Some people think football is a matter of life and death. I assure you, it's much more serious than that.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Preview NFL 2013 - San Diego Chargers


"It's a BAAAAAALL!"


Para saber do que estamos falando aqui e dessas estatísticas, recomendo a leitura desse post antes
Se quiser opinioes e analises sobre o Draft, voces podem ler o Running Diary da primeira rodada ou o manual de como avaliar um Draft na NFL


Nessa série de previews já falamos de 25 times diferentes, incluindo toda a AFC East, South e North e das NFC East, South e North, mais o Denver Broncos. Você pode acessar todos os previews direto do nosso índice. Se você não tem ideia do que estou falando, recomendo que leia esse post introdutório. Btw, a falta de crases nesse texto é porque esse teclado não tem crase, então não reparem, ok?

San Diego Chargers

2012 Record: 7-9
Ataque ajustado: 24th
Defesa ajustada: 18th


Se eu fosse fazer uma lista de grandes times da NFL que escorregaram (ou vão escorregar) pela história e acabar esquecidos, o Chargers da segunda metade dos anos 2000 provavelmente estaria no Top5. Começando desde 2004 (quando Drew Brees era QB), passando por 2006 (14-2 já com Phillip Rivers) e até 2009 (13-3 e favorito ao título da AFC em Vegas), foram seis anos de competição em altíssimo nível e um dos melhores times da NFL todo ano disputando títulos (entre 2004 e 2010, o time terminou apenas uma vez fora do Top10 em eficiência total: 11th em 2009). 

E não é como se fosse uma aberração ano a ano ou um time fraco sendo levado nas costas de um grande QB, era um dos times mais atolados de talento que eu lembro de ter assistido (no Madden 2008, um dos jogos que mais joguei na minha vida, o Chargers era o time com mais jogadores 99 de força no jogo). O ataque tinha um dos melhores RBs da história da NFL em LaDainian Tomlinson e o melhor FB da NFL em Lorenzo Neal, um dos dois melhores TEs em Antonio Gates, um excelente QB em Philip Rivers e uma excelente linha ofensiva que incluia três Pro-Bowlers (Marcus McNeill, Kris Dielman e Nick Hardwick). A defesa também contava com um grupo espetacular, incluindo um grupo imenso de All-Pro/Pro-Bowlers como Jamal Williams, Luis Castillo, Shawne Merriman, Shaun Phillips, Quentin Jammer e Antonio Cromartie (e mais tarde Eric Weddle). Era um time absurdamente lotado de talentos e divertidíssimo de assistir que, infelizmente, vai acabar sumindo historicamente por nunca ter ganho um título ou sequer ter ido a um Super Bowl. Lamentavelmente, a fama de time amarelão que nunca conseguiu ganhar nos playoffs (apesar de tudo que falamos aqui sobre amostras pequenas e o escambau) provavelmente vai ser o que as pessoas lembrarão de um dos melhores times da sua geração.

Para alguém como eu, que cresceu assistindo NFL e acompanhou toda essa trajetória do Chargers conforme ia se envolvendo mais e mais com o esporte (especialmente quando meu time não foi relevante entre 2002 e 2010, situação na qual é comum achar outro time legal para se "apegar"), é triste ver o que aconteceu com o Chargers entre 2011 e 2012, uma grande potência chegando no seu limite e se quebrando a partir daí. E ainda que não foi por conta de uma má gestão, ou de trocas desastrosas que destruíram a equipe, nem nada do tipo: foi um grupo que simplesmente chegou ao seu limite em termos de idade, perdeu alguns jogadores importantes e não conseguiu reposições a altura. LT envelheceu muito rápido chegando aos 30 anos, a carreira de Merriman foi para o saco por conta de lesões, e o resto do grupo - Neal, McNeill, Gates, Williams, Jammer, etc - simplesmente envelheceu e perdeu efetividade, com a maioria se aposentando ou saindo da cidade. É um processo normal, e daquele grupo dominante o único jogador que sobrou foi Rivers, outro que está envelhecendo rápido.

