Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O caminho dos 32 times na offseason - AFC (parte II)


Meu QB favorito da classe, Bridgewater interessa muito a 4 dos times de hoje


AVISO IMPORTANTE: Para compensar a ausência no final da temporada, e colocar um ponto final decente na boa temporada 2013 da NFL, a idéia é fazer um mega-Mailbag daqui a uma semana. A semana que vem vai ser dedicada a olhar o caminho dos 32 times para o ano que vem, e a idéia então é que só na outra semana a gente faça o Mailbag mesmo. Qualquer tópico é válido, qualquer coisa sobre a temporada regular, playoffs, técnicos, jogadores, Free Agency e etc. Perguntas sobre o Draft também serão respondidas, mas terão menor preferência pois é um assunto que ainda vai ter sua cobertura. Então aproveitem para mandar suas perguntas/dúvidas/comentários finais da temporada para tmwarning@hotmail.com com o assunto "Mailbag", que você pode ver sua pergunta aqui e no Esporte Interativo (perguntas enviadas a Mailbags anteriores e não respondidas também serão respondidas, se ainda relevantes, btw). Então participem e vamos fazer desse último MB da temporada 2013 um sucesso.

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Depois de olhar para o passado - mais especificamente, olhar para nossos palpites de antes da temporada começar e ver quais deram certo e quais foram fiascos homéricos - é hora de olhar um pouco para o futuro de cada uma das 32 franquias da NFL. A temporada 2013 agora é passado,  e estamos entrando na pior época do ano (o tempo entre o Super Bowl e o começo do Draft e da Free Agency, que é quando por bem ou por mal a NFL começa de novo). Então é hora de pegar todos os times da NFL e ver em que ponto exatamente cada um deles se encontra nesse momento da offseason, quando estamos todos recolhendo os cacos de 2013 e se preparando para 2014. Qual a direção que cada time deve tomar para 2014? Quais mudanças devem ser feitas? Quais as incógnitas e quais as certezas? É isso que vamos tentar achar nesses posts. Serão três: um para os times de playoffs, um pra os times que não foram aos playoffs na AFC, e um aos times que não foram aos playoffs na NFC.

Começamos semana passada pelo times que foram aos playoffs e agora tentam voltar a pós temporada. Agora, é hora de falar dos times da AFC que não tiveram a honra de jogar em Janeiro.

Por conta de problemas com o blogger, esse post foi dividido em duas partes. A Parte I - falando de Dolphins, Jets, Ravens, Steelers e Bills - já está no ar desde quarta feira, e agora vamos para a Parte II.


Times da AFC fora dos playoffs (Parte I)


Cleveland Browns

Se tivessem me perguntado em Agosto do ano passado - ou mesmo lá para Outubro - qual era o time ruim que tinha o futuro mais promissor, eu teria dito Cleveland Browns. Jimmy Haslam, dono do time, finalmente tinha demitido sua incompetente e bagunçada gestão anterior e se comprometido com um projeto de gestão estável e moderna a longo prazo, contratando Joe Banner para CEO e Mike Lombardi para GM, duas figuras muito respeitadas ao redor da liga, para comandar essa reconstrução. De técnico novo, diretoria nova e rumos novos, o time ainda tinha uma boa base de talento na sua equipe, deveria ter uma escolha alta em um Draft profundo (check!) e ainda conseguiu assaltar o Colts conseguindo mais uma escolha de primeira rodada por Trent Richardson. Então a combinação de "nova e competente diretoria + escolha alta de draft + escolha extra de primeira rodada + base jovem e talentosa + toneladas de espaço salarial" parecia perfeito para um time que queria enfim sair do fundo do poço.

Bom, essa esperança durou menos de um ano. Hoje, oito meses depois, eu fico me perguntando se exista uma organização mais disfuncional que essa na NFL, decidindo enfim que fica entre Browns e Dolphins (com o Cowboys em terceiro). 

As cartas de "comprometimento a longo prazo", "paciência" e "continuidade" com o novo técnico Rod Chudzkinski foram para o saco antes até do final da temporada, com Chud sendo demitido na Semana 17 algumas horas antes do Sunday Night Football. Os motivos alegados não-oficialmente indicavam dois motivos para a separação: primeiro, que apesar da boa posição no Draft a diretoria esperava mais vitórias da equipe, e segundo que os jogadores não estariam satisfeitos ou não respeitariam Chud. Mas muitos concluíram que era uma tentativa desesperada de Banner e Lombardi para satisfazer Haslam, que não tinha gostado da temporada da equipe, e essa teoria ganhou força quando os próprios Banner e Lombardi foram demitidos pouco depois. E um abraço para o "projeto estável e paciente de longo prazo".

