Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - AFC (parte I)


"A gente que fez toda essa bagunça no Dolphins, Richie?"
"Não sei você mas eu não paguei 34M pro Ellerbe nem 60M pro Wallace"



AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos semana passada pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Agora, é hora de falar dos times da AFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro.

Por conta de problemas com o blogger, esse post foi dividido em duas partes. Parte II, espero, sai sexta ou sábado.


Times da AFC fora dos playoffs (Parte I)


Miami Dolphins

Yeah… Sobre o Dolphins… Bom, pelo menos ninguém pode negar que eles tiveram um 2013 interessante. Ainda que dificilmente divertido: o escândalo Martin-Incognito, duas derrotas seguidas para Bills e Jets quando uma vitória simples os colocava nos playoffs, e tudo de complicado e bagunçado que aconteceu entre a diretoria e o técnico nesses meses dão um tom melancólico para a temporada 2013 de Miami. 

A sorte do Dolphins é que eles jogam na fraquíssima AFC, então os playoffs ficam muito mais próximos do que estariam normalmente para um time como o Dolphins. Então considerando que a diretoria está focada em chegar na pós-temporada o quanto antes, e que tanto a diretoria como o técnico estão urgentemente precisando de algum sucesso para compensar todos os problemas e calar as críticas (bem como se manter no emprego), é razoável imaginar que o objetivo do time é dar o próximo passo rumo a pós temporada.

O problema com esse plano é que o Dolphins… não é um time bom. Eles não são horríveis, mas são fracos: terminaram o ano 23th em DVOA, 18th em ataque e 17th em defesa. O time apresenta enormes buracos, também, dos dois lados da bola: a linha ofensiva é uma desgraça, os recebedores não foram produtivos mesmo com o milionário Mike Wallace, e a defesa terrestre foi a quarta pior da NFL, basicamente. Então o time tem muito a reforçar, e muito chão antes de se tornar um bom time.

A vantagem é que o Dolphins tem bastante espaço salarial vago para ir atrás de free agents, quase 40M no momento, mas esse valor ainda depende de algumas decisões. Os DTs Randy Starts e Paul Solari são free agents, assim como o CB Brent Grimes e outros jogadores menores (Chris Clemons e Nolan Carroll, para citar dois), então se o time optar por manter pelo menos alguns desses jogadores (Starks e Grimes, em particular, foram dois dos melhores defensores da equipe em 2014 e não deveriam sair do time). Então com alguns desses jogadores possivelmente renovando ou recebendo a Franchise Tag, o cap disponível para trazer reforços cai bastante.

Com o que sobrar, espero que a prioridade da equipe seja reforçar a linha ofensiva. Brandon Albert está no mercado, e já expressou interesse anteriormente na equipe. Uma linha ofensiva competente também é crucial para aumentar as chances de Ryan Tanehill continuar se desenvolvendo bem, e o desenvolvimento de Tanehill é um dos principais pontos para tornar o Dolphins um bom time. O time já perdeu profundidade no último draft com a burrice de subir para pegar Dion Jordan (apagado na sua temporada de calouro), então a margem de erro está menor agora, e não vai ser possível reforçar todas as áreas da equipe de uma vez. Mas considerando que na AFC o Dolphins não está tão longe dos playoffs, esperem que o time invista pesado em dois linemen ofensivos e um pouco mais de bife na defesa para pelo menos tapar os buracos mais urgentes e tentar trazer estabilidade para o time.


New York Jets

Eis o que eu escrevi sobre o Jets em Agosto:

"O Jets é um time melhor do que muita gente da valor, tem uma defesa que deve ser muito boa e com muitos jovens talentos e seu ataque terrestre deve melhorar consideravelmente, mas para ir a algum lugar vai depender muito de como seu QB (seja ele quem for) vai ser comportar ao longo da temporada e isso é uma grande incógnita. (...) Eu acho que o Jets deve terminar algo com 7-9 ou mesmo 8-8 se conseguir uma contribuição mediana de seu QB titular"

