Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Os pontos importantes na semana da NFL - Week 2

Uma cena que tem se repetido bastante até aqui


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Bom, como recepção foi boa, vamos fazer novamente na Semana 2 da NFL nossos "Pontos Importantes da Semana". Para quem perdeu esse post da semana 1, a idéia aqui é a seguinte: isso aqui NÃO é um recap da rodada, e o nosso intuito não é passar por todos os jogos ou falar de todos os jogadores, bons ou não. Outras pessoas podem fazer isso, mais rápido e melhor do que eu, e eu também não acho que isso se enquadre na proposta do blog. A proposta aqui é para dar uma olhada nos fatores, dentro de cada jogo, que são relevantes ao maior cenário da NFL. Vamos olhar a performances que foram importantes mas receberam pouco crédito, fatores pouco observados que estão influenciando alguns pontos importantes, e por ai vai. Então de novo, o objetivo não é passar por todos os jogos e falar alguma coisa relevante: muitas vezes teremos dois ou mais pontos sobre um mesmo jogo, e jogos sem comentário nenhum.

Novamente, ainda estamos fazendo alguns testes com esse formado de coluna e tudo mais, então queria muito saber a opinião de vocês leitores sobre a coluna: se está funcionando, se não está, o que gostam e o que não gostam, como melhorar, etc.

Então dito isso, vamos começar.

Briga de cachorro grande


Se na primeira semana da NFL o jogo mais importante (do ponto de vista de rivalidade, confronto entre candidatos ao título e importância para o cenário geral da liga) foi entre San Francisco 49ers e Green Bay Packers, na semana 2 era claro qual duelo ocuparia seria o de maior destaque e importância: San Francisco 49ers e Seattle Seahawks, os dois melhores times da NFC e rivais de divisão se enfrentando no incrível Century Link Field. Além dos fatores óbvios que estavam em jogo nessa partida - orgulho, rivalidade, a chance de sair na frente na briga pelo título da NFC West e eventualmente por mando de quadra nos playoffs - esse jogo era a forma mais fácil e orgânica de responder a questão que todo mundo sempre se faz no começo de temporada: quem é o melhor time da NFC (normalmente eu diria NFL, mas o Denver Broncos pode ter algo a dizer a esse respeito)? Basicamente "coloque os dois num ringue e deixem os dois decidirem", versão NFL. 

(Ou, nas palavras do meu seriado favorito...
"Patos são melhores que coelhos!"
"Coelhos são melhores do que patos!"
"A gente devia colocar os dois numa caixa e deixar eles decidirem entre eles!"
"Isso é ilegal!!"
"Só se a gente apostar dinheiro!!")

Vocês sabem qual foi o resultado. O Seahawks dominou o jogo do começo ao fim, massacrou seus rivais com uma vitória por 29 a 3 e saiu de lá com o cinturão de "Melhor time da NFC". Foi realmente uma performance dominante, especialmente da sua defesa: segurou o forte ataque do 49ers a apenas 207 jardas totais, a pior performance ofensiva da equipe desde o duelo contra o Ravens no Thanksgiving de 2011 (179). Colin Kaepernick, depois de passar para mais de 400 jardas e 3 TDs contra uma boa defesa de Green Bay, foi limitado a apenas 127 jardas e 3 interceptações (apesar de 87 correndo). Para uma equipe cujo jogo se baseia tanto na sua atitude e jogo físico, Seattle provavelmente ficou muito satisfeito com o que conseguiu nessa partida: mais do que uma vitória contra um adversário direito, foi realmente um statement, uma mensagem que a equipe passou. Seu jogo físico dominou o adversário - um adversário cuja marca registrada é justamente esse tipo de jogo - e, no final, ainda aproveitou as chances para continuar judiando e provocando com cada jogada, cada TD e cada desafio. Foi realmente uma performance espetacular de futebol americano.

Claro que vocês provavelmente já imaginam o que isso significa: vamos ter que aguentar mais uma semana de overreactions - ou como eu disse no twitter e o pessoal gostou, de pessoas correndo para tirar as conclusões fáceis. Vocês vão ler bastante nos próximos dias coisas como "Seattle está um nível acima do resto da NFL!" ou coisas do tipo, simplesmente porque é mais fácil correr, olhar o resultado e colocar uma manchete bombástica do que peneirar tudo, olhar os momentos chaves e ver o que está nas entrelinhas.

Não existe para mim a menor dúvida de que o Seattle Seahawks foi um time muito superior durante a partida. A equipe executou seu plano de jogo muito bem, e sua defesa entregou uma das performances mais dominantes que eu lembro de ter assistido nos últimos anos, segurando um ataque muito bom a apenas três pontos e cinco turnovers. Mas olhando com cuidado, o placar final de 29-3 engana o que foi na verdade um jogo bem mais apertado decidido - ou pelo menos "expandido", em termos de placar - em alguns detalhes que poderiam facilmente ter sido diferentes.