Um dos problemas aqui foi que a diretoria do Chargers optou por não recomeçar e tentar apenas arrumar as peças que iam falhando ou perdendo qualidade, mas não conseguiu fazê-lo: muitos dos free agents trazidos nesses últimos anos fracassaram, em parte porque o núcleo do Chargers não era mais forte o suficiente para poder continuar excelente com jogadores medianos para complementá-los, pelo contrário, precisava de jogadores de impacto maior ao redor para poder continuar produzindo. A equipe também não teve muito sucesso no draft, em parte por azar (Ryan Matthews, que devia substituir LT na equipe, não consegue ficar saudável) e em parte porque alguns jogadores (como Marcus Gilchrist) ainda não renderam os resultados esperados. Não que o time não tenha conseguido alguns bons jogadores, é só que não foi suficiente para adiar essa queda da equipe. Pensando em manter aquele bom time ainda competindo, os últimos anos não trouxeram sucesso, mas quando o foco passa a ser montar um novo time para daqui a pouco, então o Chargers tem conseguido alguns resultados interessantes. Mas chegaremos lá.

Durante esses anos dourados do Chargers - heck, até mesmo em todos os anos dourados do Chargers entre 1980 e 2010 - o ataque foi o ponto focal da equipe, o grande ponto forte em torno do qual San Diego se montou e dominou a liga. Isso é obviamente mais fácil quando você tem um dos melhores RBs de todos os tempos a sua disposição, e LT com certeza teve um papel importante liderando esse ataque durante um bom tempo, mas não foi o único motivo de sucesso do grupo. Mesmo no final da carreira de LT, quando ele decaiu com enorme e triste rapidez (e os números terrestres de SD caíam em queda livre, chegando a um triste 31st em 2009), o ataque se manteve como um dos melhores da NFL por conta de seu ataque aéreo. E se queremos procurar causas para essa perda de competitividade do Chargers nos últimos anos, é por aí que temos que começar.

Durante seu auge, o ataque de San Diego era baseado em um esquema de passes longos que exploravam o forte braço de Rivers e que se utilizava de todos os lados do campo para abrir espaços na defesa. Com WRs rápidos como Vincent Jackson e Chris Chambers, e tendo um TE de elite em Antonio Gates para as recepções garantidas pelo meio da defesa (ou mesmo uma opção fácil de passe em caso de pressão), esse ataque se baseava nos passes em profundidade e em jogadas explosivas seguindo seu estilo ofensivo desde a década de 80, o Air Coryell (o original "West Coast Offense"). E como em todo bom ataque aéreo que foca nas bolas longas, é crucial ter uma boa linha ofensiva que consiga segurar as defesas e ganhar o tempo necessário para os WRs se colocarem em posição de receber essas bombas... e pela maior parte da década, foi o caso do Chargers, cuja unidade liderada por McNeill sempre esteve entre as melhores da liga. Era o pessoal ideal para esse ataque, pois a falta de um WR mais confiável pelo meio era compensada por Gates, e tanto a OL como os WRs eram perfeitos para executar esse estilo de jogo, e o Chargers aproveitou.

