Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O que fazer com a D-League?

Essa imagem é perfeita demais pra ilustrar um post sobre D-League

Agradecimentos especiais a Scott Rafferty, pela conversa sobre o assunto e me ajudar a esclarecer alguns pontos, e ao Keith Schlosser pela ajuda com os salários da D-League


Algum tempo atrás, eu fiz um post chamado "Como Melhorar a NFL?", no qual eu ofereci 30 sugestões do que eu mudaria na NFL se fosse o comissário ou simplesmente o manda-chuva. Algumas idéias eram no sentido de tornar a liga em si mais divertida ou engraçada de se acompanhar, mas outras foram coisas absolutamente sérias que eu achava que fariam um bem a NFL como um todo. O post foi um grande sucesso, então eu comecei a trabalhar em um post igual para a NBA.

E meus pensamentos sobre como melhorar a NBA logo voaram para a D-League, porque é uma instituição interessante que não é nem de longe tão bem utilizada como poderia - e deveria - ser. Então minhas primeiras idéias foram no sentido de decidir o que fazer com a D-League, e elas acabaram ficando tão elaboradas e interessantes que ganharam uma coluna própria. O post com as minhas mudanças para melhorar a NBA ainda sairá algum dia, mas primeiro, queria discutir minha idéia para a D-League.

A D-League, para quem não sabe, é a Liga de Desenvolvimento da NBA. Ela surgiu no começo da década passada como uma liga "alternativa" controlada pela NBA, onde jogadores sem espaço na liga principal poderiam jogar, se desenvolver e mostrar serviço para os times da liga principal. Hoje, a divisão conta com 18 times, sendo que 17 são afiliados diretos de times da NBA e o último, o Fort Wayne Mad Ants, é "dividido" entre os outros. 

Durante muito tempo, a D-League foi mais motivo de piada do que outra coisa. Ser mandado para a D-League, enquanto jogador da NBA, era quase que uma humilhação. Mas com o tempo, isso foi mudando, e a D-League foi assumindo um papel mais ativo e sério na vida dos jogadores e da NBA. Com o boom atual de talento, os times tem menos espaços em seus planteis e preferem deixar jovens talentos se desenvolvendo com calma na D-League ao invés de mofar no banco, e com jogadores chegando cada vez mais jovens (e mais crus) na NBA do College, muitas vezes não estão tão prontos assim para contribuir, e ficam na D-League ganhando rodagem e experiência. Eventualmente, a D-League também ganhou dois outros papeis: o de servir de plataforma para veteranos que (por algum motivo) saíram da NBA mostrar seu jogo em busca de algum contrato com a liga (Tyrus Thomas é o melhor exemplo recente), e mais recentemente e mais interessante, de servir de caminho até o Draft. Alguns jogadores que não puderam terminar de jogar na NCAA para declarar para o Draft (geralmente por suspensão ou dispensa da universidade) optaram por terminar a temporada na D-League antes de se declarar para o Draft. Glen Rice Jr foi (até onde eu sei) o Jackie Robinson dessa idéia, mas logo ganhou força: ano passado, depois de ser suspenso indefinidamente em UNC, PJ Hairston jogou o resto da temporada pelo Texas Legends da D-League (associados do Mavericks) antes de se declarar para o Draft, e é muito provável que Robert Upshaw, recém-dispensado em Washington, siga o mesmo caminho até a NBA.

Então já foi mostrado recentemente que a D-League tem espaço para existir. Times estão sendo cada vez mais agressivos procurando talentos lá, e a liga tem ganho mais funções com o tempo que beneficiam os jogadores e a NBA. Mas a D-League não pode parar por ai - ela precisa continuar evoluindo e acumulando cada vez mais papeis, facilitando a vida dos times da NBA e melhorando a qualidade de jogo. Enquanto a D-League tiver algo a oferecer, a NBA precisa continuar explorando as possibilidades. E para mim, se a D-League vai atingir uma forma ideal, o basquete profissional precisa olhar para o lado e aprender as lições da MLB.

