Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Preview NFL 2013 - Philadelphia Eagles

"Então, qual deles que é o nosso quarterback, mesmo?"


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Depois de terminar a série de previews da AFC East para a temporada 2013 da NFL, passamos a falar da NFC East, começando pelo atual campeão dela, Washington Redskins, e depois pelo Dallas Cowboys e pelo popular New York Giants. Hoje, vamos terminar a divisão falando da sua maior incógnita, Philadelphia Eagles. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

Philadelphia Eagles

2012 Record: 4-12
Ataque ajustado: 25th
Defesa ajustada: 26th


Existe três tipos de times que são extremamente difíceis de se prever de uma temporada para a outra na NFL: times que trocaram o QB entre as temporadas; times com indefinições ou disputas de QBs; e times que jogaram tudo fora e decidiram remodelar desde o começo.

O primeiro é bem simples. O quarterback é o jogador mais importante de um time de futebol americano, sendo que 95% das jogadas ofensivas passam pelas mãos dele, e mais de 50% delas terminam com o QB passando, correndo, tomando sack ou fugindo pela sua vida. É a posição com maior produção individual de qualquer esporte coletivo do mundo, e eu não preciso ir muito longe na história da NFL para mostrar o impacto que grandes QBs têm em determinar quais times são bons ou não ao longo dos anos. Então não é de surpreender que o maior tipo de mudança que um time pode sofrer de um ano a outro é mudar a figura que ocupa a posição mais crucial da equipe. Claro, cada caso é um caso e existem dezenas de fatores que influenciam no sucesso ou não de um QB dentro de um time, mas é justamente isso que torna tão difícil imaginar de antemão como o encaixe QB-time vai funcionar em casos de mudanças. Isso é flagrantemente óbvio quando esse QB novo é um calouro sem nenhuma amostra na NFL para saber como ele vai render em uma Liga diferente (em relação a NCAA), mas também acontece com veteranos (exemplo, Carson Palmer indo para o Cardinals): ele vai para um time novo, com um esquema tático diferente, forças e fraquezas diferentes e que vai pedir coisas diferentes. Como projetar o sucesso (ou falta dele) passado nesse novo time? Ele será mais eficiente por ter melhores WRs e uma OL mais sólida? Será que será menos eficiente porque seu novo time irá pedir que ele lance mais bolas sem o auxílio de um jogo terrestre que abra as defesas? Será que esse novo esquema tático vai ressaltar alguma qualidade ou fraqueza do seu jogo que ninguém tenha percebido? É uma tremenda incógnita, e por isso é dificílimo de se projetar a mudança que isso pode causar ano a ano.

(Isso é ainda mais válido por um simples fato: grandes QBs raramente trocam de times por troca ou Free Agency, é um acontecimento muito raro. Tom Brady ou Peyton Manning seriam geniais no Dolphins, no Rams, no meu ex-time de flag ou onde estão de fato - embora obviamente se adaptariam de formas diferentes a situações diferentes - mas eles muito dificilmente gerarão esse tipo de dúvida por raramente trocariam de time. Os QBs que mudam de time são geralmente veteranos medianos, jogadores sem grande história de sucesso ou jogadores jovens que ainda não se provaram na NFL.)

O segundo, de certa forma, é uma variação do primeiro. A dúvida entre dois QBs diferentes não só trás as mesmas dúvidas levantadas anteriormente, mas também levanta (especialmente no caso de QBs com características diferentes, o que normalmente é o caso) questões sobre qual será a abordagem dessa equipe numa dada temporada. Pense no 49ers se tivesse na dúvida entre Colin Kaepernick e Alex Smith como exemplo: os dois tem características diferentes. Smith é um cara menos móvel que gosta de passar de dentro do pocket, tem melhor aproveitamento mas menos explosão, enquanto Kaepernick tem muito mais força no braço e é um QB mais produtivo num ataque de alta velocidade. Ainda que o 49ers seria um grande time com qualquer um dos dois, a escolha mudaria radicalmente o estilo de jogo da equipe: se escolhesse Smith, o time provavelmente iria se focar em um estilo de jogo mais lento, controlando o relógio e vencendo as batalhas dos turnovers, o que explora as forças (controle de jogo, precisão) do seu QB e esconde suas falhas (falta de força, principalmente). Se escolhessem Kaepernick, o time provavelmente iria jogar num ritmo mais rápido, com mais jogadas de option e usando o ataque como o determinador do seu ritmo de jogo (e não a defesa). Então essa decisão não afeta apenas a posição e o jogo aéreo, e sim toda a estratégia da equipe, e por isso é complicado avaliar um time quando a decisão ainda não está tomada.