E claro, o time sofreu as consequências. Apesar de ser uma posição em teoria atraente, o Browns teve um trabalho imenso para achar gente que quisesse ocupar as vagas. Nenhum técnico bem cotado de College ou um bom coordenador na NFL vai querer deixar um cargo estável e bem sucedido para ir até um time onde ele não faz idéia do que esperar, sem estabilidade no emprego e a mercê de um dono incompetente. A dificuldade da equipe de repor essas vagas mostra o quão malvista é a organização nos círculos da NFL, e enquanto o Browns não parar de demitir pessoas a torto e a direito para satisfazer seu dono e se comprometer com algo sério e estável - a imagem que quiseram passar em 2013 e que agora ninguém mais está comprando - vai ser difícil a organização dar a volta por cima.

Mas ok, vamos falar do que acontece dentro de campo. Supondo que todos esses problemas de bastidores se resolvam, quem herdar as cadeiras de Lombardi e Chud vai ter uma situação promissora e um tanto desafiadora nas mãos. O Browns é um time recheado de talentos, especialmente na defesa: a linha defensiva com Phil Taylor, John Hughes e mesmo o especialista em corridas Ahtyba Rubin foi muito bem em 2013, Jabaal Sheard vem de um ótimo ano, e Joe Haden e TJ Ward (free agent, mas que deve ficar na equipe) estão entre os melhores CBs e safeties (respectivamente) da NFL. A defesa não foi tão bem assim em 2013, foi apenas um pouco acima da média, mas o talento está ai para fazer grandes coisas quando seus buracos forem tapados: o time não tem pass rush além de Sheard (embora a evolução de Barkevious Mingo e um ano a mais de Paul Kruger possam resolver a questão), a cobertura pelo meio (tanto passe contra corridas) foi muito ruim e vai ficar ainda pior sem o veterano D'Quell Jackson, e a secundária ainda depende demais de Haden e Ward resolverem tudo sozinhos pela falta de ajuda na cobertura. Mas com um cap space que chega a 62M e um caminhão de escolhas de draft - além de suas próprias escolhas, todas altas dentro da rodada (incluindo a 4th overall) o time ainda tem uma 1st round e uma 4th round extras do Colts, e uma 3rd round extra do Steelers - não faltam meios para reparar pelo menos parte desses problemas e tornar essa unidade em uma defesa muito boa.

Mas o problema (ok, um dos) dessa mudança repentina de diretoria é que não sabemos mais qual a direção que a franquia quer tomar. A gestão de Lombardi e Banner deixou claro seu objetivo primário: conseguir um Franchise QB para Cleveland, de preferência pelo profundo draft de 2014 (que ficou menos profundo desde então sem Marcus Mariota, mas enfim), e com a 4th pick e tantas escolhas extras, o time estava em uma ótima posição para realizar seu objetivo. Mas agora que mudou a diretoria, ninguém sabe o que esperar. Será que o time vai manter seu objetivo original, usando sua 4th pick em um dos três QBs mais bem cotados da classe (Bridgewater, Bortles ou Manziel) ou mesmo trocar para subir no draft e escolher o QB específico que eles querem? Será que usarão essa escolha em outra posição (Sammy Watkins?) e tentarão resolver o problema do QB em rodadas futuras? É difícil dizer. O que eu sei com certeza é que o time tem uma excelente linha ofensiva (especialmente se renovar com Alex Mack), dois alvos espetaculares em Jordan Cameron e Josh Gordon, mas precisa urgentemente de um quarterback que possa fazer uso de tudo isso. Um RB e mais alvos são importantes, mas o QB é a peça central que falta para esse ataque.

O problema é que, infelizmente, talvez tudo isso tão promissor dentro de campo signifique muito pouco se os problemas no topo da organização continuarem. Quando uma franquia é muito ruim por muito tempo, muitas vezes não é por acaso...