No baseball profissional, existem as ligas menores. Temos a MLB, a divisão principal, mas abaixo dela temos a AAA, a AA, e diversas As, várias diferentes ligas "abaixo" da MLB, onde cada time da liga principal possui uma ou mais "afiliadas" e onde mantém seus jogadores em desenvolvimento. No baseball, quando um jogador é escolhido no Draft, raríssimas vezes ele vai ir jogar entre os profissionais. O mais comum é que vá para uma das ligas menores - de acordo com sua habilidade e o quão "pronto" ele está - e lá passe alguns anos treinando, se desenvolvendo e se preparando para o esporte profissional, até finalmente estar pronto e ser "convocado" para a MLB. Jogadores jovens que não estão indo bem na MLB podem ser mandados por um tempo para a AAA ou a AA (as duas mais "altas") para aperfeiçoar algum fundamento ou corrigir alguma falha, enquanto que veteranos em busca de um novo contrato podem assinar um contrato para passar algum tempo nas ligas menores mostrando serviço.

E é isso que, a meu ver, a D-League precisa ser: uma divisão de "base" para todos os times da NBA. Cada time teria o seu afiliado (totalizando, obviamente, 30 times) e, ao invés do formato atual onde os jogadores das D-Leagues assinam contratos com as afiliadas da D-League, as afiliadas e os times principais seriam uma coisa só. 

Como essa empreitada funcionaria? Que bom que perguntou. Aperte os cintos...


Como funcionaria a nova D-League?


- Antes de mais nada, cada time teria que ter um time afiliado. 17 times atualmente já possuem um, então esses não precisam se preocupar. Os 13 restantes criariam sua própria filial até que a D-League totalizasse 30 times, organizados em duas conferências de acordo com a localização geográfica de cada um (para encurtar viagens). Esses 30 times jogariam em um campeonato semelhante a NBA, mas um mês mais curtos e sem os desgastantes 4-on-5. Ao final do campeonato, assim como a divisão principal, os 16 melhores times se classificariam aos playoffs e jogariam séries de cinco jogos até decidir o campeão. A natureza mais competitiva do torneio ajudaria o desenvolvimento dos jogadores.

- Os planteis da NBA expandiriam para 16 jogadores ao invés de 15, com 13 jogadores "ativos" a cada partida - basicamente o que é hoje, com um lugar extra para um inativo que pode ficar no elenco e treinar com o time principal. Cada plantel de D-League teria 20 lugares vagos, com pelo menos 13 sendo obrigatórios de estarem preenchidos.

- Entre os contratos da NBA, nada mudaria - as regras seriam idênticas, os contratos de calouros ainda garantidos, e tudo mais. A única coisa que mudaria nos contratos de divisão principal como são regidos atualmente é a forma como os times poderiam (ou não) enviar jogadores que assinaram um contrato de NBA para suas divisões de "base", sua afiliada na D-League.

Qualquer jogador ainda no seu contrato de calouro pode ser enviado para as ligas menores (e chamado de volta) quantas vezes a equipe quiser, embora seu contrato, naturalmente, continuará contando contra o salary cap do time principal. Jogadores a partir do seu segundo contrato profissional, no entanto, precisam negociar isso ao assinar - qualquer jogador ao assinar seu contrato estipula o total de vezes que pode ser mandado em uma dada temporada para a D-League (com 3 vezes sendo o maior número permitido) e qualquer jogador pode incluir em seu contrato uma cláusula que impede que o time o mande para a D-League. Qualquer jogador enviado a D-League a partir de um contrato profissional de NBA continuaria contando contra o salary cap da equipe normalmente, mesmo se não-garantido (a não ser, claro, que o time o dispense posteriormente).