Sabe quando você para e pensa "entre todas as coisas que poderiam ter dado errado, todas deram errado"? Foi basicamente o que aconteceu com o 49ers nessa partida. Enfrentando um adversário extremamente forte, fora de casa, no estádio mais difícil para um visitante jogar, e contra um time que é um matchup ruim desde o começo, eles ainda tiveram as seguintes coisas coisas contra eles: a equipe não recuperou nenhum dos quatro fumbles da partida, todos eles indo parar nas mãos do Seahawks (e como já dissertamos longamente por aqui, recuperação de fumbles é acaso e não competência); o Niners viu três jogadores seus (Ian Williams, Vernon Davis e Eric Reid) saíram da partida machucados, com o mais importante deles sendo Reid - o calouro saiu na última jogada antes do intervalo com o jogo 5-0, e o ataque de Seattle imediatamente começou a direcionar todo seu ataque (aéreo e terrestre) na direção do buraco deixado pelo camisa 35, um dos fatores que contribuiu para a evolução ofensiva da equipe no segundo tempo (para ser justo, Seattle também perdeu Russell Okung); Colin Kaepernick teve uma interceptação na red zone logo no começo da partida que veio em uma bola desviada e que espirrou nas mãos do defensor, uma jogada que pode ter alterado o curso do jogo.

Mas talvez mais importante, os dois primeiros TDs de Seattle - os dois TDs que explodiram a diferença e colocaram de vez o jogo fora do alcance, obrigando o ataque adversário a jogar em alta velocidade e de forma unidimensional, um suicídio contra essa defesa e nesse estádio - vieram como consequência de duas faltas que transformaram o que deveriam ter sido dois FGs (e portanto um placar de 11-3, não 19-3) em dois TDs e que tiveram absolutamente zero a ver com a performance do ataque (por exemplo, se um CB faz uma pass interference de 20 jardas porque era a forma de impedir um TD certeiro, é uma falta que é consequência direta da performance do ataque naquela jogada). No primeiro TD, Ahmad Brooks ia conseguindo o sack em cima de Russell Wilson para colocar o ataque adversário em uma 3rd and 20 (e provavelmente um FG), só que por puro azar, quando Wilson se jogou no chão para evitar a trombada a mão de Brooks se enroscou na facemask, totalmente sem querer, totalmente inútil para o resultado da jogada, mas ainda assim uma falta de 15 jardas e uma primeira descida automática. No segundo TD, depois de uma 3rd down que virou uma 4th and 15, a arbitragem ridiculamente marcou uma falta pessoal de 15 jardas (e uma primeira descida automática) de Aldon Smith por um encontrão em cima de um OL adversário, o tipo de coisa que acontece 3000 vezes em um jogo desses e deixaram para marcar logo em uma jogada tão crucial (de alguma forma, essa não foi nem a pior falta marcada no jogo: Sidney Rice recebeu uma de 15 jardas no final do primeiro tempo por RODAR a bola no chão depois de uma recepção. É sério. Tentem não rir). Não fossem essas duas faltas totalmente aleatórias, o placar teria ficado em apenas uma posse (e meia) de bola - 8 pontos - e o jogo poderia ser diferente, ou pelo menos não teria terminado em um placar tão elástico. O Seattle foi o melhor time em campo do começo ao fim, só um lunático iria dizer o contrário, mas não foi exatamente o abismo o que o placar final indica.

Para o 49ers, o problema é menos a derrota e o placar, e muito mais que o Seahawks expos sua grande fraqueza, e ainda levantou mais uma grande questão. No primeiro caso, foi simples: o 49ers não possui no momento bons WRs além de Anquan Boldin (Mario Manningham e Michael Crabtree estão machucados), e enquanto a defesa secundária muito profunda de Green Bay não era um bom matchup para enfrentar o jogo físico de Boldin, o jogo extremamente físico de Richard Sherman era o pior matchup possível para o camisa 81, que praticamente o tirou da partida e deixou Kaepernick sem nenhum bom alvo para receber passes (especialmente com Vernon Davis machucado), especialmente contra essa excelente secundária. Esse foi um problema que não apareceu na primeira semana, mas foi totalmente exposto contra Seattle, e levanta questões sobre o quão longe esse ataque aéreo pode ir nessa temporada. Mas talvez mais preocupante, é o que está acontecendo com o jogo terrestre de San Francisco: depois de ser a sua maior força em 2012, o jogo terrestre da equipe está totalmente sumido em 2013, com Frank Gore e Kendall Hunter combinando para apenas 77 jardas e 2.1 jardas por corrida. Contra Green Bay e sua defesa que sobrecarregou a linha de scrimmage, isso não foi exatamente uma surpresa, mas contra uma defesa como Seattle que não colocou nenhuma atenção extra no jogo terrestre, essa falta de produtividade é extremamente preocupante, especialmente considerando a necessidade disso para abrir o jogo aéreo com essa escassez de opções. Duas rodadas é uma amostra muito pequena e os adversários foram dois dos melhores times da NFL, então obviamente é cedo para qualquer pânico, mas é uma questão que pode fazer a diferença no resto da temporada.