Tennessee Titans

Como eu sou um ser humano extremamente vingativo, me permitam um parágrafo antes de ir para o que interessa. Ano passado, no preview sobre o Titans, um leitor chamado Diego veio reclamar de forma muito pouco educada do que eu escrevi, ressaltando que "ainda bem que ninguém entra nesse blog". Ele reclamou da minha crítica a decisão do Titans de draftar o Jake Locker, ressaltando que era o QB do futuro do time, reclamou da minha crítica a contratação do Shonn Greene falando que foi uma boa contratação para decolar o ataque terrestre do Titans, e que o Titans ia ser um time bom que estava em ascensão. Depois de terminar 20th em DVOA, de ver a diretoria demitir o técnico, supostamente declinar a player option do contrato de Locker (ainda não oficialmente), Shonn Green não chegar a 300 jardas ou 3.8 YPC, o ataque terrestre continuar medíocre, Chris Johnson estar a beira de ser dispensado, e tudo mais... yeah. So there.

Enfim, Tennessee Titans. Apesar da temporada medíocre, a boa noticia é que o time tem uma base boa de talento em mãos. Depois de investir pesado no ataque nessa última offseason (com sucesso parcial), o time tem uma sólida linha ofensiva, ancorada por Andy Levitre e Michael Roos do lado esquerdo e, apesar da temporada ruim de novato de Chance Warmack (7 sacks e 26 hurries, números muito ruins para um Guard), ele é calouro e o Titans acha (eu concordo) que ele vai melhorar e se tornar um sólido jogador. Eles também tem um grupo de WRs interessante, com Kendall Wright e o promissor Justin Hunter, e Nate Washington saindo de um 2013 muito produtivo. Em outras palavras, parece o cenário ideal para um QB se desenvolver, especialmente considerando que o Titans focou seus esforços nos últimos anos para priorizar o ataque terrestre na força bruta, abrindo assim espaços para o QB. Só tem um problema.

Os RBs da equipe foram atrozes em 2013. Tanto Chris Johnson como Shonn Greene jogaram atrás de uma sólida linha ofensiva, mas ambos tiveram temporadas muito ruins, com ambos ficando abaixo das 4.0 jardas por corrida. Com Greene já tendo se provado ao longo da carreira um jogador mediano e Chris Johnson provavelmente sendo dispensado ainda essa offseason (o que abriria 6M na folha salarial da equipe), a busca do time por essa identidade ground-and-pound parece ter que começar de novo, em uma classe de RBs particularmente fraca no draft. 

E o Titans também tem uma decisão importante para fazer em relação a sua situação de QB. Jake Locker é o atual titular da equipe e foi (dependendo de para onde você olhar) um QB mediano ou um pouco acima da média em 2013, que jogou apenas 7 jogos por lesões e nunca jogou uma temporada inteira na carreira. Locker tem uma player option de 13M para 2015, e uma decisão precisa ser feita até Maio por parte do Titans, mas todos os sinais e reports indicam que o time vai recusar essa opção, e portanto Locker vai ter em 2014 seu último ano de contrato. Claro que nada impede que o time traga o QB de volta como free agent, mas não é exatamente um grande voto de confiança no garoto, e com um técnico novo e uma diretoria impaciente, é bem possível que 2014 seja sua última chance, e não estranhem se o Titans já começar a procurar um plano B nesse draft mesmo.

(Em tempo: porque diabos o Titans, que tem um grande ponto de interrogação na posição de QB, trouxe Ken Whisenhunt para ser técnico, um inteligente coordenador ofensivo que também é o pior técnico da história recente da NFL desenvolvendo jovens QBs?!)

O Titans também esbarra em outra questão, a salarial. O time tem apenas 13M de espaço salarial para 2014, e embora esse número possa chegar a 19M caso CJ seja mesmo dispensado, ainda é pouco considerando que um dos melhores defensores da equipe, Alterraun Verner, é um free agent que vai exigir muita grana no mercado. A defesa do Titans melhorou em 2013 mas ainda terminou 19th em DVOA e 22nd em DVOA ajustado, e agora pode perder dois dos seus melhores jogadores em Verner e Bernard Pollard - e se quiser mantê-los, vai ter que gastar grande parte desse espaço salarial escasso. Considerando que a defesa dependeu DEMAIS de Jurell Casey em 2013 e dificilmente ele vai manter o nível para 2014, o time precisa reforçar o resto das posições se quiser ter chances de continuar evoluindo, e perder seu melhor jovem CB em Verner não ajudaria. E mesmo assim, essa é só a segunda decisão mais importante do time em 2014.


Jacksonville Jaguars

Ah, a tristeza... Pelo segundo ano consecutivo, o Jaguars terminou como um dos dois piores times da NFL em DVOA, e sua Pythagorean Expectation de 3-13 é ainda pior do que seu pobre record de 4-12. E o Jaguars é mais um time preso em uma reconstrução que não acaba nunca.

