Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Introdução - Top 100 prospectos do beisebol 2015



A trajetória profissional dos jogadores na Major League Baseball, desde o draft até o momento no qual eles enfim chegam a jogar nas ligas maiores, é algo que a diferencia das outras duas principais ligas americanas, a NBA e a NFL. Nessas duas, o jogador que é selecionado no draft vai direto para o time principal e já é parte do elenco, sendo usados em jogos e tudo mais. Na NBA alguns jogadores até passam algum tempo na D-League, mas é a exceção e não a regra. O comum é o jogador que já chega da faculdade, é incorporado ao elenco e passa a contribuir desde esse momento.

Na MLB, não funciona assim. Eles possuem o que é chamado de "ligas menores", uma espécie de categorias de base de cada time, mas onde os jogadores não são separados por idade mas sim por produtividade e pelo quanto estão prontos. Quando um atleta é selecionado no draft - seja direto do colegial, ou nos últimos dois anos de faculdade - ele vai para os níveis mais baixos das ligas menores para se aclimatar ao jogo profissional e se desenvolver. Então passa alguns anos nessas ligas menores se desenvolvendo, aperfeiçoando e refinando seu jogo, subindo de nível (ou não) conforme se desenvolve e vai ficando pronto para enfrentar adversários melhores. Até que enfim o time acha que ele está pronto para contribuir nas ligas maiores, e esse jogador pode subir para o time principal, na MLB. E é só ai, depois de um longo processo de desenvolvimento, que ele tem a chance de estrear e começar sua carreira profissional de fato.

Deixando de lado o que isso representa para os times, os jogadores e a MLB em si, para os torcedores isso gera um certo "problema": é muito mais difícil saber no beisebol quais são os jogadores que ainda não estão nas ligas maiores mas que logo causarão impacto por lá. Na NBA ou na NFL, eu sei perfeitamente quais são as jovens promessas do jogo (pois elas já estão lá) e quais as próximas (é só olhar o draft). Mas não no baseball, onde essas promessas estão em ligas menores que pouca gente assiste, não tem transmissão na TV e raramente por links piratas, é mais difícil achar estatísticas ou histórias, e que pouca gente se interessa de modo geral. Então é mais difícil para os torcedores saberem o que esperar do futuro, quais são os próximos grandes craques da liga, como seu time está produzindo jovens talentos, e se um certo time pode esperar coisas boas no futuro próximo.

Para resolver essa questão, uma prática comum nos EUA são os "Top 100 Prospectos", listas especializadas que ranqueiam os 100 melhores prospectos ou promessas das ligas menores, como tentativa de informar aos torcedores tudo isso que eles desconhecem. No entanto, essas listas são poucas, muitas vezes precisando de algum tipo de assinatura ou comprar algum tipo de pacote, e nenhuma delas é em português. Então, um ano atrás, decidimos fazer a mesma coisa, criar um Top 100 Prospectos nosso, com nossos próprios conhecimentos e experiência, e trazê-lo a vocês em português: passamos um bom tempo analisando tudo que podíamos sobre os prospectos das ligas menores, assistindo vídeos, compilando estatísticas, lendo relatos e análises especializadas, e tirando nossas próprias conclusões sobre esses jogadores, para então montarmos a nossa própria lista com os 100 melhores prospectos do baseball no momento. É uma forma de tornar mais acessível e compreensível para o público brasileiro em geral a informação sobre esses jogadores, tão pouco conhecidos e que podem ter um impacto muito grande em um futuro próximo.

O que vocês estão prestes a ler é a forma como nós - Vitor Camargo, do Two-Minute Warning, e Vinicius Veiga, do Spinball Net - decidimos montar essa lista dos "100 Melhores Prospectos" do beisebol, com base em todo tipo de videos, estatísticas e opiniões educadas. Antes de passarmos para os finalmentes e para a lista em si, queria só esclarecer três tópicos: primeiro, explicar exatamente como funciona a lista, quais foram os critérios utilizados e o que isso significa; depois, explicar a forma como estamos apresentando isso, em forma de cartões, e o que significa cada parte do cartão; e por fim, um rápido glossário para quem não conhece ou não está acostumado com os termos e abreviações usados.

Espero que aproveitem.