- A novidade é que agora os times podem oferecer "D-League Contracts" para qualquer jogador que quiserem. Atualmente, os jogadores da D-League assinam contratos com os times da D-League, mas agora tudo será uma coisa só, com algumas peculiaridades salariais. Escolhas de primeira rodada ainda tem garantido um contrato nos moldes atuais (dois anos garantidos + dois team options de acordo com uma escala salarial equivalente a posição que foi escolhido), mas podem negociar (como fez, por exemplo, Josh Huestis) um contrato de D-League se assim quiserem. Jogadores escolhidos fora da primeira rodada continuam nos moldes atuais - podem assinar um contrato como negociarem, tanto de liga principal como de D-League (explicaremos como estes funcionarão em um minuto).

Qualquer jogador draftado depois da primeira rodada tem seus direitos vinculados ao time que o escolheu na hora de assinar seu primeiro contrato, mas se passado o período de negociações pós-Draft time e jogador não tiverem assinado um acordo, o time precisa oferecer um contrato mínimo (um ano, salário mínimo na D-League de 13 mil dólares) para manter os direitos sobre o jogador. O jogador não é obrigado a aceitá-lo, mas continuará com os direitos vinculados ao time até que seja negociado, dispensado ou assine um contrato (nem que seja o mínimo). Se o jogador assinar esse contrato mínimo, se torna um Free Agent restrito ao final de seu contrato (e estará sujeito as regras normais de FAs restritos). Caso o time não queira oferecer esse contrato ao jogador, pode simplesmente renunciar  aos seus direitos, e assim ele se torna um Free Agent.

- Os contratos de D-League funcionariam da seguinte maneira: qualquer jogador que assinar um contrato desses vai direto para a DL, sem passar pelo plantel oficial da NBA, mas suas especificações dependem do tempo de carreira do jogador.

Se for seu primeiro contrato (seja ele uma escolha de Draft ou um jogador não-draftado) profissional, ele pode assinar um contrato de um a quatro anos seguindo o esquema de "tiers" atual da D-League (A, B ou C, que correspondem a um salário anual de 25k, 19k e 13k, respectivamente), mais um S-"tier" de 50.000 dólares reservado a escolhas de segunda rodada - cada time da D-League só pode ter dois contratos S-tier de cada vez no seu elenco. Ao final desse contrato, ele vira um FA restrito. Jogadores que estão assinando seu segundo contrato profissional (ou posteriores) também podem assinar contratos de um a quatro anos, mas só pelos salários dos tiers A, B ou C, e ao final desse contrato viram free agentes irrestritos. Esses quatro anos podem incluir team options ou player options, como na NBA.

- Qualquer time da NBA pode subir a qualquer momento um jogador em um contrato de D-League, mas se ele passar 14 dias (totais e cumulativos ao longo do ano) no plantel principal da equipe, isso ativa uma cláusula em seu contrato e transforma-o em um contrato de NBA. A duração desse "novo" contrato será a mesma restante em seu contrato de D-League, com iguais team/player options, mas agora seu salário anual passa a ser o equivalente a um salário mínimo de NBA MAIS o seu salário na D-League, e o novo contrato inclui o máximo (três) de opções para um time devolver um jogador a D-League. No momento que um contrato de D-League é "ativado" e passa a ser um de NBA, o valor desse contrato passa a contar sobre o salary cap e não pode ser transformado de volta em um contrato menor. O time e o jogador também tem a opção de, quando "ativada" a cláusula, negociarem um novo contrato profissional que substitua o antigo (obrigatoriamente um de NBA, entretanto), seguindo as regras normais da NBA.

- Pegando uma premissa do Scott Rafferty, do crabdribbles.com e do "Upside and Motor", que diz ter pego essa premissa do Reddit NBA, uma boa providência seria expandir o Draft para três rodadas. Considerando que com esse formato todo o "controle" sobre os direitos de um jogador fica mais importante, é uma boa forma de dar aos times uma forma de se antecipar a jogadores menos conhecidos. Além disso, isso também exporia (de uma forma positiva) mais esses jogadores para a mídia e para o público, algo importante para promover a nova D-League e esses futuros talentos em potencial.