Um bom exemplo do que faz o Jaguas tão ruim é esse: apesar da falta incrível de talento, o Jaguars tinha 42M do seu salary cap em 2013 comprometido com jogadores que sequer estavam na equipe, consequências de contratos péssimos e gestões incompetentes. Então se vamos começar as boas notícias, é por aqui: esse ano, todo esse dinheiro morto finalmente saiu da folha salarial, o que deixou o time com cap space de verdade, de quase 56M. O dinheiro morto do cap em 2014 é de apenas 6M, e embora esse número deva subir se o time dispensar Marcedes Lewis (3M de dinheiro morto, 5.5M de espaço) ou Uche Nwaneri (2M dinheiro morto, 4M espaço), o Jaguars agora vai ter legítimo espaço para contratar free agents e remontar sua equipe como se deve. Considere esse o primeiro passo, saindo do fundo do poço rumo a algo melhor.

Claro, dinheiro na free agency não é tudo - uma parte dos problemas do Jaguars e todo esse dinheiro morto no cap era justamente gastar dinheiro mal na FA - e o time tem buracos demais para resolver só com contratações, mas é um começo. A verdade é que o Jaguars não tem uma solução, é um time que tem talento de menos e bagagem demais, então precisa começar do zero, passo por passo. E flexibilidade salarial e a terceira escolha no draft não são lugares ruins para começar.

Ofensivamente nada no Jaguars se salva - os únicos jogadores acima da média no time em 2013 foram Cecil Shorts e Justin Blackmon, os dois WRs, e Blackmon foi suspenso pelo ano todo depois de falhar teste para drogas - mas pelo menos agora o time tem a chance de recomeçar, e recomeçar com um QB de verdade. Com a 3rd pick do Draft, o time tem a chance de escolher um dos três melhores QBs dessa classe, e talvez até mesmo ser a primeira equipe a escolher um QB caso Houston decida por Clowney. A busca por um Franchise QB tem sido um problema em Jacksonville, um problema que envolveu gastar uma escolha top10 em Blaine Gabbert (não que eu culpe o Jags por isso, ele era considerado o segundo melhor QB do draft e acharam ele um steal em 10th). E considerando que o time tem excelentes chances de sair dessa primeira rodada com Bridgewater ou Manziel (Bortles definitivamente está na conversa também, mas acho que ele parece demais o Gabbert para o Jags ficar confortável), acho que não vão deixar passar a chance. Para começar um capítulo novo (novo dono, novo GM e novo técnico), nada melhor do que um bom QB.

Fora isso, o Jags não tem muito que esperar em 2014 que não seja outra escolha alta de draft. O time até tem arrumado alguns jogadores interessantes nos drafts dos últimos anos - Shorts e Blackmon são bons jogadores, Luke Joeckel vai ter a chance de jogar na sua posição de origem em 2014, Dwayne Gratz teve ótima temporada de calouro e Johnathan Cypren mostrou algum potencial - e vai precisar continuar acertando e investindo no draft nos próximos anos se quiser montar um time vencedor. E acima de tudo, de paciência. De muuuuita paciência.


Houston Texans

A temporada do Texans em 2013 foi, para mim, a coisa mais inexplicável da temporada. Depois de dois ou três anos de candidato ao Super Bowl, o time chegou em 2013, ganhou dois jogos... e perdeu 14 seguidos, terminando com o terceiro pior DVOA e pior record da temporada. Seus QBs foram um problema magistral, tudo deu errado, e o Texans acabou aproveitando isso para garantir a 1st pick nesse draft extremamente interessante.

A pergunta que fica é essa: existe motivo para pânico no Texans? Para mim, não. Sim, a temporada 2013 foi um desastre, mas temos evidências de sobra de que anos outliers em que tudo acontece no pior cenário possível não necessariamente significam que seu time precise ser desconstruído (ver: Red Sox, Boston). Para mim esse foi o ano do Texans, e não só por ter terminado a temporada 2 vitórias baixo da sua Pythagorean Expectations e pelo óbvio potencial de regressão positiva desse time, eu estou otimista que podem dar a volta por cima em 2014.