Bom, o resultado foi exatamente o que eu previa, mas não o processo. A defesa realmente se manteve muito forte, terminando como a 11th melhor da temporada e a melhor defesa terrestre do ano, mesmo com sua secundária tendo muitos problemas. Mas o ataque... esse nada deu certo. O ataque terrestre melhorou um pouco mas continuou fraco, e o ataque aéreo do time foi uma desgraça sem tamanho, com Geno Smith chegando a ir para o banco em favor de Matt Simms e ser comparado a Mark Sanchez. Mesmo com uma melhora nos últimos três jogos que salvou Geno Smith desse patamar horrível, a temporada do calouro (e dos QBs do time) em geral foi muito abaixo dessa "contribuição mediana de QB" que eu supunha, e a verdade é que o record final de 8-8 do time esconde um Pythagorean Wins de 5.5 vitórias, impulsionado por um record de 5-1 em jogos decididos por uma posse de bola. Então o Jets não está tão perto dos playoffs como parece.

O principal e maior problema é simples: na NFL atual, é possível vencer jogos com um QB mediano se o resto do seu time colaborar (Andy Dalton, Joe Flacco, Alex Smith em 2011, etc), mas é muito difícil vencer se seu QB é ruim, e é nesse patamar que o Jets se encontra atualmente. A equipe foi a duas finais de conferências seguidas porque tinham uma defesa espetacular, um forte jogo terrestre e seu QB conseguiu ficar longe de erros e produzir nas horas pontuais, mas já faz três anos que a descrição do quarterback da equipe não inclui nenhuma dessas coisas. Mark Sanchez foi horrível nos seus dois últimos anos como titular, e apesar de alguns flashes, Geno Smith também teve uma temporada de calouro muito ruim (12 TDs, 21 interceptações, 8 fumbles, 35 QBR). É difícil imaginar o Jets dando a volta por cima sem resolver essa situação de QB e achar pelo menos um profissional competente para conduzir a equipe. Mark Sanchez DEFINITIVAMENTE não é esse cara, e a questão é se Geno Smith pode se desenvolver até esse ponto. Se não, o melhor jeito é se livrar de Sanchez (mais disso em um segundo) e achar outro QB - talvez nessa ótima safra dos próximos dois drafts - para desenvolver.

A boa notícia para o Jets é que eles possuem uma excelente base na defesa e uma boa quantidade de espaço salarial. A linha defesiva do Jets com Muhamad Wilkinson, Damon Harrison e o DROY Sheldon Richardson é possivelmente a melhor da NFL, e é mais fácil montar uma defesa quando sua base é tão dominante. A secundária foi um fracasso em 2013 e o time sentiu falta de pass rush, os dois problemas que o time precisa adereçar nessa offseason, mas a equipe possui os meios para isso. O cap space do time roda em torno de 25M sem nenhum free agent importante para retornar, mas a verdade é que o time pode mais do que dobrar esse espaço se dispensar seus jogadores mais caros. Mark Sanchez, Santonio Holmes e Antonio Cromartie, se dispensados, economizariam 28M na folha salarial da equipe, e com um espaço de mais de 50M livres. Holmes é quase uma certeza que vai ser dispensado; Sanchez só não será se a equipe ainda achar que ele pode integrar um time vencedor, e se acham, estão loucos; e Cromartie é mais difícil porque tem um histórico bom como CB mesmo depois de um 2013 atroz.

Mas mesmo que apenas Sanchez e Holmes sejam dispensados, é a deixa que o time precisa para se reforçar na free agent com jogadores jovens em contratos focados no primeiro ano, de forma a não atulhar a folha para as próximas temporadas. Um contrato longo para um jogador com Alterraun Verner me parece o ideal para a equipe enquanto espera Dee Miliner se recuperar do decepcionante 2013, e essa dupla pode ser dominante por muitos anos. Um pass rusher como Michael Bennett também se encaixaria bem na equipe, embora um linebacker me pareça mais adequado. O time também tem alguns buracos na linha ofensiva, mas é um draft extremamente profundo em OLs e esse problema pode ser resolvido na segunda ou terceira rodada enquanto um pass rusher como Khalil Mack seria o ideal na primeira rodada. O Jets ainda está um pouco longe dos playoffs e precisa resolver seu problema de QB se quiser sonhar com sucesso, mas com uma boa base, bom número de escolhas em um draft profundo nas suas maiores necessidades, e toneladas de espaço salarial, pelo menos a equipe se encontra em boa posição para remontar sua base para os próximos anos.