A terceira é, talvez, a mais rara de todas na NFL. Reconstruir tudo é mais difícil que na NBA ou na MLB pelo número de jogadores relevantes que um time de futebol americano necessita, e ainda mais considerando que a mobilidade de jogadores (especialmente em trocas) é muito menor na NFL que em qualquer outra Liga. São poucos os times que chegam naquele ponto em que podem se livrar de mais de metade do time, mudar o técnico e toda a comissão, e basicamente recomeçar um projeto novo. Recentemente, eu consigo pensar em dois que fizeram isso, e um deles (Lions) foi menos por opção e mais por necessidade, pois o time estava ruim demais e não precisavam se desfazer de muita coisa. E embora aqui seja uma coisa muito caso a caso, os motivos que levam a incertezas aqui são mais do que óbvios: ninguém sabe os jogadores que jogarão juntos, como eles jogarão juntos, qual vai ser a abordagem tática, como o time vai se adaptar aos testes ao longo do ano, e por ai vai.

E é por isso que é tão difícil prever ou saber o que esperar do Eagles para 2013. A equipe se encaixa nos dois últimos critérios de incerteza dos quais falamos e, dependendo do resultado da disputa entre os QBs da equipe, podemos ter um time que se encaixa nos três critérios, e justamente por causa disso não tem um time mais difícil de prever para a temporada que vem na NFL. Mas vamos devagar, caso a caso, para tentar achar os pontos principais dessa confusão toda.

Para entender essa reconstrução pela qual o Eagles está passando, vamos voltar um pouco no tempo para a temporada 2010, quando a equipe terminou 10-6 e ganhou a divisão pela última vez. Depois de trocar Donovan McNabb, o titular da equipe por quase 10 anos, o técnico Andy Reid deu o comando do time para um QB jovem e com poucos jogos no currículo, mas que tinha mostrado algo promissor nesses poucos jogos - Kevin Kolb. Mas quando Kolb se machucou, Reid teve que recorrer ao seu QB reserva que tinha passado dois anos na cadeia, Michael Vick. Apesar das óbvias desconfianças, Vick teve em 2010 a melhor temporada da sua carreira: em apenas 12 jogos, ele teve 63% de aproveitamento, com 250 jardas aéreas por jogo, 21 TDs contra apenas 6 interceptações, sem falar nas 56 jardas terrestre por jogo com mais 9 TDs. Vick terminou a temporada com o quarto melhor rating da NFL (100.2, o melhor da sua carreira) e quinto em QBR (68.2), e apesar de uma derrota na primeira rodada dos playoffs para o eventual campeão Packers, tudo parecia muito bem encaminhado na Philadelphia.

Na offseason o Eagles decidiu que, tendo o terceiro melhor ataque da Liga em 2010 e projetando uma temporada inteira de Michael Vick a la Steve Young, decidiu reforçar a defesa, e o fez agressivamente. Trouxe o que era considerado o melhor Free Agent da temporada, Nnamdi Asomugha, por anos o melhor CB da NFL, e trouxe também o segundo maior prêmio da FA, o pass rusher Jason Babin, além do valorizado DT Cullen Jenkins. Além disso, o time trocou Kolb para o Cardinals em troca de mais um CB All-Star (Dominique Rodgers-Cromartie), e juntando aos All-Stars que sua defesa já tinha (particularmente Trent Cole e Asante Samuel), a franquia montou o que seus próprios jogadores chamaram de "Dream Team", o que projetava ser um dos melhores times da Liga em 2011.

