesmo que fez outra cesta e que no final mandou o jogo pra prorrogação. E quando o Boston, depois do Lebron ter feito o Heat abrir vantagem na prorrogação, começou a se aproximar, foi o Wade quem foi lá e acertou uma bola ninja com uma marcação perfeita do Delonte West pra acalmar os ânimos. O talento individual desses dois - a maior arma do Heat desde o começo - acabou decidindo o jogo.

Quem quer que tenha desenhado a última jogada do tempo regular
Mais um quesito onde a culpa aparentemente é do Paul Pierce, mas tenho quase certeza de que não é. O Boston, depois de um turnover do Lebron, tinha a bola com o jogo empatado e 18 segundos no relógio, e pediu tempo. Ou seja, o Boston teve tempo o suficiente pra montar uma jogada para fazer a cesta e ganhar a partida sem dar ao Heat a chance de tentar a sua cesta. O Boston perdeu a chance de ganhar o jogo no tempo normal, quando eles ainda tinham perna, por causa dessa jogada. Até entendo que o Rondo, que normalmente ficaria com a bola numa ocasião dessas, poderia não estar em condições, mas também não acho que tenha sido iniciativa do próprio Pierce. Observem como na jogada primeiro a bola vai pro Ray Allen, o melhor chutador de lance livre, pro caso do Heat tentar uma falta. Como ela não veio, a bola vai pro Pierce, que gasta o relógio e tenta um arremesso difícil, longe da cesta, pulando pra trás, forçado e muito bem marcado do lado esquerdo da quadra. Não foi aleatório, foi combinado, e quem desenha esse tipo de jogada é o técnico, Doc Rivers. E você me desculpe, Rivers, mas se com 19 segundos no relógio e Rondo, Allen, Pierce e Garnett em quadra você não consegue desenhar uma jogada melhor do que 'isolar o Pierce no mano a mano com o Lebron pra um arremesso forçado do canto da quadra' e mesmo assim tem um prêmio de 'Técnico do Ano', é porque tem alguma coisa muito, muito errada!


Bom, dito tudo isso, da pra ver que a vitória do Heat veio de quatro fontes: Méritos do Heat, alguns deméritos do Celtics, o azar que o Boston teve com o cotovelo do Rajon Rondo, e do Danny Ainge. Mas eu não consigo ver o Boston revertendo a grande maioria desses fatores citados acima num jogo cinco, a não ser que o Rondo milagrosamente se recupere até lá. Mas a gente assiste e torce, porque uma virada épica não é novidade na NBA e, pelo menos pessoalmente, espero que tenhamos mais uma.

4 comentários:

  1. Impressionante o equilibrio dos numeros entre Lebron e Wade nos playoffs.
    Estão empatados em pontos e assistências por jogo.
    Lebron tem mais rebotes e Wade tem mais roubadas e tocos.
    Bosh tem sido um coadjuvante de luxo.
    Mas acho que o Wade tem sido mais decisivo que o Lebron, que pelo menos não está sumindo como nos playoffs de outros anos.

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  2. Esse equilibrio deles tem sido a chave do time até aqui, e vai ser ainda mais importante quando eles pegarem um time com garrafão forte que não permita os pontos fáceis perto da cesta.

    Eu pelo menos defendo o Wade como MVP desse time porque o papel dele é de liderança, o time assumiu a mentalidade competitiva dele, e não do Lebron. Aliás, de certa forma, o Heat começou a engrenar quando o time deixou de lado aquela coisa de 'Vamos mostrar pro mundo que a gente é foda' e passou pro 'Vamos jogar como um time e ser campeão' (LEmbrando que o Wade é o cara que cortou 25 milhoes do salário pra reassinarem com seu melhor amigo, Udonis Haslem). Claro que tem mais coisa por trás dessa melhora do time, mas não é coincidência também.

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  3. Com toda certeza.
    Também acho que o Wade tem mais espírito de equipe, o que o torna um líder do time. Nesse último jogo com o Boston ele jogou de nº 1, fazendo toda armação, jogou de 2, só não jogou de 3 pq o Lebron tava lá.

    E o Boston só não ta tomando uma surra pq o Bosh ta abaixo do que pode jogar, nesses playoffs o Boston estão abaixo do potencial deles.

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  4. Sim, esse espírito de equipe e a liderança que ele exerce sobre o grupo foram fundamentais, ele é indiscutivelmente O CARA do time, mas preciso dar os parabéns pro Lebron também, não é toda superestrela da Liga que aceita ser o nº2 numa boa como ele aceitou.

    E eu já bati nessa tecla, mas pra mim não é que o Boston esteja abaixo do potencial, eles não tem é material humano pra enfrentar o Heat. O Heat tem dois dos cinco melhroes jogadores do mundo, pra vencê-los o Boston precisava usar a grande arma que usou na temporada regular e funcionou tão bem: Sua altura de garrafão que obrigam Lebron e Wade a jogarem de longe, o que eles nao gostam. Mas Perks saiu, Shaq machucado e o Jermaine não consegue fazer isso sozinho.

    Quem do Boston realmente achei que ta jogando mal - e tem feito uma diferença brutal - é o Garnett mesmo. E se ele não consegue se impor, sem um pivô, Boston não vai ganhar.

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