Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

É hora de aposentar!

O final de carreira perfeito para Kobe Bryant


Enquanto Kobe Bryant concluía sua magnífica carreira com o agora lendário jogo de 60 pontos contra Utah, além de assistindo ao jogo e vibrando com cada cesta, eu estava conversando com o Denis, do Bola Presa. Embora conversar talvez não seja o melhor nome para mandar mensagens incoerentes como "EU NÃO ACREDITO", "ISSO ESTÁ MESMO ACONTECENDO?!" ou "VAI PRA 60!", o fato é que estávamos os dois comemorando e vibrando com o que estava acontecendo e tentar entender se era realmente verdade ou uma alucinação coletiva.

Quando enfim eu me acalmei e voltei a formar sentenças coerentes, eu comentei que essa tinha sido a despedida mais perfeita possível para Kobe Bryant e sua carreira: arremessando 50 bolas, anotando 60 pontos, acertando a bola da vitória, sendo o centro das atenções, com toda a fanfarra e pompa do mundo voltadas para ele. Ele foi o espetáculo, ele esteve no pedestal, e ele brilhou. Foi simplesmente perfeito. 

Ao mesmo tempo, eu comecei a pensar na aposentadoria de outra lenda da NBA ainda em atividade, Tim Duncan, e como a última coisa que ele iria querer no mundo seria uma despedida como a de Kobe. A despedida perfeita para Duncan, na verdade, seria o exato oposto: nenhuma fanfarra, nenhum anúncio, nenhuma festa, nada. O Spurs iria para casa depois de vencer mais um título, e Duncan simplesmente não apareceria mais no ginásio do Spurs até que caísse a grande ficha coletiva. Por mais brilhante que Duncan tenha sido, seria uma aposentadoria tão perfeita para ele como a festa dos 60 pontos foi para Kobe.

Com essa ideia, ficamos nos divertindo um pouco pensando como seria a aposentadoria perfeita para alguns veteranos, até que o Denis sugeriu que eu escrevesse uma coluna a respeito.

Bem, como diria o poeta... Challenge Accepted!

Separei alguns veteranos da NBA, e imaginei como seria a aposentadoria perfeita para encerrar a carreira de cada um deles. Aceito sugestões!


LeBron James: A aposentadoria do King James não será em um jogo oficial de NBA. Depois de passar o ano inteiro mandando indiretas nas redes sociais ("Quando seus companheiros não tem a mesma motivação que você, pode ser hora de reavaliar as escolhas"), King James confirma depois da derrota nas Finais (em um especial de 1h na ESPN, claro) que jogou seu último jogo de NBA, e que se aposentará oficialmente em um jogo comemorativo a ser disputado em Cleveland.

Assim, LeBron finalmente tem a chance de realizar seu sonho e jogar com seus melhores amigos na NBA: Chris Paul, Dwyane Wade, LeBron, Carmelo Anthony e Anderson Varejão (de andador) é o quinteto titular, no time "Amigos do LeBron". Enfrentando esse time está o "Inimigos do LeBron", composto de Kyrie Irving, JR Smith, Paul Pierce, Kevin Love e Joakim Noah. Nesse jogo, James finalmente pode se divertir e ser ele mesmo: jogando giz para o alto, fazendo dancinhas com seus amigos antes do jogo e no intervalo, mandando enterradas fantásticas e no-look passes, dando show e sendo o centro das atenções da maneira geral. Um show incrível, e o cenário perfeito para LeBron poder mostrar uma última vez todos seus talentos excepcionais e chamar a atenção do mundo todo.

O jogo acaba chegando apertado no final, com o time Amigos do LeBron perdendo por 1 nos segundos finais. No lance decisivo, LeBron decide fazer o passe para Chris Bosh acertar a bola decisiva na zona morta, ao invés de arremessar sozinho. As redes sociais imediatamente explodem criticando LeBron por não ser decisivo nem em jogos amistosos, e dizendo que "Michael Jordan teria arremessado a última bola mesmo em um jogo comemorativo!".


Kevin Garnett: Depois que o técnico Tom Thibodeau provoca a ira do camisa 21 ao declarar que Garnett pretende se aposentar ao final da temporada, todos percebem que o jogo final da temporada 2016-17 da NBA é perfeito para a despedida de Garnett, quando seu Minnesota Timberwolves visita o TD Garden e o Celtics, no confronto entre as duas franquias pelas quais Garnett escreveu seu nome na história. Os ingressos para o jogo esgotam em questão de minutos depois de colocados à venda, Boston anuncia que usará a despedida para aposentar o #5 de KG, e milhares de pessoas viajam para Boston para ver a despedida final desse monstro do esporte.

No entanto, dois dias antes desse final dos sonhos, no penúltimo jogo da temporada, Garnett se envolve em uma briga com LeBron James em Cleveland depois de fazer um trash talk de mal gosto envolvendo sua mãe, Delonte West e sua careca. Garnett invoca seu Willis Reed interior e acaba vencendo sozinho todo o time titular de Cleveland na briga, mas acaba suspenso para o último jogo da temporada em Boston.