Não aconteceu. Michael Vick regrediu como era esperado, o resto do ataque não conseguiu manter o ritmo sem seu QB produzindo a níveis estelares, e o ataque caiu para o oitavo melhor da NFL. A defesa, apesar de suas três novas estrelas, continuou sendo apenas a 11th melhor da Liga, e o time viu seu record cair para 8-8 no que foi considerado um enorme fiasco. Mas na verdade, o problema não foi o Eagles sendo um time ruim. Na verdade, o Eagles foi um time igualmente bom mas muito mais azarado, terminando com o mesmo Pythagorean Expectation do ano passado (10-6) e um record absurdo de 2-5 em jogos decididos por uma posse de bola apesar de um calendário que passou do 20th mais difícil para o 10th mais difícil da Liga. O problema mesmo foi a questão da percepção, sobre como o time que deveria dar um grande salto com suas grandes contratações não evoluiu em nada e ainda viu seu record cair e tirá-lo dos playoffs. Mesmo que não houvesse grandes motivos para pânico, a questão expectativas vs realidade (e o record bruto do time) fizeram a diretoria e a mídia entrarem num modo de ataque para cima da equipe, e ai tudo foi ladeira abaixo.

A temporada 2012 do Eagles foi a típica temporada "tudo que pode dar errado, vai dar errado". Apesar de ser o melhor jogador da secundária da equipe em 2011, Asante Samuel reclamou de ficar no banco e foi imediatamente trocado. A diretoria entrou em pânico e demitiu o coordenador defensivo Juan Castillo apesar de números sólidos da defesa, e tudo foi para o inferno a partir desse ponto, com Asomugha e Cromartie saindo do papel ao qual estavam acostumados e rendendo muito pouco, Jason Babin e Trent Cole tendo um ano horrível (8,5 sacks entre os dois... juntos!), e basicamente do o resto da defesa sendo horrível. Uma defesa do mesmo nível de antes (11th) antes da demissão de Castillo, a equipe terminou com a sétima pior defesa da temporada e a PIOR de toda a NFL pelos números ponderados (que atribuem maior valor aos jogos quanto mais perto do fim da temporada). Do outro lado, o ataque foi um problema por conta das lesões que sofreu e pelos enormes problemas de Vick. O camisa 7 teve a pior temporada de toda sua carreira em QBR, jogando apenas 10 jogos e sofrendo um incrível número de 11 fumbles nesses 10 jogos (contra apenas um TD terrestre), sendo um número enorme deles na red zone. Além disso, os principais backs da equipe (DeSean Jackson e LeSean McCoy) combinaram para perder 10 jogos e, talvez ainda mais importante, apenas um dos principais jogadores de linha ofensiva de 2010 E 2011 juntos conseguiu jogar mais de 13 jogos na temporada (Evan Mathis), com todos os outros (inclusive seus melhores jogadores em Jason Peters e Todd Herremmans) sofrendo lesões que os tiraram da temporada. A combinação disso tudo foi desastrosa, com o time terminando 4-12 e sem nenhum consolo analítico (a Pythagorean Expectation da equipe foi exatamente de 4-12 e o time venceu metade dos jogos decididos por uma posse de bola) além do fato que todos os torcedores do Eagles vieram correndo adivinhar quando comecei essa série, que a equipe foi a quarta pior de toda a NFL recuperando fumbles (36%). Se em 2011 era possível ter esperanças por conta do azar da equipe, em 2012 o time foi um dos piores da NFL por qualquer métrica disponível aos seres humanos.

Entre a decepção de 2011 e o fracasso retumbante de 2012, os cabeças da franquia decidiram que era hora de jogar tudo para o alto, fingir um ataque cardíaco e seguir em outra direção. A equipe demitiu o técnico Andy Reid, no comando da equipe há 14 anos, e toda sua comissão técnica para começar do zero. Para isso, trouxe da NCAA Chip Kelly, um HC sem experiência na NFL mas famoso por seus ataques altamente explosivos e criativos, considerado uma das mentes ofensivas mais interessantes do futebol americano. A direção também não perdeu tempo em se livrar de quase toda sua problemática defesa, com quase todos os principais jogadores (Asomugha, Cromartie, Babin, Jenkins, Jarred Page, entre outros) sendo dispensados e poupando apenas Cole e Nate Allen, entre os principais jogadores que acompanharam a franquia nesses anos. E apesar do ataque não ter passado por grandes mudanças de pessoal, ainda deve passar por mudanças enormes dentro de campo por mudar do ataque de Andy Reid para o de Kelly.