Então sim, é um erro tirar conclusões tão cedo na temporada e com tão pouca amostra. Ambos os times ainda tem mais 14 jogos para jogar na temporada, incluindo uma revanche em San Francisco em Dezembro. Enquanto não tivermos mais para nos basearmos, não podemos concluir absolutamente nada. Mas pelo menos por enquanto, o Seahawks pode se gabar de ser o melhor time da NFC no momento depois de mais uma vitória contundente sobre seus maiores rivais.

(Quão impressionante foi essa vitória de Seattle? Hoje de manhã abriram os spreads de Vegas para o jogo de domingo, quando o Seahawks recebe o Jaguars. A linha abriu em -16.5 hoje cedo, e em algumas horas já chegou a -20 em algumas casas de aposta. Vai passar dos 24 até domingo, e eu AINDA apostaria em Seattle)

Quarterback a venda


Por algum motivo, ainda persiste o mito muito comum na NFL de que para ganhar na NFL de hoje (ou seja, após as mudanças de regra que favorecem em muito o jogo aéreo), você precisa de um QB de elite. Isso é um pouco irreal: o Ravens ganhou em 2012 com um QB acima da média mas não espetacular que pegou fogo na hora certa; o mesmo acontece com o Giants de 2007 e talvez com o Giants de 2011, um QB decente (em 2011 ele era melhor do que isso, mas enfim) amparado por uma grande defesa; o Steelers de 2005 tinha um Big Ben que ainda não era Big Ben no comando do ataque e venceu. Desde 2005, Joe Flacco e Jamarcus Russell tem tantos títulos quanto Peyton Manning e Tom Brady. Então de certa forma é um mito de que você PRECISA de um QB de elite para vencer um título.

A questão é que mesmo que você não precise de um Tom Brady ou de um Aaron Rodgers para ser campeão, você também não vai ser campeão se tiver um Brandon Weeden. E embora seja possível montar um campeão em torno de um QB apenas bom, é também um fato de que o caminho mais rápido para dar um salto na NFL é dar um upgrade no seu QB, seja de "atroz" para "bom" ou de "bom" para "ótimo", então a questão do QB virou quase sagrada na NFL. E embora isso signifique que sempre temos discussões sobre os jogadores que ocupam essa posição de destaque, eu não lembro uma temporada de NFL onde tantas polêmicas estavam rondando a liga tão cedo no ano!

A mais inexplicável e talvez mais importante de todas elas diz respeito ao Tampa Bay Bucs. Digo "importante" porque, entre todas as que estão acontecendo, ela é talvez a que mais pode afetar um time de playoffs - ou pelo menos que muita gente acreditava que poderia chegar lá se não tivesse perdido dois jogos seguidos por causa de faltas pessoais bestas. Mas por algum motivo, o técnico Greg Schianno parece determinado a fazer tudo que pode para criar problemas com seu QB, Josh Freeman. Freeman certamente não tem contribuído dentro de campo, começando o ano completando 45% dos seus passes (6.3 jardas por passe) com tantas interceptações como TDs, e jogando menos do que o esperado nas duas derrotas da equipe (embora as duas tenham sido decididas por fatores que pouco tiveram a ver com ele no final - embora claro, se Freeman tivesse sido melhor, provavelmente esses fatores não teriam importado). Eu entendo a frustração dos torcedores do Bucs e sua comissão técnica, mas eu acho incrível o quanto Schianno tem feito para piorar a situação. Ao invés de oferecer confiança e apoio ao seu QB e ao seu time, ou então desistir logo dele e ir para seu reserva Mike Glennon, Schianno manteve Freeman como seu QB enquanto o destruía na imprensa e durante os jogos, ao ponto de colocar Glennon para aquecer com os titulares antes da partida contra o Saints e Freeman para aquecer com os auxiliares. Qual exatamente é o benefício que ele espera tirar disso, destruíndo a confiança do jogador que ocupa a posição mais importante do jogo, e também destruíndo a confiança do resto da sua equipe nele? Se ele acha que Freeman não rende mais como titular e que a equipe precisa ir em outra direção (Freeman é free agent após a temporada, então não tem nenhuma questão salarial segurando a franquia), porque não simplesmente ir com Glennon ao invés de ficar criando esse caos todo? Vamos falar mais de Schianno na última seção do post, mas por enquanto ficamos nessa inexplicável situação Freeman-Schianno.