Para começar, o time ainda tem uma sólida defesa que conta com o melhor defensor da NFL (JJ Watt) e diversos jogadores bons como Jonathan Joseph, Brian Cushing (quando saudável), e Antonio Smith (mais dele em um minuto), o que é um bom núcleo. A defesa caiu ao longo da temporada por conta de lesões, diversos jogadores jogando muito abaixo do que poderiam (principalmente Brooks Reed), falta de interesse e nenhuma contribuição dos LBs depois que Cushing machucou, mas com algum sangue novo, saúde e alguns reforços pontuais (mais regressão positiva) tem tudo para voltar a ser dominante. Ofensivamente o time se afundou na péssima atuação dos QBs e também em lesões, mas o time ainda conta com um fantástico núcleo da linha ofensiva (Duane Brown, Chris Myers e Brandon Brooks), uma boa dupla de WRs (DeAndre Hopkins e Andre Johnson) e, quando saudável, um bom TE em Owen Daniels. Então a base está em seu lugar, e esse foi um time extremamente sólido por dois ou três anos que manteve a maior parte do núcleo. Não vejo porque de repente todo mundo desaprenderia a jogar. É só encaixar novas peças aonde precisa.

Claro, isso também não significa que vai ser fácil. O principal obstáculo é a questão salarial: o Texans está apenas 9M acima do salary cap, e isso lembrando que Antonio Smith é um free agent e vai exigir um salário alto. O Texans já manifestou desejo de trazer Smith de volta, mas isso vai exigir todo tipo de mudanças no salary cap, e não está fácil criar espaço nessa folha salarial. Os maiores candidatos a dispensa não resolvem o problema porque são jogadores que ou carregam um cap hit alto em caso de dispensa (10.5M do Matt Schaub, 7.5M do Arian Foster, 3M do Whitney Mercillus) ou são jogadores cujo contrato é pequeno demais para ter grande impacto (TJ Yates 600 mil, Brian McCain 900 mil, Derek Newton 1.3M). O time sempre pode pedir para algum jogador como Andre Johnson (16M em 2014) reestruturar seu contrato ou dar a jogadores como Owen Daniels (6M, 4.5 de economia se for cortado), Danieal Manning (idem) ou Kareem Jackson (4.5M salário, 3M economia) um ultimato para aceitar uma redução salarial ou serem dispensados depois de temporadas decepcionantes. Mas entre tudo isso vai ser difícil imaginar o Texans liberando uma grande quantidade de espaço salarial, e o dinheiro (que da para chegar a uns 20M dispensado alguns titulares e mantendo outros) seria principalmente usado para reassinar com Smith e alguns outros FAs menores e garantir o dinheiro das escolhas de Draft. E considerando os buracos que a equipe tem hoje - faltam dois jogadores na linha ofensiva além de Brown/Myers/Brooks, o time pode precisar de um TE novo, o pass rush depende demais de Watt e precisa de mais um componente (especialmente porque Mercillus foi um tremendo bust), a secundária precisa de reforços, e os safeties foram uma desgraça desde que Glover Quin saiu - é difícil ver o time adereçando todos esses problemas de uma vez, seja internaemente ou não.

A vantagem para o Texans é ter a 1st pick do Draft, e com ela eles podem ir em duas direções diferentes. A primeira era resolver seu grande problema atual, e selecionar um QB, seja ele Manziel, Bortles ou Bridgewater. Matt Schaub vem piorando vertiginosamente desde sua lesão em 2011, e não parece ter condições de continuar jogando bem depois de um PÉSSIMO 2013, e Case Keenum não convenceu muito como a solução para a equipe, então substituir essa posição extremaemente carente por um sólido QB jovem pode ser o upgrade que colocará o time de volta na briga pelos playoffs e dar a perspectiva para o futuro que eles procuram. A outra direção é pegar a aberração Jadeveon Clowney, colocar ele do lado o posto a JJ Watt e ter a dupla defensiva mais dominante da NFL nos últimos anos, o que deve resolver boa parte dos problemas de pass rush da defesa e dar uma perspectiva muito melhor para esse grupo em 2014. O problema desse último caminho é que ele ainda deixa a incógnita na posição mais importante do jogo, então a não ser que o time esteja contando com Keenum ou Schaub para segurar a barra no curto prazo, eles terão que resolver esse problema ainda esse ano, talvez aproveitando a profundidade para pegar um jogador como Zach Mettenberger na segunda rodada. Não existe uma direção certa, mas a decisão de como usar essa 1st pick é o que vai determinar quando a equipe voltará a disputar vaga nos playoffs e qual a direção futura da franquia.


Oakland Raiders

Pense em um viciado em drogas pesadas. Ele passou um longo período escravo do vício, desperdiçando seus anos. Enfim ele percebe o problema, e passa por um difícil e sofrido processo de desintoxicação e reabilitação. Por fim, livre do seu problema, ele parte para novos horizontes e recuperar o tempo perdido.