Sobre a lista

Para compor essa lista, e julgar quais prospectos eram os melhores (e portanto foram classificados melhores) e quais acabaram sendo deixados de fora, usamos principalmente quatro critérios:

a) Potencial - Esse é talvez o mais importante. O que importa para qualquer time não é o que esses jogadores são hoje, quando ainda não estão contribuindo nas ligas maiores. O que importa é o que esses atletas serão quando atingirem esse estágio, e ainda mais, o quão bom eles podem ser depois que chegarem na MLB. Se um jogador tem, por algum motivo, chances realistas de ser um candidato a MVP em algum ponto no seu futuro, pode ter certeza que isso vai ser ótimo para seu valor.

b) Realização - Em outras palavras, o quanto do jogo desse jogador é uma certeza já realizada? Potencial é ótimo, mas o quanto desse potencial vai ser realizado de um jogador é uma incógnita. Quanto mais longe no seu desenvolvimento estiver e quanto mais perto de atingir um nível aceitável esse jogador vai estar, maior será o que já sabemos sobre ele, mais perto de contribuir na MLB estará, e menor vai ser a incerteza em torno do seu futuro. Isso é importante.

c) Risco - Isso está um pouco contido em "realização", mas pode assumir diferentes formas. Um jogador com grande potencial, mas ainda muito cru e longe de atingi-lo, oferece um risco considerável para a organização pois se seu desenvolvimento não ocorrer como esperado, ele não vai ter muito valor para oferecer nesse "pior cenário". Da mesma forma, um jogador avançado e muito próximo das grandes ligas oferece um risco muito menor de fracasso. Risco também pode aparecer sobre outras formas: risco de lesões (para jogadores que tem dificuldade em ficar saudáveis ou que estão vindo de uma contusão séria recente e ainda apresentam dúvidas sobre sua recuperação), risco de personalidade que possa atrapalhar uma carreira, e tudo mais. 

d) Posição - É um simples fato, mas algumas posições são mais valiosas que a outra, seja pelo seu papel defensivo maior, seja pela sua relativa escassez nas ligas maiores. Isso é importante na hora de determinar o valor desses jogadores.


Fizemos também o possível para eliminar fatores de contexto: não importa se um jogador está sendo "travado" na sua organização porque um jogador melhor ocupa a mesma posição nas ligas maiores, o que importa aqui é o valor do jogador para o mercado como um todo, não apenas para seu time.

Claro, é sempre difícil conciliar esses quatro tópicos na hora de avaliar. Naturalmente, entre dois jogadores com mesmo potencial, mas um mais avançado em seu desenvolvimento, ele será mais valioso como prospecto. O mesmo acontece se dois jogadores estão no mesmo nível mas um tem potencial muito superior. E se um for uma realidade maior, mas outro tem mais potencial? E se jogam em posições muito diferentes, ou um está voltando de lesão? Ai que entra o problema, e por isso é tão difícil montar essa lista. Chegamos no que consideramos ser o melhor resultado possível, porém, sempre vai haver alguma discordância ou pessoas que valorizam de forma diferente outros critérios.

Muitos jogadores dessa lista vão decepcionar e acabar abaixo do que falamos sobre eles, outros irão superar em muito seu status, e outros que nem estão nessa lista acabarão fazendo sucesso. Avaliar prospectos é uma das coisas mais difíceis dos esportes, e portanto vamos acertar alguns jogadores dessa lista e errar outros. Até por isso é importante não obcecar demais com a colocação precisa de cada um - obviamente consideramos os prospectos 1-10 muitos melhores que os de 40-50, mas só porque um é 54 e outro 56 não quer dizer que exista muita diferença entre eles. É tudo uma questão de ponto de vista.

Apresentação

Os prospectos estão organizados em formatos de cartas, que trará algumas informações sobre os jogadores para melhor situar os leitores sobre quem eles são, aonde estão na escala das ligas menores, e quais foram suas performances recentes. Esse é o modelo da carta que vai ser utilizado:



No centro da carta, à esquerda, você tem as informações principais sobre o prospecto: seu nome e a posição (ou posições) que ele joga ou projeta jogar ao longo de sua carreira. Logo abaixo, você encontra algumas informações sobre seu desenvolvimento: sua idade, qual o seu braço dominante quando está lançando ou arremessando, qual a organização a qual pertence e, entre parênteses, qual foi a liga mais alta por onde atuou em 2014, para dar uma noção do quão perto das grandes ligas esse jogador está.