Buffalo Bills

O Bills é um time interessante que muito pouca gente da atenção. Eles terminaram 6-10 ano passado com uma Pythagorean Expectation de 7-9 mesmo recebendo produção muito ruim de seus QBs e com seu "QB do futuro" perdendo sete jogos por lesão. Eles fizeram isso porque sua defesa, que ninguém deu muita atenção, terminou o ano como a quarta melhor da NFL em DVOA e contou com um grupo extremamente variado e dominante para tal: Marcell Dareus e Kyle Williams foram uma das duplas de linha defensiva mais destrutivas da liga, Mario Williams enfim proveu o pass rush que o time precisava com ajuda do surpreendente Jerry Hughes, Kiko Alonso solidificou muito bem o meio da defesa, e Jairus Byrd é um dos melhores safeties da NFL quando saudável... e isso antes de lembrar o quanto lesões afetaram a secundária desse time, tirando jogadores como Byrd e Stephen Gilmore do time por bastante tempo. Byrd é um free agent que pode voltar ao time, e se for o caso, a base desse time está pronta para 2014 e isso sem contar mais saúde para Gilmore e a evolução de seus jovens talentos. Mesmo com alguma regressão natural esperada para 2014, não temos motivos para acreditar que a defesa vá parar de ser uma potência.

O problema é que onde a defesa solidifica a equipe, o ataque age na direção contrária. Buffalo teve o oitavo pior ataque da NFL, uma decepção para um time que usou uma escolha de primeira rodada em um QB e contava com a dupla Fred Jackson e CJ Spiller. Mesmo com o segundo anista Cordy Glenn emergindo como um LT de elite, a falta de talento ficou clara nesse ataque: apenas Steve Johnson e Jackson tiveram temporadas acima da média, e muitos jogadores bem cotados como CJ Spillman, Robert Woods e Scott Chandler foram grandes decepções, e o time sentiu muito a perda de Andy Levitte. E claro, existe o problema do QB: o Bills, estupidamente, usou uma escolha de primeira rodada em EJ Manuel no último draft com a esperança que Manuel fosse o quarterback do futuro do time, só para Manuel ter uma temporada decepcionante marcada por lesões e incompetência (59% nos passes, 6.4 Y/A, 11 TDs contra 9 INTs e 6 fumbles). QBR da a Manuel um rating de 42, um número bem fraco, enquanto ProFootball Focus o coloca como o terceiro pior QB qualificado de 2013 (na frente de Geno Smith e Chad Henne). E embora seja possível argumentar que uma temporada marcada por lesões tenha atrapalhado tanto seu rendimento como adaptação a NFL, o fato é que as questões irão continuar em torno de Manuel,  e é em torno dele que o sucesso da equipe irá rodar.

Então o caminho do Bills parece bem claro: tendo investido uma 1st round pick e seu futuro em Manuel, eles tem que fazer de tudo para cercá-lo com as melhores condições possíveis para seu desenvolvimento e seu sucesso. O time tem escolhas altas e se (quando?) Kevin Kolb for dispensado o espaço salarial da equipe pode chegar a quase 30M. Embora uma boa parte desses 30M iriam para um possível novo contrato com Jairus Byrd, o time precisa usar o resto para dar a Manuel melhores armas. JAckson e Spiller não vão a lugar nenhum, mas a linha ofensiva precisa de reforços além de Glenn, especialmente no meio se quiserem dar nova vida a esse ataque terrestre. O time também tem investido recentemente em WRs - além do veterano Johnson, Woods e Marquise Goodwin são jogadores jovens que o time vê com bons olhos - mas um alvo como Sammy Watkins ou Mike Evans poderia ser extremamente valioso no desenvolvimento do seu QB (Watkins é o melhor dos dois e encaixa melhor na equipe, mas não deve sobrar na primeira rodada). Em resumo, o ataque sofre com talento além de seus RBs e Glenn, e é isso que o time precisa focar com seu espaço salarial e altas escolhas de draft. Por sorte o time tem uma defesa que não exige tanta atenção (talvez um CB veterano como Dunta Robinson), então as energias podem se voltar para o desenvolvimento do seu franchise QB. Se o ataque terrestre engrenar e Manuel conseguir ser competente, é um time que pode dar muito trabalho com essa defesa em alguns anos.