Freeman não é um QB brilhante e seus altos e baixos provavelmente incomodam demais os times que eventualmente queiram tê-lo. Mas ainda assim, ele teve alguns períodos excelentes em Tampa, em particular em 2010 e antes de Carl Nicks se machucar temporada passada. Em um ambiente totalmente disfuncional e com um técnico que claramente não gosta dele, Freeman provavelmente é meu candidato número 1 a "jogador talentoso que precisa urgente de uma mudança de ares", um cara que pode render na situação adequada e com um novo time. Para o Bucs, a troca faria sentido já que eu duvido demais que Freeman volte ao final do ano, e assim seria uma forma de conseguir algo em troca. O que me leva a perguntar: algum time teria interesse em eventualmente trocar uma escolha de draft (5th round?) por Josh Freeman para ser seu QB essa temporada - ou, eventualmente, para o futuro?

Eu consigo pensar em dois, duas equipes que possuem problemas com seu QB e que estão segurando uma equipe com potencial por esse motivo. As duas gastaram escolhas recentes de primeira rodada em um QB - estupidamente, devo acrescentar - e agora não conseguem se livrar desse problema. O primeiro e talvez mais óbvio seria o Cleveland Browns, seguido por um sleeper interessante no Minnesota Vikings. No caso do Browns, eu já disse isso e volto a repetir: é um time muito sólido que está a um bom quarterback de se tornar competitivo e quem sabe voltar aos playoffs. A defesa fez um bom trabalho nessas duas primeiras semanas, segurando bons times de Ravens e Miami a jogos de placares baixos mesmo com seu ataque incapaz de controlar o relógio, pontuar, ou garantir pelo menos boas posições de campo para a defesa. Esse jogo contra Baltimore, fora de casa, foi um muito interessante porque a defesa fez tudo que podia, manteve o jogo apertado esperando o ataque aparecer com alguma coisa... que nunca aconteceu. O jogo terrestre deveria ser bom com Trent Richardson, mas não se realiza porque todas as defesas dedicam uma atenção extra ao chão e obrigam Weeden a vencê-los com o braço, algo que ele se mostra absolutamente incapaz. Normalmente eles poderiam esperar mais um ano e draftar algum jogador (Manziel?) dessa boa classe, mas considerando que gastaram uma escolha de primeira rodada em um calouro de 28 anos, eles claramente estão preocupados em vencer imediatamente. Trocando uma escolha tardia de draft (e portanto de menor consequência) por Freeman da a equipe de testar com um QB decente por essa temporada junto de seu excelente grupo de apoio (especialmente na defesa, mas o ataque tem Josh Gordon, Davone Bess, Jordan Cameron, Joe Thomas e Trent Richardson). Se não funcionar, é só não renovar o contrato dele no final do ano (ou seja, nenhuma obrigação financeira a médio prazo) e ir atrás de outro QB. Para mim parece a melhor situação para ambos os casos. Isso deveria ocorrer e logo.

O Vikings é uma opção mais interessante e mais arriscada. Ao contrário de Weeden, o Viks não está preso a um QB que atrapalha todo o resto de um bom time. O problema de Christian Ponder é um pouco diferente: ele é o gargalo que limita esse que poderia ser um bom ataque de Minnesota. Depois do que Adrian Peterson fez ano passado, minha preocupação com o Viks era que os adversários iriam sobrecarregar a linha de scrimmage com sete ou oito jogadores para tirar o jogo terrestre, manter as descidas longas, e obrigar Ponder a vencê-los com seu braço de espaguetti. Depois de duas rodadas, esse parece ser exatamente o caso: Detroit foi um pouco mais radical, realmente colocando oito homens na linha em algumas jogadas e praticamente brincando de "derrube o MVP" o jogo todo, o que abriu o jogo aéreo e levou a alguns passes longos, mas também a muitos erros e basicamente ao plano de jogo do Lions ser um sucesso. A defesa do Bears, por outro lado, não sentiu tanta necessidade de sobrecarregar a linha com oito ou nove jogadores como fez Detroit, mas também em nenhum momento sentiu necessidade de modificar seu esquema 4-3 para se preparar contra o passe. Um lance que chamou minha atenção aconteceu no final do segundo quarto: jogo apertado, 3rd and 8 para o Vikings, uma situação clara de passe na qual a maior parte das defesas usaria uma defesa nickel como base (especialmente com o Viks usando três WRs). Nop. Mesma defesa 4-3 de sempre, nenhum defensor extra sequer, passe incompleto. Então a situação de QB em Minnesota obviamente não é desesperadora como a de Cleveland, Ponder tem seus benefícios e o time (com bastante sorte e um enorme outlier, mas enfim) conseguiu chegar aos playoffs com ele ano passado. Mas tendo em suas mãos o auge do melhor RB de sua geração e um dos melhores de todos os tempos, a equipe não consegue utilizar essa dádiva ao seu máximo potencial porque Ponder não consegue castigar as defesas que não o respeitarem. O QB do time poderia ser um Eli Manning da vida que o foco principal das defesas ainda ia ser o jogo terrestre de Peterson, mas elas pelo menos iriam ter que pensar duas vezes. E se Ponder não for capaz de abrir esse espaço para seu RB, o Vikings pode precisar de um jogador mais forte para a posição antes que a carreira de Peterson entre na sua fase de declínio.