- Todo ano, um mês depois do Draft, os times podem "recrutar" para seus times da NBA até dois jogadores da D-League (com contrato de D-League apenas) de qualquer outra franquia da NBA que não estejam em seu primeiro contrato. As condições são simples: uma vez "recrutado" um jogador, ele automaticamente ativa a cláusula que transforma seu contrato de DL em um de NBA, com a diferença que ele não pode ser devolvido a D-League até o fim do ano. O time que detém os direitos do jogador e de seu contrato atual pode "bloquear" o recrutamento, mas se o fizer ELE é obrigado a chamar o jogador para seu time principal e ativar sua cláusula (em ambos os casos, o time que ficar com o jogador pode optar por assinar um contrato novo com ele). É uma forma de impedir que bons e promissores jogadores fiquem mofando muito tempo na D-League por causa de um time que queira economizar, e força a "mobilidade" dos melhores prospectos.

- Jogadores com mais de 6 anos desde que foram draftados também podem optar por outra modalidade de contrato de D-League, chamado "Veteran Contract". O VC é um contrato de um ano, mínimo e não garantido, com uma cláusula especial sobre subidas a NBA. Um jogador em um VC pode ser convocado a qualquer momento do ano por QUALQUER time da NBA, sob as mesmas condições dos outros, e o time que detém originalmente seus direitos pode bloquear essa convocação sob as mesmas condições. A diferença do VC é poder ser convocado por qualquer time a qualquer momento da temporada, tornando-a uma boa opção para veteranos como Tyrus Thomas que querem usar a D-League para mostrar serviço em busca de um time na NBA.

- Quando um jogador na lista dos contundidos perder pelo menos cinco jogos na NBA por conta de uma lesão, ele tem direito a uma passagem de 7 dias pela D-League como "reabilitação", independente do que esteja previsto no seu contrato e quantas opções de "devolução" estejam previstas no mesmo. Essa passagem de reabilitação não conta como uma das três vezes que um time da NBA pode mandar um jogador para a D-League, mas não pode passar de 7 dias. Se passar, ativa uma "devolução".

- Jogadores em contratos de D-League contam como ativos de cada time, e podem ser negociados livremente em trocas. Para efeitos salariais, apenas contam os salários de contratos de NBA, ou seja, os que contam contra o salary cap da NBA.

- Para jogadores que ainda não passaram pelo Draft mas estão fora da NCAA (como aconteceu com PJ Hairston), eles podem assinar um contrato mínimo (ou seja, Tier C, de 13 mil dólares) de um ano com qualquer time da D-League, mas não podem ser chamados para a NBA sob hipótese alguma sem passarem pelo Draft antes. O time cuja afiliada o jogador passou não tem qualquer direito ou exclusividade sobre ele quando ele se declara para o Draft. 


Como isso beneficiaria a NBA?

A NBA (todas as ligas americanas, na verdade. A NBA até não é a pior) não gosta de mudança ou de admitir a necessidade dela. Ela resistiu a entrada de jogadores negros (a regra não-escrita dos anos 50 era que cada time só poderia ter no máximo dois jogadores negros. O único time que desafiava essa "regra" era o Celtics. Adivinhe que time ganhou 8 títulos seguidos?), resistiu a criação de uma linha de três pontos (a ABA já usava uma muito antes), e Larry O'Brien teve que ser CONVENCIDO de que era uma boa idéia criar o Dunk Contest no All-Star Weekend mesmo com Doc J e David Thompson concordando em participar. Mas mudanças acontecem, querendo ou não, e é nosso trabalho nos adaptar a elas.

E a chegada de novos talentos é uma coisa que mudou radicalmente nos últimos anos, tanto para a NBA como para a NCAA. Os jogadores chegam ao esporte profissional muito mais jovens, e também mais crus e despreparados, do que nunca. A mentalidade do one-and-done - do recruta que passa apenas um ano na NCAA antes de ir para a NBA, já que as regras os obrigam - tomou conta do esporte universitário e dos principais recrutas do país. E pior, também tomou conta dos principais times da NCAA. Até times como Duke agora abraçam os one-and-dones, e sabendo que você só contará com seus principais recrutas por uma temporada, os times parecem cada vez menos preocupados em desenvolver seus jogadores, só colocando-os pra jogar durante esse ano, tentando conseguir suas vitórias, e depois seguindo em frente com um novo recruta. Entre a falta de fundamento antes de chegar a NCAA (pelo qual os AAU Camps são parcialmente responsáveis) e a falta de desenvolvimento no College entre as principais universidades e recrutas, cada vez mais jogadores crus chegam na NBA incapazes de contribuir, e cada vez mais bons talentos se tornam jogadores marginais porque nunca aprenderam a jogar basquete de verdade. Não é uma coincidência que todo ano temos menos calouros contribuindo em alto nível na NBA.