Então foi assim que o Eagles chegou até aqui, e é a partir disso que devem seguir em frente para reconstruir um time que chegou a um Super Bowl (2004) e mais quatro finais de conferência (2001, 2002, 2003, 2008) sob o comando de Reid. Então dentro do possível, o que podemos esperar ou tirar dessa que deve ser uma radical mudança na franquia?

Em primeiro lugar, eu acho que existe pouco interesse na defesa do time para 2013 do ponto de vista analítico. Kelly é um técnico de mentalidade ofensiva e temos pouca amostra do que seus coordenadores defensivos devem implementar desse lado da quadra. Com números razoáveis em 2012 e a chegada do bom NT Isaac Sopoaga para ocupar bloqueadores, a expectativa é que a defesa terrestre do time continue sendo uma unidade decente indo para frente, mas mais do que isso é muito difícil analisar porque grande parte da defesa do time vai ser composta de garotos com pouca rodagem, jogadores que tinham pouco espaço em outros clubes, e algumas peças que já estavam na equipe mas tiveram rendimentos muito pouco convincentes em 2012. Ainda que seja interessante ver como a nova comissão técnica lida com esse grupo, ainda é uma incógnita grande e não devemos esperar grandes coisas da defesa para 2012.

O ataque é um caso a parte. Não foi um grupo que sofreu grandes cortes desde a temporada passada, o que claramente indica que a diretoria e a nova comissão técnica estão satisfeitos com as peças que têm nas mãos e acha que esses são os jogadores que podem funcionar no esquema de Kelly. O time trouxe ainda duas adições espetaculares via Draft (Draft esse que eu elogiei amplamente) em Lane Johnson e Zach Ertz (chegaremos lá) e conta com um excelente núcleo (quando saudável) desse lado da bola, e Kelly vai ter bastante material para trabalhar. Então deixando de lado a questão do QB por enquanto, vamos ver o que podemos esperar dessa unidade.

A primeira coisa que chama a atenção vendo Chip Kelly quando era técnico de Oregon é que seus ataques gostam de jogar em grande velocidade. Seja correndo ou em jogadas aéreas, é um esquema com muita movimentação, improviso e que se beneficia de jogadores rápidos e explosivos. Isso encaixa bem com o que ele tem, com LeSean McCoy sendo um dos melhores RBs da Liga e DeSean Jackson sendo um dos jogadores mais explosivos de toda a NFL. Na verdade, eu sempre achei que Jackson era um pouco mal utilizado com Reid: o ex-técnico sempre explorou muito bem sua velocidade nas rotas longas, mas achava que sendo um dos retornadores mais dinâmicos da Liga, o Eagles pecava ao não criar tantas jogadas que dessem a bola para Jax em espaços abertos próximos a linha de scrimmage, onde ele poderia causar estragos com a bola nas mãos (pense Percy Harvin). Com Kelly, isso deve ser uma arma mais usada, especialmente agora que o time trouxe Lane Johnson, um dos OTs mais atléticos que eu já vi e que é perfeito para esse estilo de passe curtos e lateral que exige um tackle de grande mobilidade para acompanhar os corredores perto da linha. Ertz também é um encaixe interessante, é um TE muito atlético cujo potencial recebendo passes é enorme, criando missmatches por conta do seu tamanho e velocidade, outro bom encaixe para um ataque dinâmico e explosivo. Com um pouco mais de sorte com lesões (especialmente com a linha ofensiva), Kelly deve ter um prato cheio para implementar seu estilo, combinando jogadores mais veteranos e completos como Peters e Herremans, mais sólidos na proteção, com a explosão dos jovens Johnson e Danny Watkins. O fato da equipe não possuir um recebedor "possession" de meia distância deve ser disfarçado pelo melhor uso das rotas curtas em velocidade de Jax e Jeremy Maclin, ou então do uso de seus dois TEs pelo meio estilo Patriots com a velocidade de Jackson abrindo a defesa nas rotas longas. Então em geral, devemos esperar um ataque muito mais dinâmico e explosivo que em 2012, e só Deus sabe as invenções que Kelly vai conseguir tirar com um ataque tão variado (de novo, supondo que o pessoal fique saudável) e com tantos jogadores interessantes.