Oh, você está se perguntando porque não falei do Jaguars entre os times que poderiam trocar por Freeman? Bom...

Teeeeeeebooooooow!


Por um simples motivo: tanto Vikings como Browns são dois bons, sólidos times que poderiam competir agora mesmo com um boost na posição de QB. O Jaguars não: depois de tantos anos de más decisões, trocas ruins e contratos ridículos, a equipe da Flórida precisa de mais uns dois anos só para conseguir se livrar de tudo isso e poder olhar em frente. Eles precisam urgente de um Franchise QB para ser a cara dessa reconstrução e dar esperança a torcida, não um upgrade imediato para competir por nada.

Vocês sabem qual é a solução para o Jaguars em termos de QB no momento, certo? Tim Tebow, é claro!! Eu não consigo pensar em um bom motivo para que essa contratação não ocorra.

Antes de todo mundo começar a dar risada e a reclamar indiscriminadamente do ex-QB da Flórida, que é o que todo mundo faz quando o nome aparece em uma conversa, vamos aos motivos.

Em primeiro lugar e mais importante, fica o que eu disse: o Jaguars não está perto de competir por nada nesse momento ou em um momento próximo. Eles ainda estão na fase da desintoxicação de tudo de ruim que a diretoria fez pelo time nos últimos anos, e não vai ser agora que conseguirão sair desse buraco só com uma adição interessante aqui ou ali. Como eu disse, a equipe precisa urgente achar um QB para seu futuro, para parar de gastar dinheiro e escolhas em jogadores para a posição que impedem o time de melhorar em outras áreas e ainda assim não dão resultados. O problema é que esse jogador não está no elenco atual: não é Blaine Gabbert, não é Chad Henne, não é ninguém que lá esteja no momento. Então não é como se a chegada de Tebow fosse tirar minutos de um jogador que seria o futuro do time. E já que Jacksonville tem tudo para ser um time bem ruim ou mesmo horrível essa temporada,  e com Teddy Bridgewater e Johnny Manziel (entre outros) esperando no próximo draft, adereçar esse problema de quarterback certamente não vai acontecer até o próximo verão. Então porque não trazer Tim Tebow para ser seu QB na temporada 2013 da NFL?? Claro, ele não consegue fazer bons passes, mas até ai ninguém no elenco do Jaguars consegue. O time seria ruim com ele, mas não é como se fossem bons sem ele. Não tem muito mais para onde cair quando se está no fundo do poço.

E ai que está a questão: o Jaguars vai ser ruim de qualquer forma, independente se o QB for Henne, Gabbert, Tebow ou eu. Mas enquanto isso, Jacksonville é um dos times de pior relação com sua torcida, uma torcida que não vai ao estádio, não se empolga com o time mais e está muito traumatizada de todos esses anos de pura incompetência. E Tim Tebow, com todas suas falhas como QB, é um jogador muito divertido de se assistir, que fez sua lendária carreira na NCAA na Flórida, e que é absolutamente IDOLATRADO por lá. Se seu time vai ser horrível, porque não fazer isso de uma forma que divirta a torcida, encha o estádio, venda camisas e melhore sua relação com a cidade? Você pode criticar o quanto quiser esse lado que não é futebol americano "puro", mas no mundo dos negócios, isso é tão importante quanto qualquer outra coisa, criar uma boa relação com seus consumidores. Ao invés de emissoras locais se desculpando por mostrarem seu jogo, todo mundo vai correr para assistir Tebow em provavelmente seu último ano como um QB da NFL. Gabbert provavelmente será dispensado ao final da temporada, Henne não é mais do que um reserva, e o Jags tem talvez a melhor chance de toda a NFL a ficar com Teddy Bridgewater nesse draft. Então se você vai ser horrível essa temporada e recomeçar ano que vem, a pergunta que fica é a seguinte: porque você vai ser uma droga e irritar a torcida se você pode ainda ser uma droga, mas pelo menos agradar a torcida, ganhar atenção na mídia nacional e ganhar dinheiro com isso? Me de o segundo cenário qualquer dia da semana e duas no domingo. Tebow não é melhor do que Gabbert ou Henne, mas ele atrai mais gente ao estádio, vende mais camisa e da um nome famoso a suas ações de marketing. E sinceramente, agora, é disso que o Jaguars precisa. It's Tebow Time.