A D-League seria uma alternativa para solucionar - ou remediar - esses problemas. Como cada time teria sua afiliada, ela poderia servir como uma plataforma de desenvolvimento, tanto técnico como tático, já que cada time poderia implementar na sua filial seu esquema de jogo da NBA para facilitar sua transição. Ao invés de usar os jogos da D-League apenas como uma forma de não manter os jogadores parados, agora ele terá uma organização inteira por trás dele trabalhando para desenvolvê-lo, treinar seus fundamentos, lhe ensinar o esquema de jogo que precisa aprender. Assim como o baseball faz com a AAA, a D-League passaria a ser uma etapa a mais no desenvolvimento do jogador, entre a AA (a NCAA) e a MLB (a NBA). Alguns jogadores estão prontos para ir direto para a liga principal, mas a grande maioria não está, e muitos ainda precisam de tempo para desenvolver seu talento.

Além disso, como o Spurs prova a 15 anos (e é ignorado) e o Hawks está provando em 2015, a NBA dos últimos tempos está se direcionando cada vez mais para o jogo coletivo, e um esquema tático bem executado é uma arma poderosíssima para um time. Ter grandes defensores ou grandes criadores é ótimo, mas você pode ter um bom ataque ou uma boa defesa se todos seus jogadores conhecerem o esquema tático, executarem suas funções, contribuírem para o coletivo e não tirarem nada da mesa, como o Hawks está fazendo. Milwaukee tem a segunda melhor defesa da NBA mesmo não tendo um grande defensor no seu elenco, e Atlanta e Charlotte já mostraram que é possível montar uma grande defesa em torno de apenas um grande defensor. Executar uma tática da melhor maneira - especialmente para role players e jogadores de banco - é fundamental para um time que quer ser campeão, e agora os times teriam uma forma de "treinar" esses jogadores nas suas "categorias de base" da DL, ou mesmo uma forma de pegar algum jogador do elenco principal e mandá-lo para ficar algumas semanas treinando o playbook do time na D-League, sem que ele fique parado mas sem precisar ficar colocando-o em quadra e prejudicando seu time.

Times também podem usar a D-League não só para desenvolver jogadores e para ensinar fundamentos específicos ou táticas para seus jogadores, como também de laboratório (usar algum jogador em uma posição nova, um novo estilo de jogo, etc) ou mesmo como aprendizado para a comissão técnica. Se tem um jovem técnico ou assistente que quer preparar, pode deixá-lo na D-League, ver como ele implementa o esquema de jogo, ver como ele lida com um ambiente mais competitivo... ou mesmo "desenvolver" também o jovem técnico. Aumenta em muito a flexibilidade e as opções de cada equipe.

A NBA tende a se beneficiar com isso também. Aumentaria o interesse na D-League, poderia servir como laboratório para eventuais mudanças que esteja estudando ("limpar" o aro, mudanças na quadra, etc), e muito mais importante, teria um impacto na qualidade do jogo. Você criaria uma opção  que geraria jogadores mais preparados, com mais tempo para treinar seus fundamentos, o que aumentaria a profundidade e a oferta de jogadores de qualidade na liga como um todo. Você teria times tecnicamente mais bem preparados e mais bem treinados, mais profundos. E você teria, acima de tudo, uma maior e mais eficiente capitalização no talento dos jogadores da NBA. Ao invés de ver jogadores como Tony Mitchell, Chris Walker, McAdoo e tantos outros - talentosos, atléticos, mas crus, o tipo de prospecto que você olha e fala "se aprender a jogar basquete, vai ser fantástico" - se perdendo e nunca chegando a contribuir na NBA pela falta de uma formação adequada, agora você oferece a eles um lugar onde podem tirar essa diferença e talvez realizar a promessa que traziam. Não que eu imagine que de repente tudo vai se encaixar, todos os jogadores com algum defeito realizarão suas limitações e complementarão essas falhas, e a NBA terá 40 All Stars todo ano - a questão é que agora você passa a oferecer uma situação muito melhor e mais elaborada, não só para esses jogadores, mas para os times da NBA em si se tornarem melhores e mais competitivos.