A grande dúvida aqui, claro, é quem vai ser o quarterback da equipe. O Eagles entra no training camp com três opções possíveis: Vick, Nick Foles, ou o calouro Matt Barkley. Cada uma faz sentido, e cada uma pode levar o ataque do time numa direção diferente.

Começando por Michael Vick, que terminou a temporada passada no banco mas parece o candidato com mais chances de ficar com a vaga. Um dos pontos mais interessantes, caso Vick seja nomeado o titular, para mim é a forma como ele deve ser usado. Reid sempre tentou adequar o camisa 7 ao papel de passador de pocket, com sua velocidade e explosão sendo mais usada com improviso do que como algo planejado. Em 2010 deu certo, Vick foi um dos melhores pocket passers da NFL, mas desde então sua falta de precisão e sua falta de paciência para ler defesas causou boa parte de suas regressões como passador, e essa frustração contribuiu para o grande número de turnovers do QB pois ele parecia ficar desconfortável no pocket e corria para qualquer lado sem pensar quando um passe fácil não aparecia. Com Kelly, isso deve ser diferente. Em Oregon, ele sempre mostrou muita criatividade usando quarterbacks móveis e atléticos em jogadas desenhadas para tirar vantagem desses atributos, ao invés de tentar adaptar seus QBs ao estilo de pocket passer. Acho que esse é o ingrediente crucial aqui e que deve fazer Vick começar a temporada como titular: Chip Kelly sabe usar QBs móveis e atléticos como tal, sabe que se for para usar Vick como um pocket passer ele tem opções melhores, e a explosão e velocidade lateral do quarterback se encaixa muito bem no esquema rápido e de muita movimentação que é a preferência do novo técnico. Os problemas dele para esse esquema são claros, pois Vick não tem a mesma precisão nos passes curtos e médios em velocidade e não é o melhor jogador do mundo tomando decisões rápidas, mas pelo menos no curto prazo ele é quem oferece o maior potencial para esse ataque por causa de suas pernas.

No entanto, Barkley e Foles oferecem algo que Vick não pode, que é um possível QB para o futuro. Vick tem 33 anos e, por conta do seu estilo que depende demais do seu físico, está se aproximando do final da sua carreira e dificilmente teria gasolina para ser um QB por anos a fio para essa equipe. Isso não acontece com os outros dois, já que Foles tem 24 e Barkley 22 anos. Então embora Vick ofereça um potencial maior no curto prazo para esse ataque explosivo, se o foco da franquia for já começar um processo de adaptação para o futuro, a posição pode cair nas mãos de um dos mais novos.

É difícil julgar Foles pelo que vimos ano passado dele, afinal foi um ataque muito machucado e disfuncional  durante boa parte da temporada. Ele certamente não se destacou muito nos seis jogos que foi titular, mostrando um braço forte mas pouca precisão e pouca mobilidade fora do pocket (dois ingredientes importantes para o esquema ofensivo de Kelly) e um QBR abaixo de 50. Mas ainda era um QB calouro, sem uma linha ofensiva e com DeSean Jackson e LeSean McCoy batalhando lesões, de forma que é realmente difícil usar o pouco que vimos dele ano passado como uma sólida base de análise. Eu não acho que o instrumental de Foles seja tão impressionante assim, mas caso se destaque no training camp, acho possível que roube a vaga por ser uma versão mais jovem do que Vick e com potencial maior por conta do seu braço do que Barkley.