Da mesma forma, é fácil ver onde tudo desandou nos últimos dois anos, especialmente 2012. Tudo que fez desse ataque tão especial foi o que fez dele um fiasco recente: os WRs de velocidade começaram a deixar o time (em especial Jackson, que foi para Tampa), idade e lesões tiraram toda a eficiência de Antonio Gates e ele deixou de ser aquela opção ultra-confiável de meia distância (e terceiras descidas), o substituto de LT (Matthews) nunca ficou saudável e o time não achou outra opção, e talvez mais importante, a linha ofensiva da equipe decaiu para um nível horrendo ao ponto de eu ter dito durante a temporada 2012 que "a linha ofensiva do Chargers é a pior protegendo o passe que eu vi em anos, e isso quer dizer alguma coisa" (um mês depois, um estudo do Football Outsiders mostrou que a pior OL da NFL em jogadas de passe foi... wait for it... a de San Diego). E para um ataque que, como já foi dito, era baseado em muitos passes longos e que exigem tempo, a pior coisa que pode acontecer é contar com uma linha ofensiva horrível que não consegue segurar a pressão e força o QB a se livrar da bola muito antes do que ele deveria - especialmente uma equipe como San Diego sem uma boa opção de checkdown como um TE de elite (lamento, Gates) ou um bom slot receiver. Essa destruição da linha ofensiva sem dúvida contribuiu para as recentes performances decepcionantes de Phillip Rivers e do ataque do Chargers, e foi esse o motivo que levou a equipe a ir buscar DJ Fluker no draft e Max Starks em Pittsburgh, de forma a dar algum alívio nesse setor.

Esse nível patético da OL e a falta de bons recebedores é algo que faz questionar em parte o quanto do grande declínio que Phillip Rivers vem sofrendo nos últimos dois anos é realmente uma perda de efetividade do QB, ou se isso pode ser explicado em parte pela queda do nível ao seu redor e o esgotamento de um esquema que tirava o máximo de suas habilidades. A resposta é provavelmente um pouco dos dois: depois de liderar a NFL três anos seguidos (2008-2010) em jardas por passe, Rivers viu seus números no quesito caírem de 8.7 (2010) para 7.9 e depois para 6.8, o que é realmente preocupante. Mas ao mesmo tempo, essa absurda queda da linha ofensiva, o declínio de Gates e a saída dos seus melhores WRs - especialmente junto do fato de que a diretoria pouco ou quase nada fez para repor essas peças - são coisas que chamam muito a atenção, especialmente para um jogador que fez tanto sucesso dentro de um esquema como Rivers. Ele também jogou para um técnico que foi horrível nos últimos anos em Norv Turner, que não soube adaptar o ataque nem tomar boas decisões em campo.  Então enquanto o potencial ofensivo do Chargers seja limitado por uma grande falta de WRs e outro TE além de Antonio Gates, a melhora da sua linha ofensiva e um novo técnico podem ajudar Rivers a voltar a boa forma, então existe motivos para acreditar em uma melhora nesse lado.

Mas se a diretoria negligenciou até certo ponto as necessidades do ataque e observou impotente enquanto o grupo caía de produção, ela certamente fez muito no sentido de reforçar a defesa nos últimos anos. Durante o auge de San Diego nos anos 2000, a defesa não era uma potência, mas era uma unidade bastante sólida. Quando alguns jogadores começaram a sair ou perder efetividade depois da temporada e 2007, a diretoria começou a direcionar seus esforços para esse lado da bola, o que ficou ainda mais evidente em anos recentes: das três escolhas mais altas do Chargers em cada um dos últimos três drafts, sete foram em jogadores de defesa e apenas duas (Fluker e Matthews) em jogadores de ataque (expandindo para quatro anos, foram 9 jogadores de defesa e 3 de ataque). E a verdade é que a equipe montou uma base interessante para esse grupo, que apesar da falta de playmakers que façam sozinhos estragos (pense Von Miller ou JJ Watt) tem achado um bom número de jogadores que realizam todo tipo de função. A linha defensiva parece pronta para o futuro com Corey Liuget (7.5 sacks como DE de uma defesa 3-4) e Kendall Reyes (5.5 sacks como calouro na mesma situação), e a linha defensiva parece bastante sólida com Donald Butler, Manti Te'o, Melvin Ingram e Dwight Freeney, sendo que os três primeiros ainda são bem jovens e tem contratos longos e baratos com a equipe. A secundária é mais problemática, em parte porque Gilchrist ainda não está jogando como esperavam quando o escolheram no draft, mas eles ainda possuem um dos melhores (talvez o melhor) FS da NFL em Eric Weddle.