Baltimore Ravens

Quando eu fiz o preview do Ravens, eu passei 80% do tempo elogiando Ozzie "awesome" Newsome e falando sobre como ele tinha sido inteligente nessa offseason ao não se precipitar em manter seus jogadores a preços absurdos (Paul Kruger foi sólido mas não espetacular em Cleveland, e Dannell Ellerbe foi um dos maiores fracassos dessa última offseason em Miami), ter paciência, e remontar sua equipe com jogadores a salários muito mais razoáveis e desinflacionados, com um grupo defensivo que acabou sendo ainda melhor que o de 2012. Mas eu também destaquei que os recursos de Newsome estavam limitados pelo novo salário de Joe Flacco, e que isso diminuia em muito a sua margem de manobra e acabou custando ao time alguns jogadores importantes, especialmente Anquan Boldin (btw, obrigado por isso, Newsome!). 

Esse novamente vai ser o tema dessa offseason para o Baltimore Ravens: espaço salarial. Reassinando e reestruturando o contrato de Terrell Suggs, o time conseguiu abrir 24M em espaço salarial no momento, um montante que seria bom se não fosse pelo fato de que o time tem um número imenso de free agents importantes prontos para deixar a equipe e que, se o time quisesse manter, teria que dispensar bastante dinheiro para isso e 24M não seria suficiente. A defesa foi muito sólida em 2013, mas em parte pelas excelentes contribuições de James Ihedigbo, Corey Graham e Daryl Smith, e os três estão no mercado buscando um enorme contrato. Ofensivamente, de longe o melhor jogador da equipe foi Eugene Monroe... que também é FA, e o LT com certeza vai exigir um contrato enorme nessa offseason. Dennis Pitta (fez imensa falta em 2013), Michael Oher (fraco em 2013, mas um bom jogador) e Jacoby Jones também podem deixar a equipe. Então 24M vai ser muito pouco para renovar com esses jogadores, achar novos talentos E assinar com suas escolhas de draft. Boa sorte, Ozzie.

Newsome é um dos melhores GMs da NFL avaliando talentos e sabendo exatamente o valor de cada jogador e cada contrato, então não esperem que ele saia renovando com todo mundo de cara. Ele gostaria de manter alguns desses jogadores (imagino que Graham e Monroe sejam as prioridades), sem dúvida, mas não vai morder a isca se algum time desesperado oferecer um valor muito exagerado, como aconteceu com Kruger e Ellerbe ano passado. Se for o caso, Newsome provavelmente deixa sair e vai tentar manipular o mercado como de costume para tentar achar uma barganha de fim de feira. Com o cap tão atulhado, é a alternativa que sobra ao time, e vai ser assim até o final do contrato de Joe Flacco (ou pelo menos uma reestruturação). 

Tirando a parte salarial, o foco do Ravens deve ser reforçar seu ataque para voltar aos playoffs - eles não atulharam a folha salarial e pagaram 120M para um QB MVP do Super Bowl para entrar em reconstrução. Para isso, eles precisam urgentemente reforçar o ataque: a saída de Boldin e a lesão de Pitta expuseram a falta de um bom grupo de WRs (em particular, a falta de um possession WR capaz de conversões curtas no meio da galera, a especialidade de Boldin), a linha ofensiva regrediu ferozmente e foi possivelmente o pior grupo de toda a liga, o ataque terrestre FOI o pior da liga e basicamente uma piada, e Joe Flacco teve sua pior temporada como profissional. Então é, foi um ano horrível para esse ataque. O problema mesmo é que são problemas e buracos demais, e não existe uma solução simples para um time com tão pouca flexibilidade salarial. Os problemas na offseason de RAy Rice podem deixar o time sem RB, mesmo que Monroe renove ainda faltam outros três lugares na linha ofensiva (MArshall Yanda é o outro lugar garantido), e o time precisa urgente de tight ends E WRs para reforçar esse grupo. A equipe não vai conseguir adereçar tudo isso pelo draft (ainda que a linha ofensiva deva ser a grande prioridade em um ano profundo) muito menos pela free agency sem espaço salarial, então Newsome vai ter que fazer sua mágica para conseguir jogadores decentes para essas posições sem gastar dinheiro ou escolhas altas. Não vai ser fácil.