Depois de muita conversa, pedidos e tudo mais, Adam Silver acaba concordando em anular a suspensão e deixar que Garnett jogue sua despedida. Depois de uma ovação de 10 minutos que atrasa o começo da partida e faz KG se emocionar, Garnett joga 36  minutos, arremessando apenas quatro vezes mas dando oito tocos. Antes do final, no jogo 82 da temporada, com Boston já classificado e Minnesota já eliminado dos playoffs, Garnett ainda tem tempo de surtar com Zach LaVine no final de um jogo com 15 pontos de diferença pelo terceiro-anista ter errado uma rotação na defesa. O vestiário de visitantes do TD Garden, destruído por KG em um acesso de raiva ao final da partida, é aposentado pelo Boston Celtics junto com sua camissa. 


Dirk Nowitzki: Faltando duas semanas para o início dos playoffs e com Dallas dois jogos atrás da oitava vaga do Oeste, é Rick Carlisle e não Dirk quem anuncia que o alemão irá se aposentar ao final da temporada, como uma forma de motivar a equipe para essa reta final. Como tudo que acontece envolvendo Dirk e Carlisle, isso acaba funcionando, e Dallas vence seus últimos jogos para ficar com a 8th seed, garantindo que Dallas irá aos playoffs pela 19a vez consecutiva.

Na primeira rodada dos playoffs, Dallas é derrotado pelo 74-win Warriors, mas não antes de roubar um jogo da série com uma clássica performance de Dirk no G4: 28 pontos em 14 arremessos, inclusive 12 no quarto período. Mas Dallas vence esse jogo não através de uma performance individual legendária de Dirk, e sim através da eficiência que tem sido a força motriz da franquia por tantos anos: usando a gravidade e a movimentação de Dirk longe da bola para gerar espaços e fazer todo o resto do time render ao máximo. Mesmo com a inevitável vitória de Golden State no G5, Dirk encerra sua carreira com uma bola de três no estouro do relógio final, que não muda nada na partida, mas faz Dirk encerrar a sua carreira do jeito certo: uma bola de três, um fist-pump no meio da quadra, e o abraço dos companheiros de times.


Vince Carter: A despedida de Vince Carter não poderia ser em outro lugar se não no Canadá Center. Depois de sua participação no Campeonato de Enterradas - no qual chega na disputa final, mas perde para o tricampeão Zach LaVine - Carter usa o microfone e os holofotes para anunciar que essa será sua temporada final, com seu último jogo sendo o #71 da temporada, pois ele tem intenção de encerrar sua carreira jogando contra o Raptors, time que o revelou. Ainda faltariam 11 jogos da temporada depois, mas Vince mais uma vez coloca a si mesmo na frente do time e faz o que era melhor para ele.

No dia do jogo, Vince Carter é vaiado do primeiro ao último minuto. A torcida de Toronto não para de vaiar. E, como costuma acontecer, isso trás o melhor de Vince à tona: o swingman joga com orgulho e vontade, comanda as ações do jogo e por alguns momentos parece ter voltado o relógio para 2001. Tudo acaba culminando no lance da partida, uma enterrada monstruosa no quarto período em cima de Jonas Valanciunas que quase derruba o ginásio. Vince termina a partida com 43 pontos e a vitória contra seu ex-time.

É o final perfeito para a carreira de Vince Carter: dando show e enterradas fenomenais em um jogo que não vale nada, enquanto é vaiado do começo ao fim por uma torcida que absolutamente o detesta.


Paul Pierce: O jogo final de Paul Pierce não será um jogo comemorativo ou festivo. Ao invés disso, em uma temporada perdida, Pierce pede ao seu time um buyout para que possa terminar a temporada - e a carreira - jogando nos playoffs pelo único time onde faria sentido essa aposentadoria: Boston Celtics.

Pierce acaba aceitando seu papel como líder veterano do elenco, o que a torcida de Boston sempre quis, e não se incomoda de ficar nas sombras. Até que nas Finais do Leste lesões múltiplas forçam o técnico Brad Stevens a confiar no seu veterano para assumir um papel crucial. Pierce faz o seu melhor como small-ball 4, segurando as pontas, acertando suas bolas longas e cobrindo todos os buracos. Com o jogo apertado nos segundos finais, Stevens desenha a jogada final da partida e a bola acaba nas mãos do veterano, que acerta o arremesso decisivo de três pontos no estouro do cronômetro para enviar o jogo para a prorrogação.

Em OT, Pierce e o Celtics não tem fôlego para parar o seu maior rival, LeBron James, e acabam perdendo o jogo. LeBron vai abraçar seu grande rival e, sabendo se tratar do jogo final de uma lenda do time e reconhecendo o esforço da equipe, a torcida aplaude de pé o time por longos minutos mesmo após o fim da partida, e mesmo após os times terem se retirado para os vestiários.

Passados alguns minutos, quando a torcida começava a se preparar para parar de gritar o nome de Pierce, eis que a luz do vestiário do TD Garden se acende, e Pierce volta para quadra em uma cadeira de rodas. Estacionando no centro da quadra, Pierce faz seu último discurso emocionado como jogador da NBA, o anel de campeão na mão direita e o troféu de MVP das Finais no colo, a despedida mais emocionante, arrogante e épica possível para o maior ídolo de Boston da sua geração.