Você da a jovens jogadores uma melhor chance de sucesso, aumenta o nível técnico e tatico da NBA, e da aos times novas ferramentas para melhorar a si mesmo e aos seus jogadores. Tem bastante potencial de melhoria com essa idéia.

Claro, é improvável que aconteça. Isso exigira que vários times que alegam "pobreza" (mesmo com pessoas pagando 600M de dólares por times "ruins" e de mercado pequeno) - desculpa que usam para não ter uma afiliada na D-League - abrindo os cofres e montando toda uma nova estrutura de uma nova equipe (por outro lado, se tem uma hora pra isso acontecer, é agora, que os valores das franquias da NBA estão subindo alucinadamente). Isso exigiria alguns ajustes salariais importantes, especialmente por parte da luxury tax, embora isso também pudesse gerar alguns nichos de incentivo (por exemplo, poderiam descontar salários de jogadores promovidos de contratos da D-League da  multa da luxury tax). E mais central, a NBA odeia mudanças radicais dessas, especialmente uma que envolveria alguns ajustes na estrutura já estabelecida da liga, ainda que mínimos.

Ainda assim, o momento para isso acontecer é agora. O atual ("novo") CBA é extremamente favorável aos times financeiramente, e o valor das equipes está subindo como nunca, então isso vai contra o argumento dos gastos. Além disso, um empreendimento desse tipo criaria empregos para jogadores de basquete e aumentaria os gastos da equipe, então o sindicato dos jogadores pode ver essa como uma medida favorável na próxima negociação de CBA, o que pode dar mais poder de negociação aos donos tirarem ainda mais dinheiro do negócio como forma de "financiar" essa expansão da D-League.

Além disso, a própria D-League, mesmo frágil e ainda menor como é hoje, está ganhando um papel cada vez mais importante e ativo, conforme os times e os jogadores vão descobrindo os benefícios que podem extrair disso. Então o debate sobre como usá-la está mais relevante do que nunca. Mas alguns times estão relutantes e outros estão acomodados, e se a NBA se mover para tornar a D-League uma liga como eu estou sugerindo aqui faria muito por acelerar esse melhor uso, e isso se repercutiria no jogo como o conhecemos. É trabalho da NBA fortalecer seu produto, e essa seria uma medida nessa direção, que beneficiaria os times, o produto e, quem sabe, poderia mudar a vida de muitos jovens jogadores que nunca atingem seu potencial pela falta de uma etapa de desenvolvimento em suas carreiras. 

Um comentário:

  1. Ótimo texto mas me levanta algumas questões
    qtas rodadas tem o draft de baseball?
    Basquete tem jogadores bons o suficiente para aumentar a rodada do draft e criar mais 13 times?
    e outra coisa, além dessas mudanças não poderia haver um aumento do tempo mínimo na faculdade pelo menos 2 anos? Seria bom para os jogadores, para a NBA e provavelmente para as faculdades também.
    e esse sistema da MLB funcionaria mesmo na NBA? Por exemplo os times de lá mandam jogadores novos para as ligas menores e não tem teto salarial, nisso eles podem se dar ao luxo de manter um jovem talentoso treinando lá. Agora como na NBA as primeiras escolhas pesam no teto, isso pode afetar o draft. Deixando jogadores com potencial porem cru serem mais vistos como segunda rodada e os mais prontos para a primeira?

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