Pittsburgh Steelers

O Steelers de 2013 foi basicamente um time medíocre: um grande QB e um grande WR carregaram o ataque nas costas, mas o time terminou o ano 12th em ataque, 20th em defesa, e 15th em DVOA geral. Para um time que passava por um período de reformulação (especialmente na defesa) depois da idade bater na porta, não foi de todo um ano ruim, e o time ficou a dois erros grosseiros de arbitragem a favor do Chargers (contra o Chiefs na última rodada) de ir para os playoffs mesmo assim. Então foi um ano positivo, e o Steelers gostaria de aproveitar esse bom começo para embalar nos próximos anos.

O problema é que o Steelers também esbarra no problema salarial. Hoje, o time está 6M ACIMA do salary cap, então o time precisa cortar salários só para chegar no patamar aceitável. Isso não é tão difícil de se resolver - é só cortar Levi Brown, por exemplo, e cortar Ike Taylor liberaria mais 7M - mas também precisa lembrar que tem o draft vindo ai (e os calouros exigirão novos contratos) e o time tem alguns free agents importantes por renovar (ou não), incluindo Emmanuel Sanders, Ziggy Hood (esse com certeza sai, vem muito mal nos últimos anos), Brett Keisel e Ryan Clark. Isso limita o que o Steelers pode fazer nessa offseason para reforçar seu time e acelerar o processo de reformulação.

Hoje, o Steelers parece ter dois problemas. O primeiro, como sempre, é a linha ofensiva. A OL foi até competente esse ano bloqueando para o passe, mas continua muito ruim bloqueando para a corrida, o que também atrapalha o desenvolvimento do calouro Le'Veon Bell. Alguma regressão também é esperada, então é uma área que o time deveria focar nessa offseason - embora, é claro, a volta de Maurkice "Free Hernandez" Pouncey e uma temporada saudável de David DeCastro ajudariam bastante já. O outro problema é a defesa em geral. Ela não é horrível em nada, mas também é abaixo da média em tudo: a defesa terrestre é fraca, o pass rush é inconsistente, e a cobertura... bem, vocês sabem. O time tem sobrevivido defensivamente principalmente por conta de boas performances de grandes jogadores (Troy Polamalu, LaMarr Woodley, Cam Heyward, William Gay, etc), mas ainda tem muitas posições de necessidade (mais CBs, um novo MLB e um pass rusher na linha defensiva são as principais) e não vai conseguir adereçar todas elas nessa offseason, embora algumas sejam mais simples de se resolver via draft com uma excelente equipe de desenvolvimento. 

Hoje, o Steelers é um time com boa base que tenta reformular, mas esbarra nos contratos grandes de outrora. A equipe ainda possui um excelente QB e uma base muito sólida, o que com alguma saúde e alguma sorte pode ser suficiente para manter o time competitivo. Mas para continuar essa reconstrução, vai precisar de mais flexibilidade salarial, e mais alguns acertos no Draft não seriam uma má idéia. Larry Foote voltando de lesão e um ano a mais para Jarvis Jones podem ser boas soluções internas para alguns dos problemas dessa defesa, também. Então mesmo que o time dificilmente consiga se reforçar muito nessa offseason, eu tenho algum otimismo quanto ao futuro no curto prazo do Steelers. É um sólido time.


PARTE II SAI EM BREVE!

9 comentários:

  1. Cara,eu tenho uma dúvida...Andei vendo algumas estatísticas e queria saber a diferença entre passer rating,QB rating,rating....É tanto rating que to perdidão.Tem um que parece que é mais recente e outro é uma medição mais antiga.Aliás,qual que é usado no site da NFL?

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    1. Passer rating e rating é a mesma coisa, basicamente. É aquela estatística que na NFL vai de 0 a 158.3, e computa aproveitamento nos passes, jardas por passe, TDs e interceptações. Essa é uma estatística bem antiga, e pra falar a verdade, extremamente limitada que diz muito pouco (e é a usada no site da NFL)

      A mais recente é o QBR, que é uma estatística que a ESPN desenvolveu para melhor calcular o impacto de um QB dentro de uma partida. O QBR não só contabiliza coisas que o Rating não (jardas terrestres, sacks, conversões de descida, etc) como mais importante, ele ajusta para a situação da jogada. Ela vai de 0 a 100, e basicamente ela mede quanto um QB contribui para a vitória de um time. Se ficar mais fácil, pense assim: se um QB produzir como produziu naquele jogou, o time dele tem tantos% de chance de vencer em um vácuo. 50 então seria um QB neutro, que não aumenta nem prejudica as chances da sua equipe de vencer um jogo.