Dwight Howard: Animado com a recente onda de aposentadorias emocionantes e chamativas para ex-estrelas, Howard anuncia que se aposentará ao final da temporada em um especial de intervalo da NBA, onde o pivô aparece vestido de Superman e fazendo graça dizendo que chegou hora de ser um super herói em tempo integral. Ninguém da muita bola.

No jogo final da temporada regular, Dwight se prepara para fazer o que jogadores como Kobe fizeram antes dele, e enfim ter uma desculpa legítima para fazer o que quiser em quadra: entrar em quadra vestido de Superman, dar tocos como se jogasse volei, tentar acertar qualquer ponte aérea, fazer 300 post ups, sair das rotações para buscar seus próprios números, conversar com as celebridades nas cadeiras na beira da quadra, e ser o centro das atenções.

Só que no final de um primeiro quarto no qual Dwight deu três tocos mas cometeu quatro goaltendings, chutou todas as bolas que passaram pela sua mão, não voltou em nenhum contra ataque e seu time está perdendo por 10, seu técnico pede tempo para tentar lembrar ao seu pivô que o time ainda está lutando pela classificação para a pós-temporada e que ele precisa jogar a sério para a equipe ter chance de vencer o jogo. Como Howard não cede, isso o leva a brigar com seu último técnico, e passar os três quartos finais da sua carreira mofando no banco de castigo enquanto o resto do seu time busca a vaga nos playoffs. E, apesar das tentativas, a TNT não contrata Dwight como seu novo comentarista para substituir Charles Barkley.


Rasheed Wallace: Ok, ok, estou trapaceando - Sheed já se aposentou. Mas no meu mundo, ele ve essas despedidas emocionantes e decide que quer uma para ele também.

Para isso, volta a jogar pelo Pistons, e sua emocionante despedida se dará contra o Trail Blazers. Claro, essa emocionante despedida não acontecerá no último jogo da temporada porque Sheed vai perder a paciência com a demora e decidir fazer o evento em um jogo bem mais cedo no ano, para que assim não precise trabalhar o ano inteiro.

Depois da emocionante introdução e vídeo pré-jogo, Sheed entra em quadra sob aplausos. Ao final do primeiro quarto, Sheed já acumula oito bolas de três pontos arremessadas na partida, e uma falta técnica depois de discutir com o juiz que atingir o estômago do adversário com o cotovelo não deveria ser falta. 

No segundo tempo, depois de brigar com CJ McCollum, Rasheed começa a ficar entediado na partida, e depois do seu vigésimo arremesso de três, o ala-pivô começa uma briga embaixo da cesta com Mason Plumlee, eventualmente recebendo sua segunda falta técnica ao xingar o juiz Tony Brothers de "múmia". Antes de sair de quadra, Sheed se dirige ao banco, tira de uma bolsa um cinturão de WWE, ergue acima da cabeça e sai de quadra ovacionado por 30 mil torcedores alucinados, o único final possível para o único ser humano da Terra que conseguiu ser expulso de um jogo McDonalds All-American. 

8 comentários:

  1. Bem legal a ideia, e o pior que eu consigo ver 3 deles acontecendo(um meio forçado...) que são os do Duncan, Nowitzki e Dwight. Esse do Dwight é meio sacanagem seria um jogo que resume bem a carreira e cabeça dele, só que não seria nada do que ele realmente acha perfeito.
    O Zack Randolph ou o Noah tbm seriam bons, e já que teve o Rasheed aposentado o Nash podia ser outro.

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    1. Eu pensei em fazer do Nash, mas só queria usar a gimmick de "desaposentar" alguém uma vez, e achei que a do Sheed tinha mais potencial. Ele foi praticamente o pai dessa ideia, não podia faltar hehe

      Sem falar que pensr na aposentadoria do Nash ainda me dói, e olha que não costumo ser sentimental com aposentadorias =(

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  2. Como seriam as entrevistas depois da partida?

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    1. Eu QUASE coloquei o Ron Artest só para falar da entrevista pós jogo dele, juro!

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  3. Detalhe: aquele momento em que "arremessando 50 bolas" não é hipérbole.

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  4. Sei que é um post cômico, mas achei meio desrespeitoso com o Dwight Howard. Tudo bem que ele tem feito decisões ruins e agido de forma questionável nos últimos anos e sei que suas idiossincrasias podem ser irritantes, mas ele ainda foi o maior pivô dessa geração e um dos maiores de todos os tempos (estatisticamente, ao menos). Acho legal lembrar isso também em um momento que parece que todo mundo esqueceu isso. Ele ainda é um dos meus jogadores favoritos e ainda acho que devia ter sido MVP em 2011, suas decisões subsequentes me fizeram gostar mais ainda dele (sou um hater do Lakers convicto e gostei muito dele tê-los deixado na mão, abrindo caminho para o lixo que eles se tornaram nos anos seguintes.)
    Não é uma crítica, como eu disse, sei que é um post cômico, mas só queria deixar registrado que o Superman ainda tem fãs.

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