Essa é basicamente a história do Oakland Raiders nos últimos anos. Um dono meio maluco e uma série de GMs incompetentes prenderam o time a uma série de contratos ruins e times medíocres da qual estavam impossibilitados de escapar e mantiveram o time por tanto tempo na mediocridade, só que ao invés de admitir o problema e procurar resolvê-lo, tentaram consertar com mais contratos e drafts ruins e decisões equivocadas, que se tornaram uma bola de neve e mantiveram o time refém dessa mania. Atualmente, o Raiders está passando pela fase de desintoxicação: eles ainda estão em processo de se libertar de todos os jogadores e contratos horríveis que sobraram e limpar seu salary cap. Por fim, concluído isso, o Raiders pode pensar em se reerguer como a franquia importante que é e tentar voltar a ser relevante.

E acho que nada ilustra melhor esse processo de "desintoxicação" do Raiders melhor do que o seguinte dado: ao final de 2013, o Raiders tinha 55.6M do seu salary cap destinado para jogadores ativos na sua equipe... e 56M para jogadores que não jogavam mais pelo Raiders (incluindo Carson Palmer, que não só ocupava 9M da sua folha salarial para jogar pelo Cardinals como custou uma escolha de primeira rodada e uma de segunda). Esse ano esse dinheiro morto cai para apenas 9M, e nenhum desse dinheiro será carregado para 2015 (por enquanto). Então literalmente, o Raiders está tentando se livrar ainda do desastre e das péssimas condições deixadas pelos anos anteriores da franquia.

Feito isso, o Raiders está basicamente na condição do Jaguars, problemas demais para resolver com pouco tempo, mas pelo menos uma escolha boa no draft, uma folha salarial limpa e a chance de um novo começo. Ao contrário dos Jaguars, no entanto, o Raiders não tem um caminho claro até um QB, que seria a primeira peça da reconstrução. Jaguars, Browns e Texans, os três escolhem antes do Raiders, e todos eles possuem necessidades na posição, e portanto o Big Three de QBs pode estar fora do draft antes de chegar a vez do Raiders. Se acontecer, é fácil: escolher o melhor jogador disponível (seja ele Sammy Watkins, Jadeveon Clowney ou Greg Robinson) e esperar o resto do time encaixar em torno disso nos próximos anos. Se algum dos três cair, acho possível que o Raiders se sinta tentado pela ideia de finalmente arrumar um bom QB (algo que o time não tem desde... Rich Gannon?), mas não acho que o time precise ter pressa. Não existe uma saída rápida do buraco para o Raiders mesmo com um bom QB, e é melhor pegar uma certeza do que arriscar em um QB que eles não tem tanta confiança. Eles também podem gastar algum dinheiro para manter alguns dos seus melhores free agents (em particular LaMarr Houston), embora não ache que isso vá acontecer - o caminho do Raiders para o sucesso não é tão curto assim, e acho que a diretoria já teve o suficiente de pagar demais para jogadores que não devia e sofrer com as consequências. 

2 comentários:

  1. Me corrija se eu estiver errado,mas o JJ Watt deve entrar no seu último ano de contrato.Qual peso disso já nessa offseason pra Houston,apesar de não ter de renovar com ele agora?Ele deve pedir um caminhão de dinheiro e com os atuais contratos da equipe eles podem ficar "asfixiados" financeiramente nas próximas temporadas.

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    1. É uma boa pergunta (você devia mandar algumas dessas para os nossos Mailbags, que estão em falta!).

      Sim, é o último ano de contrato dele. Embora ele obviamente vá exigir uma tonelada (que ele merece), alguns motivos me levam a crer que o Texans não estaria tãaaaao preocupado com isso no momento. O primeiro é a falta de flexibilidade - simplesmente não tem muito que eles possam fazer, e poucos contratos expiram junto do de Watt, então não adianta muito desesperar agora. O segundo é que o salary cap está projetado para subir quase 8M em 2014, então como é dinheiro que eles não poderiam oferecer a ninguém hoje, é um alivio salarial. E o terceiro é que o último recurso para eles seria usar a Franchise Tag nele em 2015, o que faria ele jogar um ano com um contrato de cerca de 13.5M (abaixo do que ganharia no mercado) enquanto esperam a offseason de 2016 - quando diversos dos seus contratos caros expiram - para assinar Watt com um contrato longo.

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