      A diferença entre as duas é que Rating é uma estatística que mede apenas números totais, e QBR mede atuação no contexto. Por exemplo, para Rating, uma pick-six em um jogo empatado tem EXATAMENTE o mesmo peso que uma interceptação em uma Hail Mary faltando 2 segundos de um jogo, enquanto que o QBR vai reconhecer que o Hail Mary é uma jogada que tem chance de sucesso mínima (e portanto, o QB não perde virtualmente nada em QBR) e que a pick-six é extremamente prejudicial a sua equipe. Não é perfeita, mas é muito melhor.

      Um exemplo prático: estatisticamente, Russell Wilson teve uma temporada regular melhor do que Colin Kaepernick... Mas Kaepernick teve um QBR melhor. Isso significa que Wilson teve números individuais melhores, mas esses vieram em situações mais favoráveis (time na frente, boas posições de campo, descidas curtas, etc) enquanto que os n´¨meros de Kap foram piores mas ele teve que conseguí-los em situações muito mais difíceis, e portanto KAp teria sido mais "valioso" para seu time.

      Espero ter ajudado.

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    2. Só complementando, pense em duas situações:

      Situação 01: Time do QB A está ganhando por uma boa vantagem (por exemplo 14 pontos) no segundo quarto. Estão numa primeira descida para 10 jardas, e ele faz um passe curto (a bola viaja umas 3 jardas além da linha de scrimmeage). O recebedor pega a bola, e quebra varios tackles, e consegue mais 27 jardas antes de ser derrubado. O que totaliza uma jogada de passe de 30 jardas.
      Situação 02: Final do 4º quarto, time do QB B perdendo por 5 pontos, está numa 3ª para 20 jardas (devido a faltas do ataque), e ele consegue fazer um passe milimetricamente preciso em que a bola viaja 30 jardas além da linha de scrimmeage caindo no colo do recebedor que é derrubado. Totalizando tbm uma jogada de passe de 30 jardas.

      Para o QB rating (estatistica do site da NFL) ambas as jogadas tem o mesmo peso (um passe de 30 jardas). Mas nem é preciso ser conhecedor profundo de futebol americano para ver que o QB B foi muito mais importante para o time (o QB A tbm teve sua importancia, para ficar claro). O QBR leva em consideração a situação da partida (o placar do jogo, o quarto que estão, qual descida que é, quantas jardas a bola viajou, etc). Não é a estatistica ideal, mas é bem melhor em relação ao QB rating.

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    3. Valeu pelas explicações de ambos,foram muito claros...É incrível como as estatísticas tem avançado e uma coisa que me atrai nos esportes americanos é justamente essa "outra visão" que os caras tem por lá.Aliás,existe algum lugar que vocês recomendariam para acompanhar os números dos jogos,tipo essas estatísticas ajustadas de ataque e defesa que cada time tem?

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    4. Acho que os melhores site não-pagos são http://www.pro-football-reference.com/ e http://www.footballoutsiders.com/
      Há outros sites (melhores do que esses) mas acho que vc precisa pagar para usa-los. Vitor deve saber melhor.

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    5. Adoro o ProFootball Focus, mas é pago para acessar o conteúdo avançado. Esses que o Mugen falou são ótimos também. O da ESPN também é bem completo e da para achar QBR jogo-a-jogo, embora seja uma estatística perigosa em amostras muito pequenas.

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  2. [off topic] vitor, existe algum motivo para os jogos do dolphins ter raramente um bom publico, ou a cidade nao liga para o time mesmo??

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    1. Parte não é uma torcida muito fanática, parte é um time que não é bom ou relevante a muito tempo e acaba desanimando a torcida. Excesso de mediocridade tem esse efeito as vezes, a torcida perde a confiança no time e na diretoria e para de comparecer.

      Mas também tem um efeito local, da cidade de Miami. Miami Heat tinha dificuldade para lotar jogos até no começo da era Big Three também.

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    2. Pois é,sempre achei a torcida do Heat meio morna mesmo...Mesmo com esse timaço deles.Já ouvi falar também que pelo fato de muitos turistas frequentarem a cidade e irem nesses jogos eles acabam tendo muitos expectadores sem uma relação mais próxima com a equipe.

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