Alterando suas chances de vitória


Vocês já provavelmente sabem, porque eu martelei isso durante 33 previews, mas jogos decididos por uma posse de bola são, em geral, aleatórios. Ou seja, tirando alguns casos especiais (alguns poucos QBs conseguem mudar um pouco isso), quando temos uma amostra grande o suficiente o número desses jogos vencidos por cada time tende a 50% do total. Não vou repetir isso aqui porque já passei muito tempo falando disso (se quiser relembrar esse é o post), mas esses jogos são aleatórios porque dependem demais de uma ou outra jogada além do controle dos times, e é um fato estatístico de que na "big picture", esses jogos estão sujeitos a todo tipo de acaso e por isso tendem a 50%.

Mas se isso é verdade (e é) num cenário maior, com uma amostra grande, ainda é interessante olhar os pequenos casos, ou seja, cada jogo separadamente e ver os fatores que levaram a essa derrota apertada. Embora em uma amostra significativa esses jogos tendam a ser 50-50, quando olhamos para cada jogo em particular podemos observar uma série de detalhes em ambos os times - detalhes não necessariamente técnicos - que me fazem perguntar se, naquela partida, um certo time maximizou suas chances de vitória.

Para ficar mais claro o que eu quero dizer, vamos pegar dois exemplos de times que começaram a temporada 0-2 em record e 0-2 em jogos decididos por uma posse de bola: o já mencionado Bucs, e o Carolina Panthers. A primeira vista, ambos os times tiveram azar nesse começo de jogo: o Tampa Bay perdeu dois jogos nos segundos finais para FGs, e o Panthers perdeu também com um TD nos segundos finais essa semana depois de uma derrota por apenas cinco pontos para Seattle. Mas quando esmiuçamos cada um desses jogos, observamos que muitos dos fatores que fizeram a diferença em decidir o resultado da partida - seja em uma jogada chave, seja no cumulativo ao longo da partida - muitas vezes não veio de coisas dentro de campo, e sim de decisões estúpidas dos jogadores ou da comissão técnica. Então embora exista um fator imenso de aleatoriedade nesses jogos, também é verdade que esses dois times não estão tomando decisões inteligentes que maximizem suas chances de vitória.

No caso do Panthers, eu não vou me estender demais nisso porque o Bill Barnwell, do Grantland, já fez um post sobre isso ontem bem melhor e mais detalhado que o meu (não tenho o link aqui, mas está na página principal do site), mas o problema é que a comissão técnica não tem metade de um cérebro quando se trata de ataque. Apesar de possuírem um bom grupo de RBs, e um QB que não tem muita precisão nos passes mas é um corredor destrutivo, o playbook ofensivo da equipe é extremamente conservador no que diz respeito a corridas, especialmente usando seu QB. Isso é algo que se nota principalmente em conversões curtas: ao invés de deixar seu QB correr pelo meio, ou mesmo soltar seus RBs no meio da linha de scrimmage, ele tem um preconceito esquisito com isso, preferindo o passe ou pelo menos segurar seu QB apesar do seu time ser muito eficiente pelo chão em conversões de 2 jardas ou menos.

Em particular, a falta de agressividade do time é o que mais lhe atrapalha. Mesmo possuindo Cam Newton e um forte jogo terrestre, Ron Rivera é extremamente conservador convertendo jogadas assim ou mesmo chamando jogadas de passe, algo que não maximiza as chances da equipe. Por exemplo, vamos olhar o jogo contra Seattle, um jogo no qual o Panthers enfrentava um time superior que era claramente favorito, e portanto faria sentido ser mais agressivo e aproveitar cada chance. Nesse jogo, Carolina enfrentou cinco (ou seis, já chegamos lá) situações diferentes de 3rd ou 4th descidas para 3 jardas ou menos:


  • A primeira aconteceu logo no primeiro quarto: em uma 3rd and 2 no campo adversário (Seattle 41), Rivera chamou uma jogada de passe ao invés de uma corrida na tentativa de conversão - o passe foi incompleto, e a equipe chutou a bola na quarta descida. A decisão foi duplamente burra de passar a bola: primeiro, porque com o estilo e os jogadores da equipe, eles possuem muito mais probabilidade de converter essas 2 jardas pelo chão que pelo ar, e segundo que mesmo caso a terceira descida corrida falhasse, ela ainda tinha uma boa chance de encurtar a jogada seguinte para uma 4th and 1 ou 4th and inches, situações onde o Panthers é extremamente eficiente, e considerando a posição de campo, era uma conversão que tinha grandes chances de render pontos se concretizada. Ao invés disso, a burrice em chamar o passe e a covardia em não tentar 4th down possivelmente custou ao time uma boa chance de anotar pontos, especialmente no que era, repito, um jogo onde eram as zebras e deveriam ser agressivos.
  • No terceiro quarto, o Panthers enfrentou uma 3rd-and-1 no seu próprio campo (Carolina 31). Era uma situação claríssima na qual Cam Newton deveria correr: ele está 16-18 na sua carreira convertendo situações de corrida de uma jarda. Ao invés disso, Rivera continua com seu preconceito de não querer seu melhor jogador correndo com a bola, bem, correndo com a bola! Ele chama uma corrida lateral do seu fullback que não consegue a conversão, e o time vai (dessa vez corretamente, dada a posição de campo) para o punt, matando a campanha.
  • Ainda no terceiro período, o Panthers se ve em uma situação de 2-and-3 no seu próprio campo (CAR 38). A primeira jogada chamada é um passe lateral, incompleto. Na segunda, pela única vez no jogo, o Panthers chama uma corrida pelo meio de seu QB: 4 jardas e a conversão da descida para o Panthers. Quem diria, não?
  • Na sequência dessa mesma campanha (agora no quarto período), a equipe enfrenta uma 4-and-2 do meio do campo. Rivera imediatamente vai para o punt. Não foi exatamente a pior decisão do mundo porque a equipe estava ganhando 7-6, mas ainda tinha 15 minutos no relógio e, novamente, eles eram os azarões e ser agressivo poderia ter colocado a equipe em uma posição melhor. Mas aqui foi até que justificável.
  • Ainda no quarto período, o Panthers novamente se coloca numa 3rd-and-1. Novamente, Newton não é chamado a correr, mas pelo menos a jogada chamada é uma corrida com Mike Tolbert, que converte a jogada.
Ou seja, se você está acompanhando, não houve uma jogada que foi um erro gritante que custou ao seu time o jogo por parte de Ron Rivera. Mas é uma série de tomadas de decisões que não levam em conta as condições da sua equipe e que deixam de maximizar as condições de vitória do time. Não estou falando que se tivesse tomado as decisões corretas nessas duas primeiras jogadas teriam vencido o jogo, mas teriam se colocado em uma situação mais favorável, com maiores chances. Mas calma, fica pior. Essa semana, a equipe vencia o Bills por três pontos quando enfrentou uma 4th and 1 na linha de 21 jardas do adversário. Era o quarto período, 1:47 no relógio e o adversário tinha queimado seus três tempos, e Rivera se viu diante da seguinte opção: chutar um FG, aumentar a diferença para seis, mas dar ao adversário tempo de sobra para um TD da virada contra sua fraca secundária, ou então tentar converter uma situação na qual seu time é excelente e selar de vez a vitória com três ajoelhadas. Rivera obviamente escolheu a mais conservadora, chutando o FG e dando ao Bills tempo para anotar um TD da vitória... que de fato aconteceu! Então Rivera novamente tomou a decisão conservadora e que não levou em considerações as forças (jogo terrestre, QB excelente corredor, muito bom convertendo jogadas curtas) e fraquezas (secundária) da equipe, e foi castigado para isso. Mas o pior é que essa mesma situação exata JÁ TINHA ACONTECIDO ANO PASSADO!! No jogo contra o Falcons fora de casa, a equipe vencia e teve uma 4th and 1 no campo de ataque dentro do two-minute warning e que teria selado o jogo com uma conversão e três ajoelhadas. Ao invés de usar as forças da sua equipe e conseguir a conversão, ele optou por ser conservador, chutar a bola, e viu o Falcons marcar para um TD da vitória! Então não é como se Rivera estivesse enfrentando uma situação nova: ele já tinha enfrentado uma igual antes, e já tinha tomado a decisão conservadora que não maximizava as chances de vitória do seu time... e pela segunda vez, ele foi queimado. 