Esse grupo começou a dar uma boa volta por cima ano passado, quando saiu 29th posição para a 18th em termos de defesas ajustadas, e mais um ano desses jogadores (e a chegada de Te'o) devem solidificar ainda mais esse grupo que é na verdade muito promissor. Se está contando, o Chargers montou uma base com seis titulares jovens e promissores (Liuget, Reyes, Butler, Te'o, Ingram e Weedle), e se pelo menos um desses cinco primeiros conseguir evoluir em uma força considerável para desmontar ataques e provocar dobras na marcação, esse grupo está a apenas um bom CB a virar um grupo muito confiável por anos a fio. Não elite, mas bastante confiável. Potencial não falta, e considerando a boa evolução entre 2011 e 2012, é essa a área que oferece mais otimismo para San Diego. 

Mas a volta por cima ainda provavelmente está alguns anos distante do Chargers. O time mistura um ataque com seu QB veterano, ainda apegando aos velhos tempos, com uma defesa em franca remontagem. Eu espero alguma evolução da equipe para 2013, com uma linha ofensiva reforçada e uma defesa que deve evoluir, mas não o suficiente para recolocar o time como uma força relevante na NFL, especialmente com um ataque sem WR (e com os que tem machucados) e sem um TE confiável e uma linha ofensiva que ainda deve ser abaixo da média (embora repetir o fiasco de 2012 seja difícil). A Pythagorean Expectations da equipe (8-8) e record em jogos decididos por uma posse de bola (1-5) certamente indicam que o time tem espaço para melhorar internamente também, mas vale citar que a equipe enfrentou o terceiro calendário mais fácil da NFL em 2012. Então a equipe deve ser melhor, mas quanto melhor? Acho que outro ano entre 8-8 e 7-9 é o mais provável enquanto a diretoria tenta decidir o que fazer e que caminho seguir, especialmente no ataque: reorganizar o corpo de recebedores e tentar um último hurrah com Philip Rivers, já pensar no próximo ataque para fazer par a essa boa e jovem defesa, ou talvez um meio termo: com essa AFC fraca, é possível imaginar o Chargers arrancando uma vaga de wild card a 9-7 com um pouco de sorte e eventualmente tentando a sorte novamente nos playoffs. Não apostaria minhas fichas, mas não acho impossível, e diria que é no que o GM da equipe está apostando.

3 comentários:

  1. Vamos ver. Espero que o Philip Horrivers dê uma melhorada nessa temporada, pq apesar de todos problemas citados no tópicos, ele também cometeu muitos erros talvez por estar com a cabeça ruim, e nem sempre um jogador de elite que entra em decadência mental consegue se recuperar no mesmo time.
    Enfim, mais um ano que sei que vou sofrer vendo o time.

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  2. [off topic] voce acha possivel uma mudança dos bolts (ou de alguma outra franquia) para LA? ou isso sera um eterno boato, e a nfl nao ira tao cedo ser jogada na cidade dos anjos?

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    1. Acho que Minnesota e Jacksonville (com Saint Louis correndo por fora) seriam as maiores ameaças a se mudarem para LA, mas é um assunto complicadíssimo porque envolve diversos fatores: o custo de realocar uma franquia é bem grande; geraria todo um novo problema de logística; os maiores frutos de uma mudança para um mercado maior como LA viriam só quando o próximo contrato de TV fosse assinado (e deve demorar); e talvez o ponto mais importante e mais esquisito de todos - Los Angeles funciona pra NFL melhor como uma "ameaça" para manter os times focados e gastando e etc. A NFL usa essa possibilidade de realocação para que nenhum time comece a relaxar e deixe de investir num time (ou mesmo uma cidade de ajudar financeiramente, como Jacksonville) e assim diminua valor de um dos ativos da NFL. Por isso para mim essa realocação de uma franquia pra LA, no curto prazo, é só fumaça.

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