Eu não acho que seria o caso por um simples motivo: Barkley é ainda mais novo e tem um instrumental mais adequado ao esquema que o Eagles deve implementar essa temporada. Ainda que ele não tenha um braço tão forte como o de Foles ou Vick (o que certamente tira uma dinâmica importante do ataque aéreo da equipe nas ultimas temporadas), ele é quem melhor apresenta a mistura de habilidade atlética, precisão, velocidade e capacidade de ler as jogadas e as defesas. Apesar de ser um calouro, Barkley jogou quatro anos em USC com um playbook muito próximo do estilo da NFL e sempre se destacou chamando jogadas, lendo defesas e basicamente jogando como um QB pronto para a NFL. Apesar de ser principalmente um pocket passer, ele tem uma mobilidade e velocidade muito boa e que pode usar para provocar o tipo de mudanças na defesa que Kelly gosta, saindo do pocket e fazendo jogadas em velocidade enquanto a defesa se desmonta. Sua precisão na curta e média distância provavelmente é a melhor entre os três quarterbacks do elenco, e embora ele talvez não tenha o potencial de Foles por conta dos passes longos, eu acho que ele a opção mais sólida do elenco, alguém mais pronto que Foles, com o instrumental adequado ao esquema de seu novo técnico e com mais perspectiva de futuro que Vick. Ainda que seu impacto seja um pouco limitado pela falta de força no braço, eu continuo achando esse um aspecto um pouco overrated para alguém que acabou de entrar na Liga. Afinal, o maior QB da história da NFL, Joe Montana, caiu para o final da terceira rodada porque todos julgavam que seu braço era fraco demais para jogar na NFL. So yeah, scouts eram incompetentes desde 1979. Sem querer comparar os dois jogadores diretamentes, claro, mas quando você tem um calouro experiente, inteligente e completo como Barkley, você não pode descartá-lo só por causa de um pequeno problema como esse.

Esse é o dilema de QBs que o Eagles, agora, enfrenta. Acho difícil arriscar um palpite concreto agora porque tudo depende muito de como esses jogadores irão render no training camp e se adaptar ao longo da pré-temporada ao novo playbook da equipe. Eu pessoalmente acho que Vick seria o candidato mais provável nesse momento porque oferece a esse ataque um potencial maior, mas é muito fácil imaginar o time indo em outra direção e entregando as chaves a alguém mais novo. Só que vindo de uma temporada decepcionante e um fiasco magistral, a equipe parece ansiosa por algum resultado imediato, e Vick é quem provavelmente oferece a melhor chance disso.

Então, em resumo, o que mais sabemos do Eagles é que está muito difícil saber alguma coisa de verdade do que esperar para 2013. O técnico mudou, toda a comissão técnica mudou, as posturas da equipe mudaram de cima a baixo. A defesa foi quase inteira reformulada, e o ataque deve passar por uma mudança bem grande de estilo de jogo. Ninguém sequer sabe quem vai ser o QB da equipe! Então sim, é em difícil saber o que esperar desse grupo. O que a gente sabe é que a defesa deve continuar sendo bem fraca enquanto passa por uma grande reformulação, ainda que a mudança de coordenador e a saida de alguns veteranos improdutivos possa ajudar esse grupo a voltar ao bom caminho. O ataque ainda depende demais da saúde de seus jogadores (vários dos quais já se mostraram propensos a lesões), de uma indefinição de QB que pode jogar a franquia em praticamente três direções diferentes e basicamente de como alguns jogadores vão se adaptar a um esquema novo no ataque. Ainda que essa unidade deva estar consideravelmente melhor que em 2012, a falta de talento na defesa, as múltiplas incertezas dos dois lados do campo e as prováveis adaptações que terão de ser feitas ao longo da temporada me fazem achar que o Eagles não deve passar de uma temporada 6-10 ou algo semelhante. Mas considerando tudo que a franquia fez desde o ano passado - a troca de técnicos, contratar um dos melhores da NCAA em Chip Kelly, a manutenção das peças certas, um excelente Draft - são bons sinais de que o time da Philadelphia está no caminho certo para reconstruir o que foi um dos principais times dos anos 2000.

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