No caso do Bucs, é ainda mais ridículo porque quando falamos do Ron Rivera, pelo menos temos que dar uma peneirada e achar um tipo de situação (recorrente) na qual ele não está tomando as decisões ótimas que maximizam as chances de vitória. Quando falamos de Tampa Bay não, são situações óbvias de descontrole e estupidez individual que comprometem o resultado da equipe: na primeira rodada, uma falta pessoal de 15 jardas por atingir o QB fora de campo transformou o que seria um FG de 63 jardas (ou um hail mary, mas de qualquer forma, baixa chance de sucesso) em um de 48 jardas que acabou dando a vitória ao Jets. A equipe não foi brilhante, mas tinha uma chance de sucesso enorme no final, e só precisava manter o controle para não deixar escapar, mas um lapso de concentração ou de julgamento ou o que quer que seja colocou tudo isso a perder. No jogo contra o Saints, outro jogo perdido nos segundos finais por um FG, a equipe não teve nenhuma falta óbvia que resultou num FG como no último jogo... mas a equipe ainda totalizou 10 faltas para 118 jardas, totalizando agora 16 faltas para 163 jardas em dois jogos. Considerando que essa partida foi decidida por um FG nos segundos finais, acho possível supor que todas essas faltas fizeram muito para diminuir a pontuação esperada das campanhas da equipe.

Enquanto isso não é exatamente resultado de uma má decisão ou de um processo equivocado como é o caso do Rivera, isso também tem a ver com o técnico e com a cultura criada na equipe. Assistir jogos do Tampa é como assistir um time nervoso, o que não é uma surpresa considerando todas as histórias sobre como Greg Schianno é o técnico da NFL para o qual você menos iria querer jogar. O clima no vestiário não é bom, o que não surpreende dada a mania de Schianno de reclamar publicamente de seus jogadores, e quando nem ele tem confiança no QB da equipe dessa maneira, como você espera que o resto da equipe confie? Times da NFL costumam assumir a personalidade de seus líderes e/ou seus técnicos, e quando seu técnico age dessa maneira, não passa confiança e deixa todo mundo desconfortável, como você pode esperar que eles mantenham o controle no meio de um jogo crítico? Como eu disse nos previews de sexta feira, Schianno não é o pior técnico da NFL em termos de Xs e Os, mas talvez nenhum outro técnico esteja sendo tão prejudicial a sua equipe nesse momento. Nem mesmo Ron Rivera.

6 comentários:

  1. Caraca, que texto bacana... Parabéns!

    Rapidamente sobre os Browns, se mantiverem o time (defesa) pra 2014, com certeza o time só tem a melhorar. A classe de QBs de 2014 é muito boa (Manziel, Bridgewater, Mariota, McCarron, Aaron Murray, Tahj Boyd), e é questão de tempo até acertarem um bom QB pra dividir o jogo com o Richardson...

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    1. Concordaria com absolutamente tudo que você disse... Ai o Richardson foi trocado. Funhé. (Não que eu reclame, adoro grandes trocas na NFL). Agora preciso de uns dias para colocar as ideias em ordem.

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  2. 1. Grande blog! O melhor em português DISPARADO! Gosto muito de ler os posts e é legal saber que são pelo menos 3 na semana!

    2. Falando em posts, capaz de sair um extra sobre essa troca do Richardson? Será que rola uma troca pelo Josh Freeman também pelo Browns, ou já é exagero? Tem algum RB destacável nessa próxima classe?

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    1. Pensei em fazer um extra sobre o Richardson sim, mas tou em dúvida se vale a pena. Acho que vou começar a preparar um para semana que vem: se der material, fica um "extra" para segunda, se achar que não tem tanta coisa para falar, coloco como um dos pontos de destaque na terça feira. Mas preciso de uns dias para colocar as idéias em ordem, foi um choque.

      Para mim a idéia de trocar pelo Freeman era mais para fazer um "teste" com um QB competente e ver se o time engrenava para preparar pro futuro, e eventualmente se estourasse podiam renovar o contrato. Agora acho que essa troca é claramente "dar um passo para trás para dar dois para frente", então não faz mais sentido para eles pegarem um QB melhor agora. Browns apostando tudo no draft agora - o que não é uma coisa ruim.

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    2. Fico no aguardo então!

      Seria de fato uma boa troca pros dois (Freeman e Browns), mas de fato, com tantas picks no draft '14, as fichas vão todas pra lá. Mesmo que valha o ditado "amigos, amigos, negócios a parte", foi um tapa na cara do torcedor de Cleveland. Li num texto do Bleacher Report que faz todo o sentido a troca, e com tantas picks numa classe boa, os torcedores deveriam estar esperançosos. A reticência do autor é que é o Browns draftando, e bem.. não é lá essas coisas.

      Enfim, isso tudo porque, apesar de torcer pro Eagles, simpatizo com Cleveland, pela história do time, pelo carimbo de underdog de sempre. É um time que merece mais!

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  3. que baita texto

    apenas concordo

    TEEEEEEEEEEEEEEEBOW

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