No topo, você encontra a foto do jogador em questão. Logo acima da foto, você encontra a colocação do jogador nessa lista. Ao lado disso, você encontra a "sigla" RP, ou seja, "Ranking Passado", que nada mais é que a classificação do jogador na lista dos Top 100 Prospectos lançada em março de 2014. A seta ao lado indica em que direção o jogador se moveu na lista ao longo de um ano, se subiu (verde) ou se desceu (vermelho). Essa é uma boa forma de saber como o valor desse jogador se comportou ao longo dos últimos 12 meses.

À direita da foto, tem um quadro com as estatísticas do jogador no último ano que atuou. Nessa linha, as estatísticas cumulativas (home runs e bases roubadas para rebatedores, entradas arremessadas, strikeouts e walks para arremessadores) valem para todo o ano, somando diferentes níveis por onde o jogador passou. Já as estatísticas relativas são aproveitamento no bastão (AVG), porcentagem em base (OBP), e slugging (SLG) para rebatedores, e ERA e FIP para arremessadores (ver glossário abaixo). Para essas não usamos as do ano todo, e sim as relativas ao nível no qual o jogador passou mais tempo significativo na temporada. Isso também está indicado entre parênteses logo depois do ano. Não necessariamente vai ser o mesmo nível mais alto que ele chegou, indicado no centro da carta, pois depende de qual ele passou mais tempo.

Por fim, temos do lado esquerdo do card uma breve descrição do jogador para situar os leitores, contando um pouco mais sobre suas habilidades, projeções e tudo mais. E ao final da carta, no canto inferior esquerdo, uma comparação com um jogador da MLB. Nesta edição, também decidimos fazer uma pequena homenagem a Oscar Taveras, top prospecto do ano passado que faleceu em 2014.

Sobre a comparação, o "estilo de jogo" do final, queria esclarecer exatamente o que isso significa. Ela nada mais é do que uma tentativa de achar um jogador recente (o ano de corte foi 2000, dando preferência para jogadores atuais) que tenha um estilo semelhante de jogo, seja por possuir o mesmo conjunto de habilidades, as mesmas forças ou fraquezas, ou mesmo uma trajetória semelhante na sua carreira. A comparação não significa NADA em termos de habilidade ou potencial, e nem foi pensada como tal. Só porque um prospecto foi comparado a um certo jogador não quer dizer que tenha o mesmo talento, que vai ser tão bom quanto ele, ou então que não possa ser melhor. Da mesma forma, só porque um prospecto foi comparado a um jogador melhor que outro não quer dizer que esse prospecto seja melhor ou pior. A comparação não foi pensada para ser assim, e portanto é inútil obcecar demais com ela. É só um "guia", mais nada.


Glossário

Esse glossário é para explicar os ternos e siglas usados nessa coluna. Se você já sabe, pode ir direto para a próxima seção e descobrir quais são os 100 melhores prospectos da MLB. As abreviações e termos usados são:

AVG - Aproveitamento no bastão. Conta quantas as idas de um jogador ao bastão renderam rebatidas.
OBP - Porcentagem em base. Mostra qual a porcentagem de idas ao bastão que o jogador chegou salvo em base.
SLG - Slugging. É uma medida de força, quantas bases totais um jogador consegue por ida ao bastão.
SB - Bases roubadas
HR - Home Runs
ERA - Número de corridas que um arremessador cede a cada 9 entradas de jogo
FIP - Estatística que mostra o ERA "real" de um jogador considerando apenas o que ele pode controlar (saiba mais sobre o assunto aqui)
IP - Número de entradas arremessadas por um pitcher
SO - Strikeouts. Número total de rebatedores que um arremessador elimina por strikes
BB - Walks. Rebatedores que um arremessador coloca em base errando os arremessos

Sobre posições
C - Catcher
1B - Primeira base
2B - Segunda base
3B - Terceira base
SS - Shortstop
OF - Jogador do campo externo
LF - Joga no lado esquerdo do campo externo
RF - Joga no lado direito do campo externo
CF - Joga na parte central do campo externo
Pitcher - Arremessador
RHP - Arremessador destro
LHP - Arremessador canhoto
Bullpen - Arremessador que não é titular, que vem do banco durante os jogos

Sobre as ligas menores, do nível mais baixo ao mais alto
R - Rookie
A- - Low-A/Short-season A
A - Mid-A
A+ - High-A
AA - Double-A
AAA - Triple-A
MLB - Major League Baseball, as ligas maiores

(Se quer saber mais sobre os diferentes tipos de arremessos citados na lista, você pode ler mais aqui)


Acho que é isso de enrolação. Vocês estão prontos para ir para a lista de fato, e enfim conhecer os 100 melhores prospectos do beisebol.

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